O SIC (Serviços de Investigação Criminal) diz-se disposta, melhor, colocou-se, na linha da frente, o que não tem sido normal, para realizar a autópsia ao corpo do jornalista, Salgueiro Vicente, 35 anos de idade, encontrado morto na sua residência.
Por Fernando Vumby (*)
A urgência nessa disponibilidade é suspeita e se pergunta: a quem visa convencer, sendo que, na maioria das vezes, o regime protege criminosos, colocando os seus actos sem credibilidade a nível nacional e internacional.
Assim, essa autópsia que credibilidade pode e deve merecer? Nenhuma! Falo por mim, quem ainda dorme em pé que continue… a dar credibilidade a essa gente, pois cada um é livre e tem o legítimo direito de acreditar ou não até mesmo no inacreditável se bem entender.
Esta da autópsia do SIC é mais uma manobra de diversão para a plateia impotente e quase resignada, porquanto este jovem foi envenenado e não seria difícil comprovar isso se Angola fosse um país onde o partido no poder prestasse contas ou se sentisse obrigado a fazê-lo.
Assim, deste jeito que já dura quase há 50 anos, dá para questionar as possibilidades de mudança, quando se sabe que ela não passa pelo voto, com um regime de criminosos.
Como acreditar no SIC (das mais criminosas do ramo policial), se nem o Tribunal Constitucional (TC) tem credibilidade, bem como as demais instituições judiciais e públicas, existentes no país.
Se bem pesados e medidos, detalhadamente, o relato de todas as mortes com a sua assinatura, são silenciadas, como são as mediáticas mortes e ou desaparecimento de corpos, como o de Milocas (não aparecem pistas, mas o SIC sabe, onde foi enterrado); onde estão os SIC, assassinos de Mfulupinga, Ricardo de Melo, Serra Van Dunem, engenheiro Brito, Mariano Adriano Sebastião, oficial da polícia, também, encontrado morto, em casa.
Igualmente o que o grupo de assassinos, alojado no SIC, já fez para desvendar as mortes do jovem empresário, António Jaime, baleado entre a cadeia de São Paulo de Luanda e a Cidadela, a de Casimiro Carbone? Nada! Nem autópsia nem os assassinos, tão pouco os mandantes.
Mas, até mesmo no seu seio se desconfia da seriedade do SIC, como é o caso da família Rescova e tantos outros, que não acreditam nessa lenda da autópsia, por não passar de mera manobra de diversão, onde se transforma o perdão em mercadoria e o genocídio em acontecimentos banais.
Em Angola sob regime do MPLA, sei do que falo, os assassinatos (mortes) espreitam e podem ocorrer em todos os cantos e atingir diferentes actores políticos e não só considerados incómodos, quando não são liderados por bandidos treinados (SIC e Companhia), alguns encomendados, pela própria polícia, a delinquentes com passe.
Diante deste quadro, quem pode acreditar em autópsias de um órgão parcial e talhado pelo regime, para matar e encobrir os mais hediondos assassinatos?
Ainda que mobilizem, como de outras vezes, um batalhão de voluntários treinados para se apresentarem como os possíveis assassinos, são truques que já não apagam as potencialidades assassinas destes órgão do MPLA, na mente de grande parte dos cidadãos pacatos deste país, que ainda se admira.
Todos, por esta razão, devem estar preparados, para, ao longo de 2022 assistirmos a ondas maiores de assassinatos encomendados pelo regime, pelo temor que tem de perder o poder.
(*) Fórum Livre Opinião & justiça
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