PRESIDENTE (DO MPLA) AFAGA EGOS

O Presidente do MPLA (só seria dos angolanos se tivesse, de facto, vencido as eleições) espera por “melhores conselhos e contribuições” dos membros do Conselho da República hoje empossados, para que possa “desempenhar com zelo e agir com sabedoria” no exercício das suas funções no novo mandato governamental.

João Lourenço, que discursava no Palácio Presidencial, onde conferiu posse aos 23 membros do Conselho da República, no âmbito da nova legislatura, disse esperar por melhores conselhos por acreditar que os indicados sejam bons patriotas.

“Como bons patriotas que são, acredito que posso contar e esperar de vós os melhores conselhos para que eu possa desempenhar com zelo as minhas funções”, afirmou.

“Todos nós estamos interessados em ter uma Angola cada vez mais democrática e próspera que traga o bem-estar para os seus cidadãos, que garanta o desenvolvimento económico e social do país”, frisou.

Antigos conselheiros e novos conselheiros, assinalou, de todos espera “as melhores contribuições, os melhores conselhos” para que “possa agir com sabedoria perante os problemas” que “tiver que enfrentar” no exercício das suas funções.

O Conselho da República, órgão de consulta do Presidente, é composto por 23 personalidades entre políticos, religiosos, empresários, jornalistas e autoridades religiosas e tradicionais.

Fazem parte deste órgão de consulta de João Lourenço, indicados na terça-feira, a vice-presidente da República, Esperança Maria da Costa, a presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, o procurador-geral da República, Hélder Fernando Pitta Gróz.

O Conselho da República integra também todos os líderes dos partidos com assento parlamentar: UNITA, FNLA, PRS, PHA, bem como a vice-presidente do MPLA (+artido no poder desde 1975).

Personalidades do anterior Conselho integram igualmente o novo órgão, nomeadamente os empresários Alfeo Sachiquepa, Manuel António Monteiro e Carlos Cunha, o rei dos Baiacas, António Charles Muanauta Cabamba, e a ambientalista Fernanda René.

Mantêm-se os líderes religiosos Deolinda Dorcas Teca, secretária-geral do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), o reverendo Luis Nguimbi, presidente do Fórum Cristão Angolano, e a líder da Igreja Teosófica Espírita, a profetisa Suzete João.

Foram novamente chamados os jornalistas Ismael Mateus e Susana Mendes, aos quais se junta agora a também jornalista Paula Simons.

Mantêm-se também o escritor Adriano Botelho de Vasconcelos, Jorge Alicerces Valentim (ex-dirigente da UNITA que se juntou ao MPLA) e a académica Rosa Maria Martins da Cruz e Silva. Passa também a integrar o Conselho da República o ex-ministro da Justiça Francisco Queiroz.

COMER E CALAR OU CALAR PARA COMER?

Em Outubro de 2021, João Lourenço afirmou esperar que Isaías Samakuva, a quem o MPLA tinha ordenado que voltasse à presidência da UNITA depois de ter afastado Adalberto da Costa Júnior, tivesse “vindo para ficar” (posse como conselheiro da República).

João Lourenço disse-o conscientemente perante alguém que deveria ter tido a coragem “savimbista” de renunciar a este direito, como deveria ter tido a coragem de não aceitar voltar à liderança da UNITA.

Coragem não era propriamente uma qualidade de Samakuva. Hoje os angolanos começam a ter dúvidas se se Adalberto da Costa Júnior é um político corajoso.

Em Novembro de 2020, João Lourenço convocou Isaías Samakuva, em detrimento do Presidente eleito da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, para abordar questões relativas a manifestação reprimida brutalmente pelo seu Executivo. Samakuva aceitou.

No início de 2021, João Lourenço, pela segunda vez, convidou Isaías Samakuva para participar na actividade da primeira-dama Ana Dias Lourenço, em detrimento do Presidente da UNITA Adalberto da Costa Júnior. Samakuva aceitou.

João Lourenço convidou Isaías Samakuva, Miraldina Olga Jamba, Ernesto Mulato e José Samuel Chiwale, para participar do suposto almoço da paz, em detrimento de Adalberto da Costa Júnior, Presidente da UNITA. Samakuva aceitou.

Como tantas vezes alertou Jonas Savimbi, a UNITA está (umas vezes mais, outras menos) “a dormir e o MPLA está a enganá-la”.

«O que me deixa tranquilo no entanto, é que no contexto actual já não há partidos políticos armados. Hoje os instrumentos de luta são a argumentação política e a justiça para arbitrar caso haja conflito», afirma Paulo Lukamba Gato.

Afirmação errada, como todos os dias se vê e sente. Muito errada e perigosa. Em Angola existe um partido, o MPLA, fortemente armado. Desde logo, e de forma inequívoca, porque as FAA são um instrumento do Estado e o Estado é do MPLA. Ou, como diz o partido que nos governa desde 1975, o MPLA é Angola e Angola é do MPLA. Portanto…

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