O Papa Francisco pediu hoje aos jovens que resistam à tentação dos mais velhos para os silenciarem, um apelo feito durante a missa do domingo de Ramos, na Praça de São Pedro, em Roma, no dia em que a Igreja celebra a Jornada da Juventude. No tempo de José Eduardo dos Santos este seria um apelo suficiente para declarar o Papa “persona non grata”.
“C alar os jovens é uma tentação que sempre existiu”, disse o papa Francisco, assegurando haver “muitas maneiras de tornar os jovens silenciosos e invisíveis, muitas maneiras de os anestesiar e adormecer para que não façam barulho, para que não se interroguem nem ponham em discussão”.
O papa argentino disse ainda existirem várias formas de oferecer tranquilidade aos jovens “para que não se envolvam, para que os seus sonhos percam altura”.
Jorge Bergoglio questionou: “Caros jovens, cabe a vós não ficar calados. Se os outros calam, se nós, idosos e responsáveis – muitas vezes corruptos – silenciamos, se o mundo se cala e perde a alegria, pergunto-vos: vós gritareis?”, disse, apelando a uma decisão dos jovens “antes que gritem as pedras”.
O Papa Francisco bem vai dizendo (algumas) verdades. No dia 1 de Janeiro de 2015 pediu que se lute “contra as formas modernas de escravatura”. Foi durante a homilia que proferiu na missa que celebrou no Vaticano, por ocasião da Jornada Mundial da Paz.
Falando na Basílica de São Pedro, o Papa disse: “Todos estamos destinados a ser livres, todos a ser criança, e cada um, de acordo com a sua responsabilidade, a lutar contra as formas modernas de escravatura”.
O papa Francisco considerou, no discurso associado à celebração da 48ª edição da Jornada Mundial da Paz, que as “escassas” oportunidades de trabalho contribuem para o aparecimento de formas de escravatura moderna.
Esta mensagem foi mais um passo no sentido da do dia 12 de Dezembro de 2014 do Vaticano, em que o Papa disse que as empresas devem oferecer aos empregados “condições de trabalho dignas e salários adequados” e criticou como forma de opressão moderna “a corrupção de quem está disposto a fazer qualquer coisa para enriquecer”.
O Papa Francisco mencionou como causas da “escravidão moderna” a pobreza, o subdesenvolvimento e a exclusão, combinadas com a falta de acesso à educação ou “com a realidade caracterizada pelas escassas, para não dizer inexistentes, oportunidades de trabalho”.
O papa denunciou na sua mensagem de então que a corrupção “acontece no centro de um sistema económico onde está o deus dinheiro e não o homem, a pessoa”.
Como formas de escravidão moderna sublinhou a prostituição e o tráfico de órgãos e destacou que “o direito de toda a pessoa a não ser submetida a escravidão, nem à servidão” deve ser “reconhecido como um direito internacional como norma irrevogável”.
Francisco referiu-se na mensagem aos “muitos emigrantes” que na sua viagem dramática “sofrem a fome, são privados da liberdade, despojados dos seus bens ou de quem se abusa física e sexualmente”.
Imigrantes que, “depois de uma viagem duríssima e com medo e insegurança, são detidos em condições às vezes inumanas” e são “obrigados à clandestinidade por diferentes motivos” sociais, políticos e económicos” ou, “com o fim de viver dentro da lei, aceitam viver e trabalhar em condições inadmissíveis”.
Por último, referiu-se aos “conflitos armados, à violência, ao crime e ao terrorismo” para dizer que são “outras causas da escravatura”.
Insistiu que muitas pessoas são sequestradas para serem vendidas ou recrutadas como combatentes e exploradas sexualmente, enquanto outras são forçadas a emigrar, deixando tudo o que possuem.