Homens armados da Renamo protagonizaram três ataques a viaturas civis em Muxúnguè e Maringué, centro de Moçambique, ferindo três pessoas, uma das quais com gravidade.
S ididi Paulo, oficial de imprensa no comando da Polícia de Sofala, disse à Lusa que no princípio da manhã de hoje três viaturas civis foram metralhadas em dois ataques na zona de Zove e Gorungudji, no troço Save-Muxúnguè, junto à N1, a principal estrada que liga o sul, centro e norte de Moçambique.
O ataque resultou em duas pessoas feridas e que foram tratadas no hospital rural de Muxúnguè.
Segundo a polícia, a quase 300 quilómetros a norte do local dos primeiros ataques, uma viatura foi atingida por balas no distrito de Maringué, no troço Nhamapadza-Caia, na mesma N1, feriu com gravidade o motorista do carro, tendo os restantes ocupantes saído ilesos.
“As forças de defesa e segurança, que condenam estas acções, estão no terreno, e prontas para garantir a ordem, segurança e tranquilidades públicas”, destacou Sididi Paulo, adiantando ser ainda prematuro para se falar na reactivação de colunas de escoltas militares a viaturas civis nos troços sob ameaça.
Sididi Paulo referiu que a situação mantém-se calma e controlada nas duas regiões dos ataques de hoje e que a polícia está a tentar neutralizar e responsabilizar os respectivos autores.
Na quinta-feira, a polícia moçambicana acusou a Renamo de ter protagonizado dois ataques a cinco viaturas junto à N1, no troço Save-Muxúnguè, em Sofala, que resultou no ferimento de três pessoas por estilhaços de vidros.
A Renamo, através do seu departamento de defesa e segurança, anunciou a pretensão de implantar postos de controlo nas principais estradas do centro de Moçambique, para travar a onda de raptos e execuções de seus membros, segundo fontes do partido.
A medida, saída de uma reunião entre antigos generais e oficiais militares da Renamo e o líder Afonso Dhlakama, pretende fiscalizar viaturas suspeitas, para parar execuções, deter os raptores e entregá-los à polícia.
O porta-voz da Renamo, António Muchanga, disse entretanto que os postos de controlo só serão erguidos se continuar a alegada perseguição a membros do seu partido.
Em 2013, a Renamo bloqueou a circulação rodoviária no troço Save-Muxúnguè (Sofala), junto a N1, com frequentes ataques a viaturas civis e militares.
A situação condicionou a circulação à existência de colunas de escoltas militares naquele troço e só terminou com a assinatura do acordo de cessação das hostilidades, a 5 de Setembro de 2014.
Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo ameaça tomar o poder, a partir de Março, em seis províncias do norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
Nas últimas semanas, o país tem conhecido uma escalada de violência política, com relatos de confrontos militares e denúncias de raptos e homicídios de membros das duas partes.