Em entrevista à RDP África, William Tonet, faz um “check-up” à situação de Angola em diversas vertentes, das eleições ao país construído à imagem e semelhança do MPLA, passando pelas diferentes versões da Constituição e pela suposta crise económica provocada pelo preço do petróleo.
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William Tonet recorda que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) é um órgão dependente do Governo, dizendo mesmo que “a fraude emerge de toda a envolvência preparatória das eleições”. Mesmo assim, releva a importância de se ir votar pois, diz, “não se pode mudar fingindo que se vai mudar”.
“Angola não nasceu um país virado para os cidadãos. Nasceu à imagem de um partido”, considera William Tonet, referindo que este “crime” se acentuou porque “José Eduardo dos Santos também não pensou o país depois da morte de Savimbi”, tal como fez Agostinho Neto que “proclamou um país do MPLA e não um país dos angolanos”.
Tonet recorda que se “o MPLA pensasse nos cidadãos não faria uma primeira Constituição que foi aprovada pelo seu próprio Comité Central”, sendo que em 1991 a Constituição foi alterada para permitir o multipartidarismo mas, mais uma vez, “só foi aprovada pelo MPLA”.
Chega-se depois à actual Constituição, de 2010, que volta a ser aprovada apenas pelo Gabinete de José Eduardo dos Santos.
William Tonet entende que “é preciso referendar o país”, pois essa teoria de “um só povo, uma só nação” é uma tese para ter uma Angola “feita à medida do MPLA”, considerando que “somos vários povos à procura de uma nação”.
Quanto à suposta crise provocada pela baixa do preço do petróleo, William Tonet contesta e diz que ela “resulta da corrupção capitaneada pelo MPLA”, indo-se ao ridículo de para construir um urinol público é preciso esperar pelas ordens superiores, às vezes até do Presidente da República.
“Todos os ministros da Saúde deveriam ser responsabilizados criminalmente pelo que se passa nos nossos hospitais”, considera Tonet, corroborando que “o MPLA é o único partido do mundo que concentra todos os corruptos e ladrões”.