SOLDADOS NORTE-COREANOS FALAM DA UCRÂNIA

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Os soldados norte-coreanos destacados para a Ucrânia no âmbito do esforço de guerra da Rússia falaram publicamente pela primeira vez, revelando confusão, medo e um sentimento de abandono num conflito que mal compreendem.

Por Jung Chul-hwan, Lee Jung-soo

“Os ucranianos são todos simpáticos? Eu quero viver aqui. Se me disserem para voltar (para a Coreia do Norte), eu vou…”

Estas foram as palavras de um jovem soldado norte-coreano, deitado numa cama de hospital com as mãos enfaixadas. Em 12 de Janeiro, o governo ucraniano divulgou imagens de dois soldados norte-coreanos capturados a serem interrogados após a sua captura durante confrontos na região russa de Kursk. Foi a primeira vez que as vozes dos soldados norte-coreanos, destacados pela Rússia para combater na Ucrânia desde Novembro, foram ouvidas publicamente.

O mais novo dos dois soldados, de 20 anos (designado por Soldado 1), respondeu suavemente sem se levantar da cama, piscando os olhos enquanto falava. O outro, de 26 anos (Soldado 2), não conseguia falar devido a ferimentos graves no maxilar e apenas acenou com a cabeça em resposta. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky partilhou o vídeo no seu canal Telegram no mesmo dia. O interrogatório foi conduzido em coreano por um tradutor, que parecia estar ligado à agência de informações da Ucrânia.

Os soldados capturados pareciam desorientados, sem saber onde se encontravam ou porque estavam a arriscar a vida numa terra remota e gelada. O Soldado 1 negou saber que estava a lutar contra a Ucrânia e disse que os seus comandantes tinham descrito a situação como um treino que deveria ser tratado como um combate real.

Desde 13 de Janeiro, o Serviço Nacional de Informações da Coreia do Sul informou que cerca de 3.000 dos cerca de 12.000 soldados norte-coreanos destacados para a Rússia foram mortos em combate.

Os dois soldados capturados foram detidos na região de Kursk, uma área parcialmente sob controlo ucraniano. O Soldado 1, um soldado de infantaria recrutado em 2021, e o Soldado 2, um franco-atirador ao serviço desde 2016, mostraram atitudes diferentes. O Soldado 1, que tinha um corte de cabelo curto e um bigode fraco, parecia menos assustado e mais aliviado por ter escapado ao campo de batalha. Quando o tradutor o encorajou a cuidar da sua saúde e a alimentar-se bem, acenou com a cabeça mas hesitou, manifestando preocupação com a possibilidade de ser enviado de volta para a Coreia do Norte. O seu comportamento sugeria uma consciência da precariedade da sua situação numa terra desconhecida.

Surgiram também provas que sugerem que as famílias dos soldados norte-coreanos destacados foram mantidas na ignorância sobre a sua missão na guerra Rússia-Ucrânia. Quando lhe perguntaram se os seus pais sabiam onde ele estava, o Soldado 2 abanou a cabeça. Quando lhe perguntaram se desejava regressar à Coreia do Norte, hesitou antes de acenar com a cabeça, aparentemente perdido em pensamentos sobre a sua família.

O Soldado 1 fez um relato pormenorizado do combate, explicando que inicialmente acreditou tratar-se de um exercício de treino. Contou ter visto os seus camaradas serem mortos a 3 de Janeiro, ter procurado abrigo num bunker e ter sofrido ferimentos a 5 de Janeiro – o mesmo dia em que as forças ucranianas lançaram uma grande contraofensiva a norte de Sudzha, uma área estratégica em Kursk.

Depois de divulgar as imagens, o Presidente Zelensky partilhou na plataforma de comunicação social X (antigo Twitter) que a Ucrânia só consideraria a possibilidade de devolver cidadãos norte-coreanos a Kim Jong-un como parte de uma troca de prisioneiros envolvendo soldados ucranianos detidos pela Rússia.

Escrevendo em coreano, sugeriu que poderiam ser exploradas opções alternativas para os soldados norte-coreanos que não desejassem regressar. Esta declaração marcou a primeira vez que o Presidente Zelensky reconheceu publicamente a possibilidade de os prisioneiros de guerra norte-coreanos permanecerem na Ucrânia ou serem transferidos para um país terceiro.

Embora Zelensky não tenha mencionado especificamente a Coreia do Sul, desertores norte-coreanos e grupos internacionais de defesa dos direitos humanos apelaram a que fosse dada aos soldados norte-coreanos capturados a possibilidade de se reinstalarem na Coreia do Sul, em conformidade com o direito internacional em matéria de direitos humanos e com a Constituição da Coreia do Sul.

Nota: Este é um texto publicitário que apenas vincula a entidade contratante do espaço.

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