O ministro do Interior angolano, Ângelo Veiga Tavares, recomendou hoje firmeza e vigilância redobrada face a “reiteradas e veladas” tentativas de alteração da ordem democrática e constitucional por parte de algumas forças políticas.
A posição foi hoje manifestada em Luanda pelo governante, na abertura do Conselho Consultivo Alargado do Ministério do Interior, que encerra na terça-feira.
Ângelo Veiga Tavares referiu, sem apontar nomes, que algumas forças políticas, usando artifícios antidemocráticos, têm tentado fazer “uma réplica do que aconteceu em alguns países vizinhos”.
Esta posição surge quando vários movimentos de jovens activistas angolanos anunciaram uma “manifestação pacífica” para 22 e 23 de Novembro, em Luanda, para exigir reformas políticas no país.
Estas manifestações, que se repetem desde 2011, terminam por norma com confrontos entre a polícia e os manifestantes, além de várias detenções e até assassinatos, muitos ainda por esclarecer.
Já segundo o ministro do Interior, essas forças políticas agem com a “instigação e cumplicidade de certos sectores nacionais e estrangeiros sob pretextos vários e das mais variadas formas”.
“Recomendo por isso que redobrem a vigilância e firmeza, pois o usufruto da Paz requer segurança, ordem, tranquilidade e harmonia social, atributos cuja garantia assenta no Ministério do Interior e seus órgãos executivos centrais, em estreita cooperação com a população”, sublinhou Ângelo Veiga Tavares.
Recorde-se, como é do conhecimento do regime angolano, que a Amnistia Internacional, num relatório publicado na sequência da eleição de Angola como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, acusou o Governo angolano de cometer abusos contra a liberdade de manifestação e de expressão.
O documento relata inúmeros casos concretos em que as autoridades angolanas actuaram contra manifestações anti-governamentais desde 2011, dirigindo recomendações ao Governo do MPLA, chefiado por José Eduardo dos Santos, bem como ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
No documento, são também dirigidas recomendações, em particular, ao Ministério do Interior.
De acordo com a Amnistia Internacional, a actuação do Governo angolano contra os protestos tem sido constante e viola o direito de associação, reunião e de expressão, assim como vai contra “o direito de participação dos cidadãos nos assuntos do Estado”.