O músico angolano Barceló de Carvalho “Bonga” será condecorado a 10 deste mês, em Luanda, pela embaixada de França com as insígnias de Cavaleiro na Ordem das Artes e Letras. A distinção honorífica destina-se em recompensar pessoas que se distinguiram pelas suas obras no domínio artístico.
C om 72 anos de idade, Bonga, nascido em Kipiri, província do Bengo, é considerado embaixador da música angolana. Já foi galardoado internacionalmente com vários prémios ao nível da música, assim como recebeu discos de ouro e de platina, além de actuar em importantes palcos mundiais.
Recorde-se que “Bonga” tem manifestado a sua tristeza por Portugal nunca ter reconhecido o seu trabalho. Isto porque grande parte da sua carreira foi feita em Portugal.
“Eu não quero forçar nada. Quero é que me chamem”, afirma. Admite que por “não entrar em cambalachos”, na área da promoção dos espectáculos, só “de vez em quando” actua agora em Portugal.
Autor e intérprete de música tradicional angolana, “Bonga” atingiu o topo da carreira internacional na década de 1980, e tornou-se no primeiro artista africano a actuar a solo, e em dois dias consecutivos, no Coliseu dos Recreios, em Portugal.
Agora, a distinção que vai receber de França, país que diz que lhe “abriu as portas” e língua em que lançou o primeiro trabalho em 1975, contrasta com algum esquecimento a que a “Mariquinha” ou a “Currumba” – temas popularizados e ícones da carreira de “Bonga” – ficaram votados em Portugal.
“Vou receber agora um dos maiores prémios da Cultura pelo Governo francês. Portugal nunca me deu nada”, desabafa, sem esconder o desalento por não actuar com “aquela assiduidade” no país. “Mas o que tinha a fazer em Portugal já fiz”, afirma. E não foi pouco, acrescente-se.