Em Abril deste ano, cerca de 700 pessoas perderam suas vidas em uma única viagem no Mediterrâneo. Em comum entre elas, apenas dois factos: imigração ilegal e a ocupação do mesmo barco naufragado.
Por Gabriel Bocorny Guidotti (*)
M otivados por guerras, conflitos e doenças nos países de origem, os imigrantes lançam-se aos mares na busca de uma realidade mais digna. Lamentavelmente, o número de mortos nas travessias aumenta paulatinamente.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 2 mil pessoas já morreram em 2015 tentando cruzar o Mediterrâneo. Os números tendem a superar, de longe, os registrados em 2014. No último domingo (9), a Marinha italiana interceptou quatro barcos que levavam mais de 400 pessoas a bordo. Encarcerados, os imigrantes ilegais retornam aos seus países, e, não raro, tentam migrar novamente, arriscando a sua vida e a de seus familiares.
No Mediterrâneo, a maior parte dos imigrantes provém de nações africanas. A Itália e a Grécia, por mais que a economia destes dois países não goze de bom momento económico, são destinos altamente visados, em função da proximidade. Os agentes da travessia constituem piratas contemporâneos. Indivíduos que sabem bem da ilegalidade dos seus actos e cobram caro para promovê-la. Uma única viagem pode custar milhares de dólares.
Recentemente, a chanceler alemã, Angela Merkel, enfatizou a necessidade de lutar “contra o que origina esses fluxos de imigração”, a fim de impedir “que pessoas sigam morrendo de maneira tão cruel, na porta da Europa”.
Eis a política europeia de direita que favorece leis antimigração. De qualquer modo, a comunidade internacional está atenta ao fluxo no Mediterrâneo, mas com intuito de afastar os imigrantes. Ninguém quer se tornar responsável por todos os refugiados do mundo.
É triste imaginar o que passam esses indivíduos na travessia. Os barcos – abarrotados – equalizam a esperança de um futuro melhor com o sacrifício de dias em meio à imensidão do mar, no qual muitos perecem. Tratar com urgência a questão dos imigrantes é obrigação global.
Em pleno século 21, tamanhas indignidades devem ser combatidas, no sentido de pacificar os problemas nos países de origem. Caso contrário, vidas continuarão sendo perdidas.
(*) Jornalista e escritor – Porto Alegre, Brasil
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