O Presidente de Angola, Presidente do partido no Poder há 45 anos (o MPLA) e Titular do Poder Executivo, João Lourenço, disse hoje que o ano de 2020 foi “de muito sofrimento”, mas acrescentando que “uma luz de esperança já se vislumbra no horizonte”, augurando que 2021 seja da retoma da economia angolana.
João Lourenço dirigiu hoje uma mensagem de fim de ano à nação, na qual considerou que o ano que finda “não foi bom, não foi generoso para com ninguém”, lembrando que prejudicou a vida familiar e profissional de todos sem excepção. É verdade? Não. Não é. Quem tinha quatro refeições por dia poderá ter perdido duas. E os que nem uma tinham, terão perdido o quê? Haja moderação, Presidente. Haja bom senso. Haja espeito.
O chefe de Estado frisou que as economias de todos os países foram prejudicadas pela pandemia, que “trouxe a dor e o luto a milhares de famílias pelo mundo fora”. É verdade. Mas, em Angola antes da pandemia já tínhamos 20 milhões de pobres. Continuávamos sem ter a economia diversificada. Continuávamos a ter poucos com muitos milhões (quase sempre roubados) e muitos milhões com pouco… ou nada.
“Por isso gostaria imenso que não fosse apenas o ano 2020 a ficar para trás, mas que a pandemia a ela associada, a Covid-19, também passasse, a partir de hoje, a pertencer ao passado”, disse João Lourenço. Todos assim esperamos. Se bem que para a esmagadora maioria dos angolanos a vida não tenha presente nem futuro.
Por outro lado, o chefe de Estado lamentou que, apesar de todo o esforço da comunidade científica mundial, não será nos próximos dias que a humanidade ficará já protegida deste vírus, o SARS-COV-2. Quem diria, não é Presidente? Se nós há décadas que não conseguimos derrotar a malária, se há 45 anos que não conseguimos produzir riqueza mas apenas ricos, estaríamos à espera de quê? No entanto, reconheça-se, conseguimos ser governados por um partido que tem o maior número de corruptos por metro quadrado.
“Talvez dentro de meses ou mesmo mais, com a utilização em massa e de forma gratuita da vacina produzida por renomados laboratórios mundiais”, referiu João Lourenço. De facto, foi mais rápido produzir vacinas contra a Covid-19 do que ensinar os membros dos governos (todos do MPLA) a plantar as couves com a raiz para baixo, tal como há 45 anos faziam os portugueses…
O chefe de Estado apelou ao sacrifício dos cidadãos (sendo que muitos não o ouviram porque estavam à procura do jantar nos caixotes do lixo) para manter “com rigor as medidas de biossegurança respeitadas desde o início da pandemia, como o distanciamento social, o uso permanente e correcto da máscara, a higienização constante das mãos, evitar aglomerações, festas e outras”, até uma parte considerável da população seja vacinada.
“Uma luz de esperança já se vislumbra no horizonte, mas não é momento de relaxar, o ano de 2021 traz-nos a tão esperada vacina, mas que só será eficaz se ao mesmo tempo conseguirmos manter muito dos bons hábitos que a pandemia nos levou a praticar com maior sentido de responsabilidade”, salientou João Lourenço no intervalo de uma “coisa” que para muitos angolanos é algo que não sabem o que é – uma refeição.
Segundo João Lourenço, o ano que se aproxima será de trabalho árduo, em que todos vão trabalhar com mais determinação, de forma mais abnegada e organizada, para obter melhores resultados daquilo que se empenhar a fazer.
“Esperamos que venha a ser o ano da retoma económica, em que finalmente poderemos vir a assistir ao levantamento das cercas sanitárias, o ano de retoma dos voos comerciais internacionais de passageiros, o da reabertura e revitalização do turismo, o do regresso às actividades desportivas e culturais, com a presença do público, o ano das conferências nacionais e internacionais presenciais, enfim, o ano de regresso a uma situação muito próxima da que consideramos como sendo normal”, augurou. João Lourenço não explicou, contudo, se há perspectivas de o Governo começar finalmente a governar. Mas tenhamos fé. Quem já espera há 45 anos bem pode esperar mais alguns.
João Lourenço manifestou optimismo, afirmando que é possível concretizar-se esses desejos, “mas com todas as cautelas recomendadas”, para não se voltar a uma situação pior do que a que se vive hoje.
O Presidente endereçou uma palavra de conforto e encorajamento a todos os angolanos que perderam ente queridos ao longo do ano por doença, por acidente de viação, vítimas de homicídio, de violência doméstica ou de qualquer outras causas de morte. Não falou da fome porque, como ele sempre disse, isso não existe em Angola…
“Estendemos igualmente uma palavra de conforto e votos de rápidas melhoras aos angolanos que se encontram acamados, ou hospitalizados, aos reclusos, por se encontrarem numa condição que não lhes permite passar a quadra festiva no convívio familiar”, sublinhou João Lourenço, sem esquecer os militares, polícias e bombeiros, pessoal médico e paramédico, trabalhadores das sondas do sector petrolífero, pilotos das companhias aéreas e a todos os outros profissionais impedidos de compartilhar o fim de ano com as respectivas famílias.
Chama se João Lourenço (Lourenço em Portugal refere se a pessoa simples de fraca capacidade mental ou seja parvo)