O novo embaixador português em Angola, Francisco Alegre Duarte (filho do histórico socialista Manuel Alegre), que hoje entregou as cartas credenciais no Palácio Presidencial, em Luanda, destacou a relação económica “densa” entre os dois países, sublinhando que Angola pode contar com Portugal para apoiar a diversificação económica.
“Sabemos que a diversificação económica de Angola é uma prioridade e disse ao senhor Presidente que podem contar connosco, podem contar com Portugal. O que nós queremos é criar, em conjunto com Angola, um espaço de prosperidade partilhada em que as nossas empresas, a nossa comunidade, a comunidade luso-angolana, ajudem a criar riqueza e emprego”, disse Francisco Alegre Duarte, após receber as cartas credenciais do Presidente angolano, João Lourenço, marcando o início pleno das suas funções.
O embaixador assinalou que a diversificação económica “é ampla” e oferece oportunidades às empresas portuguesas, em vários campos, desde a construção à distribuição, bem como a indústria e o sector agro-florestal.
“Temos uma ligação económica densa que nos une e é estruturante para ambas as partes e resulta da profunda empatia que há entre nós, em termos humanos, afectivos, históricos e culturais”, reforçou.
Francisco Alegre Duarte mostrou-se (quem diria, não é?) “muito feliz” por estar de novo em Angola onde já tinha estado colocado como diplomata.
“Ninguém esquece a cor desta terra, para mim é uma grande responsabilidade e, graças aos meus amigos angolanos, sinto que tenho aqui uma casa, tal como acontece para os angolanos em Portugal”, disse aos jornalistas.
O diplomata sublinhou, por outro lado, que “há muito para fazer” na “relação especial entre Angola e Portugal” que abrange várias dimensões da cooperação governativa, incluindo educação, justiça, defesa, saúde, cultura e promoção da língua, bem como a concertação político-diplomática no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Nações Unidas e União Europeia.
Francisco Alegre Duarte transmitiu igualmente a João Lourenço saudações do seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, como também do seu homólogo primeiro-ministro, António Costa, de quem foi conselheiro diplomático nos últimos dois anos.
O novo embaixador chegou a Angola 1 de Março, em substituição de Pedro Pessoa e Costa. Diplomata de carreira desde 1998, serviu em Timor-Leste (1999), na Missão de Portugal junto das Nações Unidas, em Nova Iorque (2003-2006), em Angola (2009-2012) e Itália (2012-2016), segundo a página da embaixada disponível no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal.
No MNE trabalhou em assuntos europeus, em questões multilaterais (em especial no âmbito da ONU) e relações bilaterais (EUA e Canadá, países europeus).
Nasceu na Argélia, em 1973, e é licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e pós-graduado em Relações Internacionais pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade Técnica de Lisboa.
Foi bolseiro do United Nations Institute for Training and Research, na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. É pai de quatro filhos, autor de livros infantis e filho do histórico socialistas Manuel Alegre.
Para os portugueses que vivem e trabalham em Angola, o embaixador destaca a “força e a solidez da relação” entre os dois países como um resultado da soma dos contributos de todos, nos mais variados sectores.
Recorde-se que o saldo da balança comercial entre Portugal e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) quase duplicou no ano passado face a 2020, melhorando o resultado favorável para 1,3 mil milhões de euros.
De acordo com os dados compilados pelo Instituto Nacional de Estatística de Portugal, o saldo da balança comercial passou de 621 milhões de euros, em 2020, para 1.360 milhões de euros em 2021, essencialmente devido à quebras nas compras a Angola, o principal parceiro comercial de Portugal nos PALOP.
As compras de Portugal a Angola caíram 79,3% em 2021, passando de 389 milhões de euros, em 2020, para apenas 80,6 milhões de euros no ano passado.
Pelo contrário, as exportações para Angola aumentaram 9,4%, subindo de 870,3 milhões de euros, em 2020, para 952,1 milhões de euros no ano passado.
Recentemente (11 de Fevereiro de 2022), o ministro da Indústria e Comércio de Angola, Victor Fernandes, disse que Portugal continua a ser um parceiro relevante, apesar da diminuição das trocas comerciais entre os dois países. Sim, tem razão. A relevância também se mede pelo índice bilateral de bajulação.
“Portugal continua a ser um ‘player’ relevante na troca comercial com Angola e não é só produtos alimentares, são máquinas, é principalmente serviços até. Portugal exporta muitos serviços para Angola, ao contrário Angola importa muitos serviços de Portugal. Houve uma diminuição, mas continua relevante”, referiu Victor Fernandes.
O governante falava no acto de lançamento do “CaféCIPRA”, uma iniciativa do Centro de Imprensa da Presidência da República de Angola, para um diálogo directo e aberto entre governantes angolanos e convidados, que se pretende realizar com uma periodicidade quinzenal.
Quem sai, ou não, aos seus
No dia 30 de Maio de 2010, o então secretário-geral do PS, José Sócrates, propôs, formalmente, o apoio dos socialistas portugueses à candidatura presidencial de Manuel Alegre. “O PS é um partido de responsabilidade” e “não se abstém” perante as principais decisões, afirmou José Sócrates, citado por um dos presentes na reunião da Comissão Nacional do PS.
A digestão poderia não ser fácil, mas não há nada que uns tantos “enos” não resolvam. E, de facto, para digerir tantos sapos, bem foi preciso uma dose industrial. Quer para o secretário-geral do PS, quer para o próprio candidato.
Em tempos, no auge da poética frase “a mim ninguém me cala”, Manuel Alegre escreveu num artigo de opinião publicado no jornal Público, intitulado “Contra o medo”, que era contra “a confusão entre lealdade e subserviência” que, segundo ele, se verificava no Governo de… José Sócrates.
Como diria outro poeta, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. É, e continua a ser, a política “made in Portugal”.
“Há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa História, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE”, escreveu Manuel Alegre, acusando o Partido Socialista de “auto-amordaçar-se”.
Pois foi assim. A partir da sua escolha para candidato presidencial, Manuel Alegre deixou de falar dos “esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE”, passando a elogiar a democracia e o sentido patriótico de José Sócrates e companhia… embora limitada.
Tão limitada que, por exemplo, o presidente da Federação Socialista de Setúbal considerou, na altura, que o PS deveria dar “liberdade de voto” aos militantes.
Acontece que, para a direcção de então, Vítor Ramalho e muitos outros militantes que fazem do silêncio a melhor arma, nada valem. Bem disse o presidente do PS, Almeida Santos: “Se não votamos em Manuel Alegre, votamos em quem?”
Manuel Alegre bem foi perguntando ao longo do tempo à “gente que passa, por que vai de olhos no chão. Silêncio — é tudo o que tem, quem vive na servidão”. E na servidão vivem muitos socialistas.
É claro que quando a servidão é relativa aos outros é um defeito abominável, no entanto, quando é a favor dos nossos é uma das mais nobres qualidade.
Um ano antes, Abril de 2009, o presidente do PS, Almeida Santos, considerou que a direcção do partido não deve a Manuel Alegre o pedido de desculpa público exigido pelo deputado socialista.
“Ele tem direito às suas opiniões, eu tenho direito às minhas”, declarou Almeida Santos à agência Lusa. Entre o PS talvez seja assim. Quem não tem direito a opiniões diferentes são os portugueses de segunda (todos aqueles que não são do PS).
No programa “Quadratura do Círculo” da SIC Notícias, transmitido a 23 de Abril de 2009, Manuel Alegre disse estar à espera de um pedido de desculpas público do primeiro-ministro, José Sócrates, bem como da direcção do PS.
Mesmo sendo do PS, Manuel Alegre teve de esperar sentado. É que com Sócrates não havia pedidos de desculpa a ninguém.
O dirigente socialista relembrou as declarações de José Lello, que o acusou de “falta de carácter” e “falta de solidariedade”, em reacção à vontade expressa por Manuel Alegre de ser candidato independente a deputado, se tal fosse possível.
É de espantar, aliás, que Manuel Alegre acreditasse que o PS tem capacidade para pedir desculpa. Alegre deveria saber que, sendo dono da verdade, o cidadão José Sócrates só poderia pedir desculpa ao secretário-geral do PS, José Sócrates, e este só pode pedir desculpa ao primeiro-ministro, José Sócrates. Tal como hoje acontece com António Costa.
Foto: Manchete do “Notícias Lusófonas” de 30 de Maio de 2010
FILHO DE ALEGRE SABE DA PODA | Jornal Folha 8
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