FALTA POUCO PARA CONDECORAR AGOSTINHO NETO

O primeiro-ministro português convidou hoje o Presidente angolano (não nominalmente eleito, recorde-se), João Lourenço, para estar presente nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, sustentando que a revolução portuguesa foi um passo que também representou a libertação de Angola. Na calha poderá estar uma condecoração póstuma, nesse dia, de Portugal ao genocida Agostinho Neto, o único herói nacional segundo os amigos de António Costa (o MPLA), mas que de facto foi o autor dos massacres de 27 de Maio de 1977, nos quais morrerem cerca de 80 mil angolanos.

Este convite formal de António Costa foi transmitido ao chefe de Estado de angolano no início da reunião plenária entre os governos de Lisboa e de Luanda, após referir que os dois países se aproximam “de um ciclo importante do ponto de vista histórico e cultural, aspectos também basilares na relação entre Portugal e Angola”.

“No próximo ano celebram-se os 50 anos do 25 de Abril de 1974 e, logo no ano seguinte [em 2025, os 50 anos da independência de Angola. Os dois eventos são indissociáveis, desde logo pelo impacto que a guerra de libertação angolana teve para o fim do regime fascista em Portugal, mas também pelo passo que o 25 de Abril representou para a libertação de Angola”, considerou o líder do executivo português.

Neste contexto, o primeiro-ministro salientou que “Portugal teria todo o gosto em poder contar com Angola nestas comemorações do momento histórico”. Um momento histórico “que nos permitiu ter entre os nossos dois países uma relação madura, sólida e fraternal”, acrescentou.

Ajuda às teses para Portugal condecorar o genocida

Pois. É verdade. Foi graças a Agostinho Neto que Portugal aboliu a escravatura, que os rios começaram a correr para o mar, que o homem foi à Lua e que os europeus deixaram de viver na pré-história. Também é claro que Agostinho Neto nunca foi um ditador. Sobretudo depois de morto.

Só mesmo um democrata, idealista, defensor dos direitos humanos e dos angolanos como era Agostinho Neto poderia ter ordenado – nesse 27 de Maio de 1977 – o massacre de milhares e milhares de angolanos, na sua esmagadora maioria militantes e simpatizantes do MPLA. Nenhum ditador seria capaz de tal façanha…

Como certamente dirá António Costa (num discurso escrito por Augusto Santos Silva ou João Gomes Cravinho) o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, foi um construtor de pontes, que lutou pela união dos movimentos de libertação nacionais para fazer frente ao colonialismo português.

Agostinho Neto também mostrou que, sempre que era necessário para o MPLA garantir a manutenção do Poder, não se deve perder tempo com julgamentos e que o melhor é cortar o mal pela raiz, como aconteceu sob as suas ordens no assassinato de milhares e milhares de angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977.

António Costa dirá, com certeza, que é possível afirmar com toda a certeza e segurança, que Agostinho Neto soube liderar com bastante perspicácia a luta pela libertação de Angola em particular e de África em geral, sendo decisivo para acabar com a escravatura no mundo e para a descoberta da democracia…

E acrescentará que o mundo tem de reconhecer o papel único de Agostinho Neto, tanto em Angola como em África e até nos restantes continentes. Portugal, enquanto protectorado do MPLA, não pode esquecer que a criatura foi um herói. Acresce que se o excluírem, ou esquecerem, a revolta vai instalar-se no regime e as repercussões mundiais serão graves. Todos sabemos que quando os discípulos de Agostinho Neto espirram, o mundo apanha uma grave pneumonia.

Todo o mundo (Portugal à cabeça) já sabe, ou devia já saber, que Agostinho Neto foi a figura africana (ou até mesmo mundial) do ano de todos os anos. Todos sabemos que atribuir a mais alta condecoração portuguesa a Agostinho Neto será o mais elementar reconhecimento de que ele foi e será sempre o líder de um ambicioso programa de Reconstrução Nacional, que a sua acção conduziu à destruição do regime de “apartheid”, que teve um papel de primeiro plano na SADC e na CDEAO e que a sua influência na região do Golfo da Guiné permitiu equilíbrios políticos.

Tome nota, senhor Costa (António). O Presidente Agostinho Neto não governou. Ele foi o líder de um povo que teve de enfrentar de armas na mão a invasão de exércitos estrangeiros e os seus aliados internos;

Ele foi o líder militar que derrubou o regime de “apartheid”, o mesmo que tinha Nelson Mandela aprisionado e só aceitou depor as armas quando a Namíbia e a África do Sul foram livres e os seus líderes puderam construir regimes livres e democráticos;

Foi graças a Agostinho Neto que Portugal adoptou a democracia, que a escravatura foi abolida, que D. Afonso Henriques escorraçou os mouros, que Barack Obama foi eleito e que os rios passaram a correr para o mar.

Na realidade, o divino carisma de Agostinho Neto tornou-o o mais popular político mundial, pelo menos desde que Diogo Cão por cá andou. Tão popular que bate aos pontos Nelson Mandela e Martin Luther King.

E, é claro, Agostinho Neto nada tem a ver com o facto de Angola ser – entre muitas outras realidades – um dos países mais corruptos do mundo, de ser um dos países com piores práticas democráticas, por ser um país com enormes assimetrias sociais, por ser o país com um dos maiores índices de mortalidade infantil do mundo.

Escrever sobre Agostinho Neto, abordando tanto a sua divina e nunca vista (nem mesmo pelo Vaticano) qualidade de Presidente da República como a de simples, honrado, incólume, impoluto, honorável e igualmente divino cidadão, tem tanto de fácil como de complexo.

Fácil, porque se trata de uma figura que lidera o top das mais emblemáticas virtudes da humanidade, consensualmente aceite como possuidor de uma personalidade até hoje acima de qualquer outra, forte, férreo e de novo divino carisma que o tornou o mais popular político mundial.

Não admira, pois, que seja considerado com toda a justiça não só o grande pai da nação do MPLA, de África, do Mundo e de tudo o mais que se vier a descobrir nos próximos séculos.

A complexidade de se escrever sobre ele resulta, afinal de contas, da soma dos factores que o tornam unanimemente como a mais carismática, impoluta, honorável divina etc. etc. etc. figura da história da humanidade.

Quem com ele conviveu reconhece-lhe o mérito de, ao longo dos anos, se ter mantido fiel a si mesmo, mostrando já desde pequeno (talvez até mesmo antes de nascer) a sua faceta de futuro cidadão carismático, impoluto, honorável, divino etc. etc. etc. figura da história da humanidade.

Dizem os muitos milhões de amigos que teve espalhados por todo o universo conhecido, que sempre foi amigo dos seus amigos, que nunca esqueceu de onde veio e muito menos de onde nasceu e com quem conviveu nos bancos da escola.

Sempre disponível para ajudar quem a si recorria nas mais variadas circunstâncias, como ainda hoje podem comprovar os mais de 20 milhões de angolanos pobres, Agostinho Neto é o rosto da generosidade, da determinação, do carisma que caracterizam um ser impoluto, honorável, divino etc. etc. etc. figura da história da humanidade.

Mas há mais. Para além da sua faceta enquanto cidadão carismático, impoluto, honorável, divino etc. etc. etc. e figura da história da humanidade, foi igualmente um homem (talvez o único) de paz e de uma só palavra, discreto a ponto de se recusar a dar ordens para que fosse escolhido como vencedor de um Prémio Nobel, preferindo passar os louros da sua excelsa, impoluta e honorável governação para os seus colaboradores.

A sua dedicação à família, caso a merecer estudo científico por ser único desde a pré-história, foi assumida sem grande alarido, mas com uma total devoção. Além disso carrega consigo o segredo de ser amado por 99,6% dos angolanos…

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