Os enfermeiros de Luanda decidiram hoje suspender as consultas nos centros de saúde e hospitais públicos a partir de 30 de Novembro, em protesto contra a falta de resposta das autoridades a reivindicações com cinco anos.
A decisão foi tomada por unanimidade, em plenário realizado hoje, por 400 profissionais, revelou o secretário-geral adjunto do Sindicato dos Enfermeiros de Luanda, António Kileba, acrescentando que a directora provincial de Saúde também esteve presente.
“Uma vez que a resposta foi negativa, então vamos avançar com esta postura, de não prescrever receitas e nem nos centros de saúde, postos médicos ou hospitais, deixando esta actividade para os médicos”, disse.
De acordo com António Kileba o governo da província de Luanda havia solicitado uma moratória cuja resposta da mesma foi entregue ao sindicato no dia 14 de Novembro. Hoje, em avaliação da assembleia, os profissionais manifestaram-se “descontentes com o seu conteúdo”.
“As respostas não satisfizeram os presentes, que aprovaram então por unanimidade a suspensão das consultas nas unidades hospitalares a partir de quinta-feira, dia 30”, observou.
Pagamento de retroactivos, de subsídios de consulta e a promoção do pessoal fazem parte do caderno reivindicativo remetido em 2012 ao governo provincial, mas “sem soluções a vista”, mesmo a após a moratória de cinco dias dada pelos enfermeiros, no final de Outubro.
Em relação ao pagamento de retroactivos, refere o sindicalista, o governo provincial de Luanda refere que remeteu o documento ao Ministério das Finanças, mas até agora sem resposta, situação que segundo António Kileba também se aplica ao pagamento de subsídios de consulta.
“Esta falta de clareza do Governo leva os profissionais, a dia 30, não cederem mais qualquer moratória”, garantiu.
Este é o segundo anúncio de suspensão de consultas nos hospitais, centros e postos de saúde de Luanda, sendo que a primeira estava prevista para o dia 13 deste mês, levantada devido à moratória solicitada pelas autoridades de Luanda.
A 8 de Maio o Sindicato dos Enfermeiros de Luanda decidiu suspender a greve prevista para aquele dia, afirmando ter recebido garantias do Governo em solucionar as reivindicações que datam de 2012, até Agosto, como pagamento de retroactivos, ajuste salarial e subsídios.
A defesa da carreira de enfermagem, a falta de promoção destes profissionais e ainda o envelhecimento de quadros do sector são outras preocupações que, segundo António Kileba, preocupam os cerca de 7.000 enfermeiros de Luanda.
Segundo António Kileba, apenas “foi resolvida, pela metade, o pagamento de retroactivos”, sendo que “o pagamento de um adicional de 40% ao salário base dos enfermeiros técnicos médios, que trabalham em localidades onde não existe um médico, e 60% aos técnicos básicos” continuam até ao momento “sem respostas do governo”.
Lusa