SÓ FALTA A RÚSSIA MANDAR O CHEQUE

O vice-presidente da Câmara Africana de Energia (CAE) em Angola, Verner Ayukegba, defende que a agricultura, a infra-estrutura logística, as telecomunicações e tecnologias, e o sector financeiro são os quatro sectores que deverão receber mais investimento externo. Vladimir Putin já garantiu que, depois de arrasar a Ucrânia, vai investir no reino do MPLA. Só impõe uma condição: Angola apoiar a agressão à Ucrânia. Simples!

Num artigo publicado no site da CAE, uma organização destinada a captar investimento em África, principalmente na área energética, o vice-presidente em Luanda escreve que a queda dos preços do petróleo a partir de 2014 “desencadeou a percepção de que o modelo económico de confiança excessiva num sector que há muito tempo tem sido a fonte de milhares de milhões de dólares para Angola e levou o país a tornar-se uma das maiores economias de África precisava de mudar”.

A diversificação económica, acrescenta, levou o Governo a lançar reformas dentro e fora do sector petrolífero, e os quatro sectores-chave “que se espera venham a testemunhar investimentos e crescimento rápido nos esforços de diversificação em curso incluem a agricultura, infra-estrutura logística, telecomunicações e o sector financeiro”.

A economia de Angola está fortemente assente no petróleo, que representa mais de um terço do Produto Interno Bruto e mais de 90% das exportações, mas o Governo tem aprovado um conjunto de reformas para reduzir a dependência desta matéria-prima e evitar o impacto das oscilações dos preços internacionais, que nesta altura estão acima dos 110 dólares por barril, quase o dobro do previsto no Orçamento Geral do Estado para este ano.

“A fim de mitigar o risco de choques externos nos preços do petróleo, bem como reduzir a dependência do país das importações” Angola está, diz a CAE, “a reforçar os esforços para diversificar a economia para além do petróleo e do gás, não só através da ampliação da sua base industrial, oferecendo incentivos fiscais, programas especiais para promover a agricultura, atrair investidores estrangeiros e a criação de zonas de livre comércio, mas também criando mais oportunidades de emprego para a população jovem e em rápido crescimento do país”.

Na agricultura, Verner Ayukegba destaca que “apesar dos desafios trazidos pela pandemia, o sector agrícola de Angola registou um crescimento superior a 5% nos últimos dois anos, oferecendo boas perspectivas de desempenho futuro”. Consta que os peritos do MPLA já terão chegado à conclusão que os portugueses tinham razão quando plantavam as couves com a raiz para baixo…

As infra-estruturas logísticas, fundamentais para o desenvolvimento económico, são (isto é como quem diz!) outra das apostas de Luanda, não só a nível nacional, mas também podendo ser um centro de distribuição a nível regional, beneficiando da localização estratégica da capital angolana.

A terceira área que deverá receber mais investimento externo, prevê Verner Ayukegba, é a das tecnologias e telecomunicações móveis: “As telecomunicações móveis e o acesso à Internet são um catalisador para o crescimento das empresas e do empreendedorismo, e ao ampliar e actualizar as redes de telecomunicações, o Governo procura capacitar as empresas para se tornarem mais eficientes e para que o comércio electrónico estimule o crescimento económico”.

Sobre o sector das finanças e banca, Verner Ayukegba diz que, depois da turbulência que se seguiu à queda dos preços petrolíferos, em 2014, e que lançou o país para uma recessão económica da qual só agora saiu, o sector oferece boas oportunidades.

“As regras que restringem a propriedade no sector bancário foram flexibilizadas e são susceptíveis de ver investimento no sector de bancos estrangeiros que procuram aumentar a sua pegada africana”, concluiu o empresário, destacando que estes e outros sectores estarão em destaque na edição deste ano da reunião sobre o Petróleo e Gás de Angola (Angola Oil & Gas 2022), agendada para o final do ano.

Promover a Agenda Africana de 2063

Em Novembro de 2019, o Ministério das Relações Exteriores (MIREX) disse pretender continuar a sua estratégia de promoção e inserção competitiva de Angola no contexto internacional e de tirar as maiores vantagens da cooperação internacional, de modo a elevar sempre a qualidade de vida dos angolanos.

A intenção foi expressa pelo então ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, numa mensagem de felicitações por ocasião do Dia do Diplomata Angolano.

Segundo o governante, o Governo angolano, liderado pelo MPLA há 46 anos, tem vindo a conduzir uma diplomacia virada para a captação do investimento estrangeiro privado que ajude o processo de diversificação da economia, “para qual encorajamos todos os diplomatas a contribuir de forma efectiva e eficaz”.

O ministro afirmou que Angola vai manter o seu importante papel no processo de pacificação em África, em particular nas regiões onde está inserida, nomeadamente a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a Comissão do Golfo da Guiné (CGG), a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) e a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL).

O ex-ministro entendia também que o país continuará a contribuir activamente para a identificação mais eficiente das causas dos conflitos e eliminação do espectro da violência através da diplomacia preventiva.

Promover a Agenda Africana de 2063 e contribuir para a realização da Paz e Segurança no continente e noutras regiões do mundo (estaria o MPLA já informado que o que querido líder internacional, Vladimir Putin, iria atacar a Ucrânia?), faziam parte dos desafios do Ministério das Relações Exteriores.

Manuel Augusto deu na altura a conhecer que o MIREX iria manter os esforços necessários com vista a dar seguimento ao programa de redimensionamento das Missões Diplomáticas e Postos Consulares, ajustando assim, o funcionamento destas à actual conjuntura económica e financeira do país.

Para o efeito, de acordo com Manuel Augusto, o país aposta numa política de diplomacia da paz (com excepção do que faz a Rússia), por via de mecanismo de prevenção e resolução de conflitos, diálogo permanente, e promoção da cooperação bilateral com os países vizinhos, baseado nos princípios da igualdade, das vantagens recíprocas e do respeito pela soberania, nos sectores de economia real, visa apoiar a estratégia de diversificação da economia nacional.

Manuel Augusto reconheceu o trabalho de figuras que se notabilizaram na diplomacia pelo seu servir com espírito de missão e dedicação patriótica e que, por isso, o tempo jamais os apagará na história da diplomacia Angolana, nomeadamente de Paulo Teixeira Jorge, Afonso Van Dúnem M’binda, Pedro de Castro Van-Dúnem “Loy” e Venâncio de Moura.

Recordou também antigos titulares da pasta das Relações Exteriores nomeadamente José Eduardo dos Santos, João Bernardo de Miranda, Assunção dos Anjos e Georges Rebelo Pinto Chikoti, e de outros servidores da diplomacia.

O Dia do Diplomata angolano foi adoptado em 2010 pelo IV Conselho Consultivo do Ministério das Relações Exteriores (MIREX), em função de a 12 de Novembro de 1975 se ter formado o 1º Governo da República Popular de Angola e a criação do Ministério das Relações Exteriores, através da promulgação do Decreto-Lei nº 1/75, que permitiu a afirmação de Angola na comunidade internacional, como Estado independente e soberano, instituindo as suas estruturas próprias, com vista a defesa da política externa do novo País.

Folha 8 com Lusa

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