A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique requalificou 178.978 votos de um total de 700 mil boletins inválidos nas três votações realizadas a 15 de Outubro, revelou o porta-voz do órgão eleitoral.
Segundo Paulo Cuinica, a CNE marcou para quarta-feira uma reunião pública em Maputo para proceder à distribuição de mandatos, em função da requalificação dos votos nulos e que passaram a contar para o apuramento final das eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais).
O porta-voz da CNE disse ainda que a requalificação dos votos nulos pode interferir com a eleição de “um ou outro assento”, mas não avançou detalhes sobre a distribuição final de mandatos.
Depois de contadas cerca de 17 mil mesas, o apuramento das eleições gerais passou pelas fases distritais e provinciais, até chegar à CNE em Maputo, que terá de declarar os resultados oficiais preliminares até 30 de Outubro.
A soma das contagens provinciais dá a vitória ao partido no poder, Frelimo, com maioria absoluta no parlamento, mas longe dos dois terços alcançados em 2009, e também ao seu candidato presidencial, Filipe Nyusi.
A taxa de abstenção é ainda desconhecida, embora projecções, realizadas a partir de dados oficiais e contagens paralelas de organizações da sociedade civil, apontem para cerca de 50%, ou seja mais de cinco milhões do total de moçambicanos recenseados.
O processo de apuramento tem sido acompanhado por suspeitas de irregularidades, como enchimentos de urnas com boletins de voto pré-marcados, troca de cadernos eleitorais e falsificação de editais e ainda atrasos na divulgação das contagens distritais (48 horas desde o dia da votação) e provinciais (cinco dias).
Na semana passada, o porta-voz da CNE garantiu que o órgão eleitoral não vai deixar “qualquer dúvida” sobre os resultados das eleições gerais.
Mais de dez milhões de moçambicanos foram chamados a 15 de Outubro para escolher um novo Presidente da República, 250 deputados da Assembleia da República e 811 membros das assembleias provinciais.