A produção de petróleo em Angola não deve ficar muito acima dos 1,8 milhões de barris por dia no próximo ano, sendo por isso “difícil de perceber” (a não ser à luz da propaganda) a previsão de 10,7% de crescimento para este sector, escreve a revista The Economist.
Os peritos da unidade de análise económica (Economist Intelligence Unit) da revista britânica lembram que em Setembro a Agência Internacional da Energia previu que Angola iria tornar-se o maior produtor de petróleo na África subsaariana em 2016, “ultrapassando a Nigéria por causa dos roubos de petróleo e das deficiências legislativas deste país”.
Mesmo sendo este o caso, afirmam, “é improvável que a produção de Angola fique muito acima dos 1,8 milhões de barris por dia, face à média estimada de 1,78 em 2014, e se os preços continuarem como estão, é difícil de ver como é que o sector vai gerar as verbas suficientes para suportar um crescimento para valores acima de 10%”.
Os peritos da EIU dizem que “o ministro das Finanças prevê que o sector não-petrolífero cresça 9,2% e o sector petrolífero cresça 10,7%, fazendo um crescimento total de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB), o que seria a mais alta taxa de crescimento desde 2007 e, dado o ambiente económico interno e o clima global, isso parece demasiado ambicioso”.
A previsão do Governo contrasta com a estimativa de crescimento avançada pela EIU para o próximo ano em Angola (4,8% do PIB), que deverá ser, aliás, “um ano difícil para Angola”, também pela descida nos preços do petróleo, que obrigou o Governo a rever em baixa a previsão de preço médio do barril para 2015, de 98 para 81 dólares, e a diminuição da previsão de crescimento da economia global.
Em Outubro, a EIU tinha revisto em baixa a previsão de crescimento de Angola de 5,5% para 4,8%.
De acordo com a actualização de Outubro do ‘Country Report’, os analistas tinham justificado a degradação das previsões com a descida da despesa pública, a previsível queda nos preços do petróleo no próximo ano e um aumento abaixo do esperado na produção petrolífera.
“Prevemos agora que a produção chegue aos 1,85 milhões de barris por dia em 2015, em baixa face à previsão anterior de 2 milhões por dia”, dizem.
Em 2016, o PIB de Angola deve acelerar para os 5,7%, crescendo para uma média de 6,3% entre 2017 e 2019, “sustentado num consumo privado sólido”, de acordo com as projecções avançadas em Outubro por esta unidade de análise económica.