Adalberto da Costa Júnior, líder da UNITA, maior partido da oposição que o MPLA (ainda) permite, disse hoje, em Luanda, que o presidente do MPLA, João Lourenço, partido no Governo há 45 anos, “tem medo do povo, que vai demonstrando saber ler e posicionar-se em defesa do seu interesse”. Finalmente…
Adalberto da Costa Júnior discursava na abertura da II reunião ordinária da Comissão Política da UNITA, reunida para, nos próximos dois dias, analisar de forma minuciosa a situação do país e o programa anual do partido.
No discurso, Adalberto da Costa Júnior falou sobretudo das consequências da tentativa de manifestação, no passado sábado, que contou com o apoio da UNITA, e respondeu à intervenção de quinta-feira do Presidente angolano, João Lourenço, também líder do MPLA e Titular do Poder Executivo, na IV sessão ordinária do Comité Central do partido.
“Angola testemunhou a saída à rua de organizações da sociedade, especialmente jovens empurrados pelo sofrimento e pela ausência de esperança, empurrados por mil promessas incumpridas, aos quais se juntaram cidadãos de diversas proveniências”, disse Adalberto da Costa Júnior.
O líder da UNITA realçou ainda que as mais altas instâncias do país (ou seja, dirigentes do MPLA) têm afirmado que “estes jovens não têm pensamento próprio, não lhes é reconhecida a capacidade de terem ideais e de não serem capazes de perseguirem causas próprias”.
Segundo o político, para o Governo a população que sai à rua e se manifesta, os jovens que têm a coragem de lutar por melhores condições de vida ou de exigir um calendário para a realização das autarquias, só podem ter vínculo à UNITA, ironizou.
A manifestação violentamente (como sempre) reprimida pela Polícia, em cumprimento do decreto que declara o estado de calamidade devido à Covid-19, que, entre outras medidas, proíbe ajuntamentos de mais de cinco pessoas na rua, tinha como objectivo reivindicar melhores condições de vida e exigir uma data para a realização das primeiras eleições autárquicas, que estavam previstas para este ano, mas foram adiadas e terão lugar – se tiverem – quando e se o MPLA quiser.
Para Adalberto da Costa Júnior, o discurso de João Lourenço, foi de exclusão, de inimizade, e não construtivo, indicando ainda “uma grande impreparação em lidar com uma oposição, que lhe diga que as leis não são para serem geradas por conveniência e muito menos para limitar direitos constitucionalmente garantidos”.
João Lourenço reiterou no seu discurso o direito à manifestação, que fica temporariamente restringido para evitar a contaminação e propagação da pandemia do novo coronavírus no país, mas condenou a participação da UNITA no acto, atribuindo-lhe responsabilidade num possível aumento do número de casos.
Adalberto da Costa Júnior disse que a UNITA tem apelado ao diálogo e à construção de bases sólidas e seguras de uma Angola reconciliada, inclusiva e moderna.
“Ninguém tenha dúvidas que para se edificar essa grande obra” será necessária uma revisão da Constituição, prosseguiu.
Na sua intervenção, o chefe de Estado angolano (reeditando, para pior, as teses do seu mentor José Eduardo dos Santos) garantiu que “a estratégia de tornar o país ingovernável, para forçar negociações bilaterais, no actual contexto político, em que as instituições democraticamente instituídas funcionam em pleno, não é concretizável”.
Sobre as eleições autárquicas, o dirigente da UNITA lamentou que hoje “ninguém conhece um horizonte temporal de compromisso”, reiterando que as autarquias são sim uma obrigatoriedade vital para a resolução dos problemas do povo.
“Um Governo patriótico, com vocação nacional, nunca olharia para a implementação das autarquias com antipatia, aliás, para um executivo sério, veria nelas um poder complementar, que o ajudaria a resolver os muitos desafios do país”, disse.
De acordo com Adalberto da Costa Júnior, não há dúvidas que será necessário abraçar o diálogo e a concertação, sublinhando que não fala em “negociação”.
No plano económico, o presidente da UNITA diz que o país tem como solução “estender a mão à mendicidade do FMI (Fundo Monetário Internacional) e aceitar todas as imposições que o FMI e demais doadores condicionadas às tranches dos seus empréstimos”.
“Decorridos três anos da actual legislatura, Angola ficou mais pobre, porque a vida do angolano agravou-se cada vez mais em todos os sectores sociais”, frisou, denunciando “o perverso agitar de fantasmas, para restringir as liberdades, para criarem o medo nas populações e restringirem a sua capacidade de optar”.
O líder da UNITA apelou ainda à libertação dos mais de uma centena de manifestantes detidos desde sábado, e que estão em julgamento sumário, salientando que tem informações que o tribunal está a receber ordens superiores e pressão dos agentes da segurança do Estado, que têm permanecido na sala.
“Tirem-nos da cadeia e levem-nos para a escola. Tenho a certeza que enveredar pelo discurso truculento, arrogante, terá o efeito perverso de incitar de novo a uma nova e desnecessária onda de violência”, afirmou.
Nos protestos foram registados confrontos entre a polícia e manifestantes, caracterizados por arremesso de pedras, montagem de barricadas nas ruas de contentores e pneus a arder, reprimidos com gás lacrimogéneo, que resultaram em centenas de detenções (inclusive de jornalistas), ferimentos de ambas as partes e a destruição de meios policiais.
No espaço de poucos dias, o Presidente da República (João Lourenço) e o líder do MPLA (João Lourenço) fizeram a análise do estado país. Falta ainda saber a opinião do Titular do Poder Executivo (João Lourenço) e do único representante de Deus em Angola (João Lourenço).
Curiosamente, ou talvez não (quem sabe?), tanto o líder do reino como o do MPLA coincidiram na afirmação de que o Governo não ser vítima de uma (mais uma) tentativa de golpe de Estado.
Mais uma vez, o Chefe de Estado, líder do MPLA, Titular do Poder Executivo e representante divino apontou como prioridade máxima o redobrar dos esforços para que seja conseguido um ritmo mais acelerado na aplicação dos programas em curso para a diversificação da economia nacional, sublinhando o papel de bloqueio das força “terroristas” lideradas, é claro, pela UNITA.
Como muito bem disse sua majestade o rei João Lourenço, todos estes desafios que se colocam ao país, para serem vencidos precisam forçosamente de um ambiente de paz e de estabilidade que não se compadece com jogos florais da parte daqueles (energúmenos, obviamente) que, por terem assento no Parlamento (UNITA), se esquecem que têm também responsabilidades acrescidas para com a população no sentido de as proteger e garantir a sua segurança, o que só é garantido se forem cumpridas as ordens superiores do MPLA.
Perante um contexto de completa irresponsabilidade de todos, com excepção do MPLA, o actual “escolhido de Deus” sentiu necessidade de sublinhar a importância que o regime dá à segurança e à estabilidade das populações e do país. Se só existisse o MPLA nada disto era preocupante. Nada disto existia. Mas como existe por aí uma certa oposição política, uns tantos jovens frustrados que se dizem activistas, é obrigatório temer pela paz e pela estabilidade. Além disso, içar a bandeira da guerra é algo que fica sempre bem aos que sentem o poder a fugir.
O rei condena vivamente os actos de violência e lamenta que volvidos 18 anos desde o fim da guerra tenha acontecido este incidente entre meliantes, bandalhos, patifes, terroristas da UNITA e pacíficos agentes policias do MPLA. Será que este pessoal do Galo Negro não percebe que pertence a uma subespécie de angolanos e que só a magnanimidade do “escolhido de Deus” lhe permite parecerem (não mais do que isso) cidadãos de primeira?
De modo muito claro, salienta o legítimo proprietário dos escravos, os cidadãos e as pessoas colectivas, partidos políticos ou associações, devem recorrer às autoridades quando alguém tentar violar ou violar de facto os seus direitos e nunca fazerem justiça por conta própria.
É isso aí. E o resultado é o mesmo de quem quer ler um jornal sem palavras, à noite e à luz de um candeeiro apagado. Mas, quem pode manda…
A posição, claramente expressa pelo Presidente da República (João Lourenço), depois de auscultada a opinião do Presidente do MPLA (João Lourenço), do Titular do Poder Executivo (João Lourenço) é da obrigatoriedade de todos os protagonistas políticos do país, os de primeira e os de segunda, a defenderem tudo aquilo que os de primeira dizem.
João Lourenço, com uma visão lúcida, divina e nunca vista num ser humano, e que é reconhecida em todo o mundo (e arredores), mais uma vez, tomou a iniciativa ao apelar ao esforço conjunto dos angolanos, de modo a que o MPLA possa (e disso ninguém tem dúvidas) arrasar todos aqueles que tenham a veleidade de querer mudar o sistema esclavagista implantado em 1975.
Folha 8 com Lusa