IRMÃOS UNIDOS (PS E MPLA) JAMAIS SERÃO VENCIDOS!

O Presidente da República, João Lourenço, recebeu hoje em audiência João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal. O político português, que em tempos comparou Jonas Savimbi a Hitler, aproveitou a visita para entregar ao Titular do Poder Executivo, João Lourenço, uma mensagem do seu homólogo português, António Costa, bem como uma cópia da mensagem do secretário-geral do PS, António Costa, ao presidente do MPLA, João Lourenço.

“Desde logo, aquilo que me trouxe a Angola é obviamente a vontade e compromisso forte com o constante melhoramento da relação entre os nossos dois países”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa. Ficou, entretanto, a dúvida se a “mensagem” do líder do PS para o líder do MPLA seria já para o felicitar pela vitória nas próximas eleições de Agosto…

O ministro dos Negócios Estrangeiros Luso disse, em Luanda, que o tratamento dos vistos e o relacionamento económico entre Angola e Portugal são algumas das áreas que importa melhorar na relação entre os dois países. E tem razão. O resto, 20 milhões de pobres em Angola, é perfeitamente uma questão marginal para Lisboa.

João Gomes Cravinho falava aos jornalistas à saída de um encontro com o ministro das Relações Exteriores, Téte António, na capital angolana, país que escolhe como primeiro destino para uma visita bilateral, depois de ser empossado nestas funções, há duas semanas.

“Para Portugal, e para mim, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, o relacionamento com Angola é único e queremos estimulá-lo ainda mais”, declarou, salientando que mais do que um assunto diplomático, a relação entre Portugal e Angola “é um assunto dos povos”.

“Povos” do MPLA, entenda-se. Os outros, os que por exemplo são simpatizantes da UNITA, não contam. E não contam porque, citando João Gomes Cravinho, tiveram (e têm) como herói um Hitler africano (Jonas Savimbi).

No encontro com Téte António foram passados em revista alguns dos aspectos mais salientes da relação bilateral e identificados “caminhos” para concretizar os objectivos nos próximos tempos.

Entre estes, identificou “o trabalho grande” de recuperação da crise originada pela pandemia, pelo que o relacionamento económico “vai ser um dos grandes campos de trabalho” para os dois países.

Foram também identificados “alguns assuntos que precisam de mais agilização”, entre os quais os vistos e o apoio aos empresários.

“Precisamos de melhorar o tratamento dos vistos, em ambas as direcções, mas sobretudo aqui no consulado geral em Luanda. Precisamos de criar melhores condições para que os empresários portugueses possam trabalhar não só em sectores tradicionais, como a construção, mas também em áreas como agricultura, turismo e energia”, disse o ministro, sublinhando o potencial “muito significativo” de Angola.

Gomes Cravinho felicitou também Angola pela forma como tem lidado com a presidência da CPLP e indicou que em Junho haverá uma reunião ministerial da organização “para voltar a tratar de alguns temas”.

Questionado sobre a situação política em Angola, o chefe da diplomacia portuguesa afirmou que “acompanha, como em todo o mundo”, mas considerou que o mais relevante para Portugal é o “estreitamento das relações” dos dois países no campo político, económico, diplomático e humano.

O ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, destacou, por seu lado, “o simbolismo” desta primeira vinda do seu homólogo a Angola, reiterando que esta é uma relação que se quer “desenvolvida em todos os sentidos” e em múltiplas áreas. “Em todas as áreas queremos desenvolver uma relação produtiva com Portugal”, reforçou.

João Gomes Cravinho, ex-ministro português da Defesa, actual dono da pasta dos Negócios Estrangeiros e “militante” honorário do MPLA, é um perito de longa tradição socialista e certamente merecedor de um doutoramento “honoris causa” pelo MPLA. Por alguma razão ele comparou, em Novembro de 2005, em entrevista ao Expresso, Jonas Savimbi (que tinha morrido três anos antes) a Hitler.

Se lhe tivessem perguntado por Agostinho Neto, o genocida que mandou assassinar milhares e milhares de angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977, Cravinho teria dito com certeza que foi um herói. Ainda vai a tempo, é claro!

Recorde-se que a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) de Portugal considerou que o então ministro da Defesa, João Gomes Cravinho (claro!), “estava a abrir várias linhas de guerra” e classificou como “ofensivas” as afirmações do governante sobre ex-chefes militares.

“O senhor ministro (João Gomes Cravinho) está a abrir várias linhas de guerra com que certamente não se irá sair muito bem”, declarou o presidente da AOFA, coronel António Mota, que participava numa conferência de imprensa da EUROMIL, organização europeia de associações e sindicatos militares.

Em causa estavam as declarações do então ministro da Defesa Nacional de Portugal, antigo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, João Gomes Cravinho, que acusou ex-chefes militares de “manobras escusas” para “perpetuar a influência” nas Forças Armadas, declarando não se intimidar em relação às reformas legislativas em curso.

Quanto às declarações do governante socialista, António Mota disse que “para além de serem diárias, são cada vez mais ofensivas”, acrescentando que a associação não desce ao nível do ministro e que este “não tem sequer a mínima noção” do que é ser militar.

O presidente da AOFA insistiu que a reforma em causa, “para além de concentrar excessivamente o poder numa única pessoa”, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), estava baseada numa ideia defendida pelo ministro de “aproximar ou igualar Portugal àquilo que se passa nos restantes países da europa e da NATO”.

“Devolvendo as palavras ao senhor ministro, se aquilo que pretende para as Forças Armadas em termos de estrutura superior é aproximar ou igualar, como ele próprio diz, as Forças Armadas portuguesas às Forças Armadas europeias, designadamente às do norte da Europa, então terá de ter atenção a tudo, e portanto o pacote terá de ser completo”, reconhecendo às associações socioprofissionais portuguesas os mesmos direitos desses países, apontou.

Já o presidente da EUROMIL, Emmanuel Jacob, apelou ao Governo português para que ouvisse as associações e parceiros sociais neste processo.

Escusando-se a comentar em pormenor o conteúdo da reforma em causa, e ressalvando que numa negociação colectiva existem sempre limitações, o responsável defendeu que, “no mínimo”, os parceiros sociais devem ser ouvidos no processo, porque serão eles a executar as leis aprovadas no parlamento.

“As forças militares não se resumem a aviões, navios, tanques ou o que for, incluem também equipamento, pessoal, motivação e trabalho em conjunto”, acrescentou.

O executivo, na senda de tentativas similares por parte de outros Governos, em 2009 e 2014, sempre quis concentrar mais poderes e competências na figura do Chefe do Estado-Maior das FA (CEMGFA), designadamente em termos de comando operacional conjunto dos três ramos da FA (Marinha, Exército e Força Aérea).

Todos os antigos chefes militares (menos um), com o General Ramalho Eanes à cabeça, assinaram uma carta contra a “cravinhada” reforma socialista das Forças Amadas que, disseram, são “ameaças veladas” e de “interesses” nos negócios da Defesa.

“É a primeira vez, em 47 anos de democracia que há uma manifestação de revolta desta dimensão entre as mais altas patentes militares na reforma, e que reflecte o mal-estar nas chefias, hierarquia e fileiras das Forças Armadas”, escreveu o jornal Expresso. João Gomes Cravinho substituiu no cargo outro craque da governação socialista, José Azeredo Lopes, este “envolvido” no processo judicial sobre o roubo de armas de Tancos.

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