REVOLUÇÃO POPULAR CONTRA AS DITADURAS

Os Estados em muitas geografias mundiais cunham nas constituições, a independência dos três órgãos de soberania e direitos fundamentais, mas na prática o “modus operandi” é diametralmente oposto. Coarctam, espancam, prendem e assassinam, todas tentativas de manifestação e reunião, em prol das liberdades, alternância e democracia. O executivo de Angola, esmera-se na prática de afirmar ter a galinha chocado um jacaré. Tudo com a cumplicidade do ocidente, que defende um tipo de democracia na Europa e Estados Unidos e outra em África, mas próxima da ditadura, ladroagem e corrupção. Estamos a viver uma verdadeira revolução de conceitos!

Por William Tonet

O ano 2024 foi mau. Muito, muito! Governativamente péssimo. Os pobres foram assassinados, como nunca antes, em 49 anos, na sua dignidade e, mais grave, despojados, expressamente, do princípio constitucional de igualdade.

A incompetência, injustiça, ladroagem e corrupção constituíram as imagens de marca de quem (des)governa Angola e nem a fanfarra com a vinda de Joe Biden, conseguiu apagar, o escândalo de uma estrada terraplanada, para a refinaria do Lobito, ter sido orçada em mais de mil, milhões de dólares. Escandalosa roubalheira!

A fome e a miséria foram e são, masoquistamente, esquecidas dos discursos oficiais, quando têm ciência, de estarmos diante da maior crise provocada, na vida das populações, desde que em 2017, decidiram adoptar o programa económico neoliberal de extrema-direita.

O MPLA afastou-se das causas sociais dos pobres. Da esquerda prometida. Aliou-se, como nunca antes, na sua história, aos ricos, especuladores ocidentais e fundamentalistas islâmicos, que estão a quadricular, colonialmente, através do poderio económico, o país.

O MPLA estimulou ainda mais em 2024, o desemprego, a alta dos preços da cesta básica, dos impostos, da inflação, da desvalorização do Kwanza e das injustiças.

O MPLA promove, através destas políticas, a prostituição infantil, nas grandes cidades, fora dos bordeis, levando-a ao redor das bombas de combustível, muros das escolas, onde os colchões são de betão e meninos e grandalhões, nacionais e estrangeiros as sexualizam sem desprimor, por ausência de políticas e acções proteccionistas do Executivo.

As meninas, sem escala menstrual e de período fértil, estão a gerar outros menininhos, que nascem na rua, crescem na rua e morrerão, seguramente, nas ruas, sem toponímia, fruto de pais desconhecidos, chineses, malianos, eritreus, libaneses, nigerianos ou “pais- meninos”, pretos pobres de rua, atirados a sua sorte, que inalam gasolina, para se sentirem fortes, uma vez abandonados a sua sorte.

Igualmente abandonado e aprisionado continuou em 2024, o corpo de JES, por alegada ordem e graça do Presidente da República, João Lourenço, de tal monta que os filhos e familiares directos, não conseguirem ver o corpo do pai, com regularidade, por restrições superiores.

O indulto concedido, no 01 de Janeiro de 2025, ao filho varão, José Filomeno dos Santos, “Zenú dos Santos”, não apaga a mágoa de ter sofrido, humilhação, prisão ilegal, devassa a vida pessoal, difamação caluniosa e, para rematar, proibição de visitar o pai, em Espanha, quando este, já se encontrava em coma.

Na mesma linha, não cessou a perseguição impiedosa à primogénita de JES, numa obsessão indescritível de a ver atrás das grades. As inúmeras deslocações de oficiais da Segurança e da Procuradoria Geral da República, a Dubai, com objectivo de a prender e extraditar, para ser apresentada como o maior troféu, do alegado combate aos crimes de corrupção, é disso exemplo.

“Ainda não a prenderam, por o tio Putin ter colocado a sua disposição seguranças russos, altamente preparados, ligados ao ex-grupo Wagner, que têm instruções de defesa máxima”, disse uma fonte de F8.

O anúncio da venda da UNITEL, que era uma empresa rentável, “raivosamente” levada a falência, teve anúncio de venda pela BODIVA, cuja administração integra a filha do Presidente da República. Mera coincidência ou registo histórico?

O MPLA, em 2024, não abandonou a lógica da fraude e da injustiça eleitoral, que constitui a verdadeira razão da estratégia de manutenção no poder, com clássicos golpes de Estado, banhando já, as eleições gerais de 2027.

A batota eleitoral, visa levar os principais actores políticos (oposição-UNITA) à, com o tempo (dois anos e meio de antecedência), se esquecerem de actos e leis estelionatárias aprovadas:

a) Lei dos Crimes contra o Vandalismo (aprovado pelo MPLA, para conter as manifestações populares);

b) aprovação de uma lei, conferindo ao MPLA, o controlo maioritário (ilegal) da Comissão nacional Eleitoral, com nove comissários, contra quatro da UNITA, quando aquele (MPLA) decresceu em votos e mandatos e, este (UNITA), cresceu, em votos e mandatos. Deveria ser 9 para um e 8 para outro;

c) Nomeação pelo Presidente da República, com base na al.ª e) do art.º 119.º CRA, de mais um jurista do MPLA, que será convertido em juiz, sem nunca ter sido magistrado, tudo para manter o controlo maioritário (inconstitucional) de juízes partidocratas.

Eles mandam bugiar a verdade eleitoral, a transparência da CNE, a legitimidade do voto popular e a democracia, contando que, em 2027, Joseph Stalin, ex-ditador soviético, será ressuscitado com a máxima: “Não importa quem vota, importa quem conta os votos”.

Em Angola é o MPLA quem conta! Com exclusão de qualquer lógica de transparência. Está tudo dito…

A lógica da batata, na lei da batota, visa garantir a perpetuidade no poder do partido do regime, que monta, antecipadamente, o “puzzle-garantia” de em nenhuma instância mascarada de legalidade, os adversários vingarem nas denúncias.

Viremos a página.

O ano de 2025 será pior. Um verdadeiro tsunami. Tudo por não terem ascendido ao poder, nem no VIII congresso do MPLA, mulheres e homens bons.

No executivo, igualmente, nem com lupa se descobre, um número razoável de nacionalistas, patriotas, com coluna vertebral, capaz de andar em sentido contrário à bajulação.

Quem lá está carece de humanismo e sensibilidade para com os mais carenciados. Não estão comprometidos com a angolanidade.

Os discursos de final de ano, de todos, absolutamente todos, dirigentes, mostraram o escárnio que a elite, que (des)governa Angola há 49 anos, debita nos 20 milhões de pobres.

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One Thought to “REVOLUÇÃO POPULAR CONTRA AS DITADURAS”

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