O Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, exortou hoje os angolanos a resistirem ao imediatismo e pediu coragem para que os seus objectivos e sonhos sejam realizados. Está explicado. 45 anos de MPLA no Poder é sinónimo de “imediatismo”. Quanto ao resto, “coragem” deve significar – no caso de Cabinda – adoptar a máxima do MPLA: a luta continua e a vitória é certa.
“Uma das grandes lições a retirar do processo que conduziu o país à Paz, no dia 4 de Abril de 2002, é de que não se consegue nada honroso e digno de valor, sem um mínimo de empenho, esforço e sacrifício”, afirmou Bornito de Sousa, quando discursa, em Cabinda, no acto central do Dia da Paz e Reconciliação Nacional, em representação do Presidente da República. Por isso, disse, “temos de ser capazes de resistir à tentação de privilegiar as coisas fáceis, o imediatismo e à lei do menor esforço”.
Se procurássemos analisar estas afirmações sem olhar para o nome do mensageiro, o mais sério candidato a ser o autor seria certamente Adalberto da Costa Júnior. Na sociedade angolana há muito boa gente a dizer que este é que é o verdadeiro Bornito de Sousa. Será? Se é, vai ser exonerado.
O Vice-Presidente da República recomendou fé, força e coragem aos angolanos para que possam atingir os seus objectivos e sonhos, dos mais simples aos mais complexos, individuais ou colectivos. Involuntariamente, ou não, foi um claro apelo aos defensores de mudanças radicais na sociedade angolana, à substituição do primado da subserviência ao MPLA pelo primado da competência independente, à institucionalização da força da razão e não da razão da força como nos ensinou o MPLA nos últimos 45 anos.
Bornito de Sousa apelou depois (alertado para a urgência do regresso oratório às regras da “Educação Patriótica”) à defesa da paz e unidade nacional, como forma de honrar a memória dos milhares de jovens que deram as suas vidas na defesa da paz, unidade e soberania do país.
“Defender a Paz e a unidade nacional é a maior homenagem que podemos fazer aos milhares de jovens, que deram as suas vidas, sangue e suor por uma Angola una e indivisível, independente e soberana”, afirmou Bornito de Sousa no Pavilhão de Jogos Barão Puna.
Bornito de Sousa falou do processo político que culminou com a assinatura, em 2002, do Acordo de Paz (fim dos tiros), nas antigas instalações da Assembleia Nacional, na presença de representantes de vários sectores da sociedade angolana, países estrangeiros e organizações internacionais. Também mencionou “a magnitude” do Presidente José Eduardo dos Santos (de quem foi, tal como actual Presidente, João Lourenço, um sipaio de assinalável qualidade), pela celebração do acordo, que pôs fim às mais longas guerras fratricidas de que o mundo tem memória.
Destacou (a custo mas respeitando as… “ordens superiores”) os benefícios da paz e estabilidade para a melhoria da qualidade de vida das famílias, ensino, saúde, serviços públicos, distribuição justa dos rendimentos nacionais, bem como para manter a economia forte, dinâmica, desenvolvida e diversificada. “Temos plenas condições para continuar a crescer em paz, unidade e democracia”, afirmou Bornito de Sousa, considerando “importantes” os projectos públicos e privados em curso na província com vista a elevação dos índices de desenvolvimento humano e criação de empregos para os jovens.
Para o Vice-Presidente da República, alguns desses projectos, nomeadamente o Terminal Marítimo de passageiros, rampa de atracagem de “ferry boats”, Porto de Águas Profundas de Caio e a Refinaria de Cabinda terão grande projecção nos países vizinhos e para a região central de África.
Bornito de Sousa também recebeu explicações detalhadas sobre a evolução de outros projectos ligados aos Hospitais Geral e Provincial, Pólo Universitário, Estação de Tratamento de Água de Sassa-Zau, fontes de energia eléctrica, Aeroporto Internacional de Cabinda, Pólo Industrial do Fútila, Centralidade de Cabinda, rede de estradas, e de vários outros empreendimentos ligados ao sector agro-pecuário e das pescas que, é claro, serão concretizados nos próximos 55 anos, altura em que o MPLA regressará a Cabinda para festejar o centenário da sua ininterrupta governação…
O Vice-Presidente foi informado que alguns desses projectos estão em fase bastante avançada e outros ficaram condicionados pela “significativa” redução de disponibilidades financeiras por parte do Estado, seja pela quebra nos preços do petróleo ou dos efeitos do Covid-19, isto já para não falar na terrível pandemia conhecida, tanto em Cabinda como em Angola, como MPLA-45.
O Vice-Presidente da República informou que titulares dos departamentos ministeriais e deputados dos grupos parlamentares (MPLA, UNITA, PRS, FNLA, CASA-CE), que integraram a sua delegação tomaram contacto directo com a situação dos projectos visitados ou em carteira. Salientou que os parlamentares, no exercício das suas “nobres funções”, serão bons porta-vozes do que está a ser feito na região mais ao norte do país.
Garantiu que o próximo aniversário do Dia da Paz e Reconciliação Nacional deve ser festejado de modo “distinto”, porque 2022 será marcado por dois importantes eventos: As eleições gerais e o centenário do nascimento do primeiro Presidente do país, herói nacional do MPLA, genocida responsável melos massacres de milhares e milhares de angolanos em 27 de Maio de 1977, Agostinho Neto.
Em Março de 2019 o vice-presidente da República, Bornito de Sousa, reafirmou o engajamento de Angola no apoio às iniciativas diplomáticas, para superar o impasse no diferendo do Saara Ocidental. Grande parte do território da República Árabe Saharaui Democrática (RASD) encontra-se ocupada desde 1975 por Marrocos, tal como Cabinda por Angola.
Na Cimeira da SADC de solidariedade com o Saara Ocidental, o vice-presidente de Angola vincou a necessidade de se concluir com urgência o processo de descolonização de África. Ou seja, de uma parte de África. Isto porque, presume-se (embora sem consulta prévia ao o Departamento de Informação e Propaganda do Comité Central do MPLA), Cabinda se situa em África e ainda não foi descolonizada.
Nessa perspectiva (então profusamente desenvolvida pelos enviados especiais da Angop), Bornito de Sousa encorajou a adopção de um plano de acção da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), para atrair o envolvimento do Reino do Marrocos às autoridades legítimas representativas do povo do Saara.
Durante a intervenção (esta sim, aprovada pelo Departamento de Informação e Propaganda do Comité Central do MPLA), Bornito de Sousa, em representação do Presidente João Lourenço, fez menção – se o não tivesse feito seria exonerado – ao facto de a SADC ter celebrado, a 23 de Março, o Dia de Libertação da África Austral, que assinala a batalha do Cuíto Cuanavale, que culminou (graças ao MPLA) com o regresso da civilização a todo o mundo…
Conhecedora e beneficiária da acção solidária da SADC, Angola não pode ficar indiferente à situação prevalecente no território da antiga colónia espanhola (Saara Ocidental), referiu Bornito de Sousa, acrescentando com a sua descomunal (mas congénita) lata que a violação da independência, soberania, unidade do Estado, democracia e do direito internacional deve preocupar as nações.
Bornito de Sousa considerou fundamental que a SADC junte a sua voz às iniciativas do Conselho de Segurança da ONU e aos esforços da União Africana, para a autodeterminação ao povo do Saara Ocidental de modo pacífico e com a observância do direito internacional e do respeito da santidade das fronteiras herdadas do período colonial.
Folha 8 com JA