O filósofo cabindense Francisco Zau Tati denunciou, durante um debate organizado pela OMUNGA, que as populações de Cabinda consomem, em muitas áreas e regiões, água contaminada, fornecida pelo sistema público.
E sta denúncia surge, para contrariar alguns projectos governamentais previstos para 2015/16, “Água para Todos”, rememorados pelo economista Filomeno Vieira Lopes, no painel “Políticas Públicas de Desenvolvimento de Cabinda”, abordados durante a discussão sobre o desenvolvimento da região.
“Foi brilhante a apresentação de Filomeno Vieira Lopes, mas é estranho, pois o aflorado como sendo parte de políticas públicas de desenvolvimento, são, para nós, uma novidade, por não se reflectirem na vida quotidiana das populações”, disse o advogado Francisco Luemba.
Cabinda, para além de ser rica em petróleo e outros recursos, é também em recursos hídricos. No entanto o governo não tem apostado nesta fonte inesgotável, tanto para a melhoria do fornecimento de água potável as populações, como também energia eléctrica.
A opção do governo tem sido a captação de água, através da feitura de furos no subsolo, por empresas estrangeiras contratadas. Estas, omitem os riscos, face aos lençóis de crude, que se misturam com os de água, logo uma poção química imprópria para o consumo humano.
Na maioria das zonas perfuradas, existe no solo e subsolo um gás bastante letal, denominado H2S e nelas só é aconselhável, inclusive o trabalho humano, por um período de oito horas, quando atinge 10PPMs e aos 20PPMs ele se torna mortífero.
É o que acontece, actualmente, nos bairros 1º de Maio e 4 de Fevereiro, junto da igreja IEBA, e na área do antigo Assuntos Sociais.
“O governo inaugura hoje um fontanário numa aldeia, sai água nesse dia e no dia seguinte as pessoas têm de descer ao rio, para ir acarretar água”, afirma.
O sulfureto de hidrogénio, ou gás sulfídrico ou sulfidreto, é um gás, com odor de ovos podres e carne em decomposição, em solução aquosa chamado de ácido sulfídrico. É solúvel em água e é um composto corrosivo, venenoso e gasoso no seu estado natural que consiste em dois átomos de hidrogénio e um de enxofre. Encontrado no gás sintético do carvão, no gás natural e nos tipos de petróleo que contêm enxofre.
O H2S dissolvido em água comporta-se como um ácido inorgânico fraco, formado pela ionização do H2S em água e com bases fortes, forma sais, os sulfetos. É um gás muito encontrado na indústria petroquímica e de refinação de petróleo, onde determina-se que todas as actividades devem ser paralisadas quando existir uma concentração maior que 8 ppm (partes por milhão) na atmosfera local. Ele ocorre naturalmente no petróleo cru, gás natural, gases vulcânicos, e mananciais de águas termais (próximas a vulcões). Também pode ocorrer como resultado da degradação bacteriana de matéria orgânica em condições anaeróbicas. Se gera a partir de alguns aminoácidos ou pela redução de sulfatos presentes em microrganismos sulfatoredutores.
O sulfeto de hidrogénio é levemente mais pesado que o ar; uma mistura de H2S e ar é explosiva. Sulfeto de hidrogénio e oxigénio queimam com uma chama azul para formar dióxido de enxofre e água.
Queima ao ar, quando nas condições adequadas, produzindo, igualmente, dióxido de enxofre e água:
Quanto as ocorrências o H2S surge de virtualmente qualquer enxofre elementar que entre em contacto com material orgânico, especialmente a altas temperaturas. Ele pode estar presente naturalmente em água de alguma qualidade.
O sulfeto de hidrogénio é um gás altamente tóxico e inflamável (faixa de inflamabilidade: 4.3 % – 46 %). Sendo mais pesado que o ar, tende a acumular-se no fundo de espaços pobremente ventilados. Embora de odor muito pungente ao início, rapidamente enfraquece o sentido do olfacto, assim as vítimas potenciais podem não estar cientes da sua presença, até que seja tarde demais. É um veneno de largo espectro, o que significa que pode envenenar diferentes sistemas no corpo, embora o sistema nervoso seja principalmente afectado. A toxicidade do H2S é comparável com aquela do cianeto de hidrogénio. Ele forma uma ligação complexa com o ferro nas enzimas citocrómicas mitocondriais, impedindo assim a respiração celular.
Em algum nível limítrofe, que se acredita na média em torno de 300–350 ppm, as enzimas oxidativas tornam-se sobrecarregadas. Muitos detectores de segurança pessoal de gás, tais como aqueles usados por trabalhadores da indústria petroquímica e em esgotos, são configurados para emitir sinais em níveis tão baixos quanto 5 a 10 ppm e para entrar em alarme em 15 ppm.
Uma pista interessante de diagnóstico de intoxicação extrema por H2S é a descoloração de moedas de cobre nos bolsos da vítima. O tratamento envolve inalação imediata de nitrito de amila, injecções de nitrito de sódio, inalação de oxigénio puro, administração de broncodilatadores para superar eventuais broncoespasmo, e em alguns casos terapia de oxigénio hiperbárico (TOH). A terapia TOH tem apoio anedotal e permanece controversa.18 19 20
Exposição a baixas concentrações podem resultar em irritação do olho, dor de garganta e tosse, náuseas, falta de ar e líquido nos pulmões. Estes efeitos são atribuídos como devidos ao facto de que sulfeto de hidrogénio se combina com as substâncias alcalinas presentes em tecidos da superfície húmida para formar sulfeto de sódio, um cáustica.
A longo prazo, baixo nível de exposição pode resultar em fadiga, perda de apetite, cefaleias, irritabilidade, perda de memória e vertigens. Exposição crónica abaixo nível de H2S (aproximadamente 2 ppm) tem sido associada com aumento de problemas de saúde reprodutiva e aborto entre os trabalhadores.
Recorde-se que um despejo de resíduos tóxicos contendo sulfeto de hidrogénio tenha causado 17 mortes e milhares de intoxicações em Abidjan, na Costa do Marfim, no incidente do despejo de lixo tóxico em 2006.
Em 1975, uma explosão de sulfeto de hidrogénio em Denver, localizada nos condados de Yoakum e Gaines, Texas, conduziu a legislatura do Estado a legislar sobre os perigos mortais do gás. O representante estadual E L Short de Tahoka no Condado Lynn, conduziu o endosso de uma investigação pelo Texas Railroad Commission e pediu que os moradores fossem avisados “batendo nas portas, se necessário” do perigo iminente decorrente do gás. Pode-se morrer da segunda inalação de gás, e um aviso em si pode ser tarde demais.