Greve dos professores universitários com “adesão de 99,9%” no primeiro dia

Professores universitários angolanos cumpriram hoje o primeiro dia de “greve por tempo indeterminado”, que reivindica aumentos salariais, pagamento de subsídios e melhores condições laborais, contando uma “adesão de 99,9%” a nível das regiões académicas angolanas, anunciou fonte sindical.

A informação foi transmitida hoje pelo secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior (Sinpes) angolano, Eduardo Peres Alberto, afirmando que as sete regiões académicas de Angola paralisaram os trabalhos e aderiram à greve.

“A nossa greve é por tempo indeterminado. Ontem [terça-feira] tivemos uma ronda negocial com o Governo, que começou às 15:30 e terminou às 22:00 e vamos retomar na próxima segunda-feira, onde abordámos apenas a realização das eleições nas instituições públicas do ensino superior e também sobre a questão salarial”, disse o sindicalista.

Segundo o secretário-geral do Sinpes, ficou acordado, no encontro negocial de terça-feira com a entidade patronal, que as eleições de reitores, decanos e directores a nível das instituições públicas no ensino superior terão início em 14 de Dezembro próximo.

A questão dos salários, indexação ao dólar e reajuste até 5.000 dólares (4,3 mil euros) para o professor titular catedrático e 2.000 dólares (1,7 mil euros) para o assistente estagiário, assim como o fim da taxação do Imposto de Rendimento de Trabalho (IRT) aos subsídios também foram abordados no encontro negocial.

“No encontro, os ministérios das Finanças, da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social e do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação assumiram que vão consultar o titular do poder executivo e no dia 9 de Dezembro vão apresentar ao sindicato a contraproposta concreta”, explicou.

Eduardo Peres Alberto afirmou igualmente que “apesar das negociações a greve dos docentes universitários se mantém em pé, porque ainda falta discutir outros pontos do caderno reivindicativo”.

Falta de seguro de saúde, aumento salarial, melhores condições de trabalho, melhoria das infra-estruturas, falta de fundos para a investigação científica e extensão universitária, formação contínua dos docentes, eleições nas universidades, estão entre as reivindicações do Sinpes descritas num caderno reivindicativo remetido à tutela em 12 de Maio de 2018.

O Presidente angolano reconheceu, no passado dia 5, que, “apesar dos esforços que têm sido empreendidos”, ainda é uma realidade a “escassez de docentes e funcionários administrativos” para responderem às necessidades específicas de cada instituição de ensino superior em Angola.

João Lourenço, que discursava na cerimónia de abertura oficial do ano académico 2021/2022, assumiu que “há ainda um grande caminho a percorrer para o aumento do corpo docente e de funcionários administrativos em tempo integral”.

Lusa

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