Vendedoras de mandioca e amendoim ou ginguba pelas ruas de Luanda acreditam que aquele produto natural, vendido entre 100 a 200 kwanzas (até um euro) por cada pequeno saco, é um remédio para fertilidade e clientes não faltam.
A venda ambulante, informal, de mandioca e ginguba, sobretudo ao longo das filas de trânsito, não para de crescer pelas ruas da capital angolana, onde os automobilistas são os grandes compradores, especialmente os homens.
“Todo mundo compra a mandioca e a ginguba. As mulheres compram para comer porque aumenta o leite materno. Já os homens compram para aumentar o líquido [espermatozóides] e reforça muito bem”, contou à Matondo Isabel, vendedora há um ano e que se baseia na crença popular para fazer a venda ambulante.
Estas mulheres chegam a levar para casa, diariamente, entre 3.000 a 4.000 kwanzas (16 a 21 euros) com a mandioca e a ginguba que compram antes, em grandes quantidades, nos mercadores nos arredores de Luanda.
“Só vendemos mandioca e ginguba doce de qualidade. A fonte é o Mercado dos Kwanzas, lá o quilo de ginguba com casca custa 150 e 200 kwanzas [menos de um euro] enquanto já descascado custa 400 ou 500 kwanzas [cerca de 2,50 euros]. A mandioca compramos 2 ou 3 a 100 kwanzas [53 cêntimos de euro), depende do tamanho”, explicou Maria Bumba.
De acordo com a vendedora, de 24 anos, diariamente gasta até 1.500 kwanzas (oito euros) para comprar o negócio, conseguindo depois um rendimento de mais do dobro, mas em nove horas de venda pelo meio do trânsito quase parado nas ruas de Luanda.
“Estamos aqui na rua apenas à procura do sustento das crianças é aqui onde sai o dinheiro para o jantar e matabicho [pequeno almoço], porque se nós esperarmos pelo fim do mês, dos dias 1 a 31 as crianças vão morrer de fome”, disse ainda.
“Mulher também pode comer para aumentar leite no peito, sobretudo aquelas que estiverem a amamentar mas têm pouco leite nos procuram sempre”, acrescentou.
Manuela Panzo dedica-se à mesma venda ambulante em Luanda há dois anos e conta que é crescente o número de compradores, sobretudo do sexo masculino.
“Os nossos clientes são na maioria homens, mas também algumas mulheres compram porque gostam. Os senhores estão sempre a chamar-nos para comprar, reclamam um pouco a quantidade dos pedaços que colocamos nos saquinhos, mas acabam por comprar”, precisou.
Manuela revela que vender mandioca e amendoim cru é a única forma que encontrou para suster a família e diz que “apesar do sacrifício” é uma tarefa que “faz com muito orgulho”.
“Sim, não posso ter vergonha de estar aqui na rua porque esse negócio é o meu ganha-pão. Quanto ao efeito da mandioca é verdade aumenta [espermatozóides], é por isso que eles gostam”, apontou.
A vendedora garantiu ser rentável o negócio que faz e que dificilmente sobra alguma ginguba para levar para casa.
“O negócio não estraga. Quando resta alguma coisa, se estiver descascado, comemos. Agora se não estiver, então guardamos para vender no dia seguinte”, concluiu.
A ginguba é um alimento de excelente fonte de energia. Fornece 600 calorias para cada 100 gramas ingeridos, contém alta quantidade de gorduras, principalmente polinsaturados e monoinsaturados. É rica em vitaminas e minerais como o Zinco, Cálcio, Magnésio, Ferro e Fósforo.
Por sua vez a mandioca tem oito grandes propriedades: Acção anti-inflamatória contra a artrite; Acção antioxidante; Fonte saudável de carbo-hidratos para diabéticos; Protege a pele contra os raios ultravioletas do sol; Altamente energética; Ideal para dietas sem glúten; Actua na construção de massa óssea e novos tecidos e é benéfica para o coração.
Folha 8 com Lusa