UNITA APONTA MEDIDAS PARA ESTANCAR SURTO DE CÓLERA

O Governo Sombra da UNITA (GSU) instou hoje o governo angolano a comprometer-se com a materialização, dentre as distintas medidas apresentadas, a reformulação urgente do plano de distribuição de água potável face ao desenvolvimento epidemiológico do surto de cólera, cujo primeiro caso foi confirmado a 7 de Janeiro, quando já se tinham registados cinco óbitos e 25 casos suspeitos da doença.

Por Berlantino Dário

Segundo o GSU, o país precisa urgentemente de um novo paradigma face às “condições precárias em que vive a grande maioria da população residente em zonas suburbanas”, e exortou, em nota, o governo de Angola que se comprometa com a materialização de medidas, tais como:

“Reformulação urgente do plano de distribuição de água potável, de modos a garantir que a água potável chegue de facto até à última localidade, pois, a água é o recurso natural que mais abunda em Angola; é urgente que se façam maiores investimentos em saneamento nos grandes centros urbanos e não só; fomento da informação sobre a cólera a nível das comunidades mais vulneráveis, porque se melhorarmos o conhecimento por parte das populações, concernente ao tratamento adequado da água para o consumo, minimizaremos o risco da disseminação da doença; fortalecimento do combate à carência nutricional que actualmente devasta a grande maioria da população vivendo em zonas de risco, 3 uma vez que a desnutrição torna o indivíduo mais vulnerável a contrair esta doença.”

Entretanto, de acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde de Angola, até à semana finda, foram identificados cerca de 170 casos suspeitos, 30 casos confirmados e registaram-se 15 óbitos, assolando localidades limítrofes das províncias de Luanda, Icolo e Bengo e Bengo, o que reflecte o rápido progresso do surto e disseminação da doença.

Na nota, o Governo Sombra do “Galo Negro” lamenta igualmente pelo facto de, apesar de o país estar há pouco menos de cinco anos para o fim da Agenda 2030 dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), em que Angola é subscritora, ainda se registam casos de cólera, doença considerada como consequência do “mau saneamento do meio e da extrema pobreza, dando sinais que o país está de marcha contrária em relação aos compromissos internacionais”.

“O Governo Sombra da UNITA entende que os surtos recorrentes de cólera são a consequência directa da inversão gritante de prioridades em saúde, sendo notórios maiores investimentos na rede terciária de saúde em detrimento dos cuidados primários de saúde. Curiosamente este surto coincide com uma quebra no fornecimento de água nestas zonas afectadas que já dura há mais de três meses”, salienta o comunicado.

Por outro lado, o governo do maior partido na oposição endereçou palavras de consolo às famílias que perderam os seus ente queridos e de encorajamento à população que ainda vive em situação de alto risco sanitário, e apelou à observância “rigorosa” das medidas de biossegurança orientadas pelas autoridades sanitárias do país.

Recorde-se que, foi há 8 anos que Angola registou o último surto de cólera, afectando as províncias de Cabinda, Luanda e Zaire com um total de 252 casos e 11 mortes, entre 2016 e 2017, facto que reflecte “regressão acentuada da qualidade de vida das famílias nos últimos anos e consequente desestruturação do tecido social a nível das comunidades”, aspecto que contraria os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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