“Um avião de 320 milhões e um séquito gigante: o Presidente de Angola aterra nas Astúrias” foi o título do portal de informação espanhol La Nueva España. Não será altura, agora que João Lourenço conseguiu estabilizar o número de pobres no país nos 20 milhões, de o governo mandar construir o seu próprio “Air Force MPLA”?
Assim, seria uma espécie (melhor, é claro) do norte-americano “Air Force One” e passaria a ser um dos principais símbolos da Presidência de Angola, tão carecida está de uma imagem que de facto mostre ao mundo o que o país é.
O “Air Force MPLA” passaria a estar pronto para transportar o presidente João Lourenço e família para qualquer lugar do mundo, seja para levar para os EUA uma filha que lá quer dar à luz, para tomar um café com o amigo Kim Jong-un, passear numa estância nos Alpes suíços, visitar o monumento à batalha do Cuito Cuanavale ou sobrevoar os locais onde estão as vítimas do 27 de Maio de 1977.
Tal como John F. Kennedy ficou na história por ter sido o primeiro presidente dos EUA a voar num jacto construído especificamente para uso presidencial em 1962, também seria justo que João Lourenço entrasse para a história por ser o primeiro a usufruir do “Air Force MPLA”.
Embora os EUA tenham dois desses aviões, certamente que a João Lourenço (sempre preocupado com as despesas e a crise) bastaria um. O Presidente angolano não deve, contudo, abdicar de algumas características do avião, não vão os seus inimigos julgar que os angolanos são uns pelintras.
Cada avião terá de ter cerca de 370 metros quadrados de espaço de chão em mais de três níveis. Uma suíte médica que pode funcionar como sala de cirurgia e um médico que está sempre a bordo. Duas cozinhas prontas para confeccionar comida para um número mínimo de elementos do seu séquito (100 pessoas) e uma grande sala de conferências.
É claro que o avião terá também de ter aposentos para assessores, funcionários do Serviço Secreto, jornalistas da TPA, Angop, RNA e Jornal de Angola e convidados, sem esquecer da tecnologia que permitirá ao “Air Force MPLA” ser reabastecido em pleno voo, bem contacto directo com o AngoSat, o satélite do regime.
O “Air Force MPLA” deverá ter as mesmas capacidades e a mesma estrutura geral de um Boeing 747-200B. Será quase tão alto quanto um prédio de seis andares, tão compridos quanto um quarteirão urbano. Terá quatro motores a jacto General Electric CF6-80C2B1, que fornecem 28.300 kg de impulsão cada. A velocidade máxima fica entre 1.000 e 1.100km/h e o tecto máximo (altitude máxima na qual o avião pode voar) é de 45 mil pés (13.716 metros). O avião levará 200 mil litros de combustível e pesa 380.000 kg quando completamente abastecido para uma missão de longa distância. Com um depósito cheio, o avião pode dar meia volta ao mundo.
Como um 747 normal, este avião têm três andares. Mas, por dentro, não se parecem nem um pouco com um 747 comercial.
O “Air Force MPLA” deverá ter 370 metros quadrados de área interna, assemelhando-se a um hotel ou um escritório executivo do que um jacto, excepto pelos cintos de segurança em todos os bancos e poltronas. O nível mais baixo do avião serve principalmente como espaço de carga. A maior parte do espaço para passageiros está no nível do meio e o mais alto é em grande parte dedicado aos equipamentos de comunicação.
O presidente João Lourenço terá uma suite particular a bordo, com seu próprio quarto de dormir, casa de banho, sala de ginástica e espaço para escritório. A maioria dos móveis do avião será feita à mão por mestres carpinteiros.
A comitiva presidencial reunir-se-á num ampla sala de reunião, que serve também como sala de jantar. Os membros mais ilustres da hierarquizada comitiva terão a sua própria área de escritório e o resto da comitiva presidencial também tem espaço para trabalhar e relaxar. Haverá uma área separada para os jornalistas escolhidos à medida e por medida pelo ministro João Melo, que viajam com o presidente e bastante espaço para a tripulação do voo fazer seu trabalho.