Os diamantes exportados por Angola aumentaram 20% em Março, face ao mesmo mês de 2015, para quase 668.000 quilates, mas as receitas caíram para 79,9 milhões de dólares devido à quebra na cotação.
De acordo com um relatório do Ministério das Finanças angolano sobre a arrecadação de receita com a venda de diamantes, relativo ao mês de Março, o país vendeu em média cada quilate por 119,73 dólares, menos quase 66% no espaço de um ano (346,39 dólares).
Em todo o mês de Março, Angola vendeu 667.544,69 quilates de diamantes, quando um ano antes essa quantidade foi de 553.390 quilates, de acordo com dados da Administração Geral Tributária.
Em Março de 2015, a venda de diamantes ascendeu a 83 milhões de dólares, tendo registado uma quebra, um ano depois, de quase 4%.
Estas vendas representaram no terceiro mês de 2016 receitas fiscais ordinárias de 2.026 milhões de kwanzas-
Em todo o ano de 2015, Angola vendeu mais de nove milhões de quilates por 1,181 mil milhões de dólares, que renderam em receita fiscal para o Estado mais de 8.667 milhões de kwanzas.
O presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), Carlos Sumbula, disse em Janeiro passado que os países produtores diamantíferos pretendem reduzir a quantidade de pedras preciosas no mercado para travar a quebra nos preços.
“Em cooperação com todos os países produtores do mundo, estamos a reduzir a quantidade de diamantes no mercado para fazer com que a procura aumente e isso também aumentará o preço”, apontou o administrador da estatal angolana.
Depois do petróleo, os diamantes são o principal produto de exportação de Angola.
“Estamos a gerir a crise na área dos diamantes, criámos uma equipa internacional que vai fazer a publicidade dos diamantes em todo o mundo, a partir da cidade norte-americana de Las Vegas, com lançamento em Maio”, anunciou ainda na ocasião Sumbula.
“Apesar de estarmos em crise na comercialização, podemos dizer que temos estado a gerir esta crise com bastante mestria, em colaboração com todos os outros países. Pensamos que no decorrer deste ano podemos inverter a situação [quebra nos preços]”, disse o presidente do conselho de administração da Endiama, apontando a falta de publicidade dos diamantes a nível mundial como justificação para a “crise” actual.
Entre outros projectos, a Endiama anunciou que a primeira fase de produção da nova mina de diamantes do Luaxe, no interior norte de Angola, “o maior kimberlito” descoberto no país e que poderá duplicar a produção nacional, arranca “nos primeiros meses de 2018”.
Juntamente com os restantes parceiros do contrato de investimento mineiro do Luaxe, a Endiama e os russos da Alrosa prevêem investir mil milhões de dólares naquela concessão, que poderá garantir uma produção anual de cerca de dez milhões de quilates.
A mina de Luaxe deverá representar reservas à volta de 350 milhões de quilates e conta com uma previsão de exploração de mais de 30 anos.
Em marcha estão também outros contratos de investimento mineiro, inicialmente de cinco anos, com a atribuição de direitos mineiros de prospecção e avaliação de jazigos secundários de diamantes na província do Bié, numa área de concessão de 2.700 quilómetros quadrados.
Para o efeito é constituída a associação entre as empresas Endiama Mining (30%), SINL (60%) e Gemston (10%), que prevêem investir, enquanto promotores, 20 milhões de dólares.
Ainda no Bié o consórcio formado pela Endiama Mining (30%), Arpef (55%) e Gemston (15%) vai investir 10 milhões de dólares na prospecção de jazigos secundários de diamantes numa área de 772,2 quilómetros quadrados, através de um contrato com duração inicial de cinco anos.
Na província do Huambo avança a prospecção numa área de 3.000 quilómetros quadrados, num contrato com duração inicial de cinco anos e um investimento de cinco milhões de dólares a realizar pelo consórcio formado pela Endiama Mining (40%) e Chifil (60%).
O quarto contrato de investimento mineiro envolve a Endiama Mining (30%), Global Gems (45%), Cimader (9%), Gemston (8%) e Lumege (8%), que vão investir cinco milhões de dólares na prospecção ao longo de uma área com 3.000 quilómetros quadrados na província da Lunda Sul, num contrato inicial de um ano.
Carlos Sumbula, assumiu em Janeiro de 2015 que pode estar para breve a descoberta de uma nova mina de diamantes de grande dimensão no país, face aos estudos que têm vindo a ser realizados.
“Podemos dizer que os indícios que estamos a encontrar indicam que acabaremos por descobrir uma mina importante”, explicou Sumbula.
De acordo com Carlos Sumbula, os estudos já realizados, em conjunto com parceiros da Endiama, concluíram que os kimberlitos mineralizados e os diamantes explorados ao longo dos últimos cem anos – a exploração iniciou-se ainda no período colonial português – representam apenas uma pequena parte do potencial do país.
“A certeza de descobrir uma mina importante é cada vez maior”, disse o administrador.
Folha 8 com Lusa