O momento continua a ter momentos escaldantes. Trapaceiros de mil. Injustificáveis de milhões. Uma baderna de biliões. Numa passadeira vermelha, onde a roubalheira tem direito institucional de carácter palaciano. O regabofe não é novo, faz parte do ADN do regime… E isso torna, com legitimidade, o MPLA como o partido político com mais corruptos, por metro quadrado, no mundo…
Por William Tonet
O país está distraído com mais um, apenas, mais um, dos muitos roubos de milhões e milhões de kwanzas dos cofres públicos, que ocorrem diariamente. Não foi o primeiro. Não será o último. Por isso, o que indigna, os homens de bem, não é o “quantum” delapidado, mas a qualidade dos agentes delapidadores.
Os larápios fazem parte do exército juvenil do presidente João Lourenço, que os defendeu, no VIII congresso extraordinário do MPLA, como tendo condições de exercerem altos cargos na governação, incluindo o da Presidência da República. Sim, têm, sendo a roubalheira o primeiro critério de avaliação.
Neste quesito, João Lourenço acertou em cheio! A engenharia, mesmo sendo sofisticada, deixa rastos… Nada de novo, pois desde a partida dos colonialistas portugueses, em 1975, que o desvario dos ditos libertadores; seniores e juniores, não tem limites, na cadeia dos milhões de bens imóveis e móveis, roubados aos milhões de autóctones pobres.
O MPLA não está nada espantado, com o acto dos meninos da AGT, por isso não se indigna. O presidente e a sua vice, nem mesmo, em homenagem à abertura do ano político 2025, esboçaram condenação. Pelo contrário! O silêncio fala tudo, em apoio às políticas económicas erróneas, pedantes e colonialistas, assentes na doutrina de saque, ao erário público, através de legiões de larápios, ideologicamente, identificados e formatados, que agem em nome pessoal e do partido, daí o acúmulo de funções.
Por isso, a mim, não indigna tanto o roubo de milhões, por ser continuado, mas o assassinato da ética, dos valores e da moral republicana. O MPLA, principalmente nos últimos 8 anos, multiplicou a engenharia da corrupção em todos os quadrantes.
A ministra das Finanças, dias antes havia anunciado ao país um défice que exigia uma verba de 7,3 mil milhões de kwanzas, para satisfazer as obrigações públicas imediatas. Coincidência ou não foi o mesmo montante que os seus “muchachos” delapidaram, triplamente.
É mera coincidência? Em política não as há…
Mais grave, o roubado é superior ao destinado no OGE para o sector social: 2, 24 biliões, para a educação; 1,94 biliões à Saúde; 1,67 biliões à Habitação e serviços comunitários e 1,38 biliões à Protecção Social, num total de 7,46 biliões de kwanzas.
Por esta razão, se entende, agora que quando os picos de fome dos pobres aumenta, a sensibilidade da Presidência da República, vira-se para o aumento da frota de carros de luxo, avaliados em mais de 80 milhões de euros e de um novo avião presidencial Boeing 787-8 BBJ Dreamline, na ordem de 300 milhões de dólares.
E, para satisfazer os egos do amigo dos Transporte, encomenda-se três aviões comerciais Boeing 787 White Tail Dreamliner, na ordem de 87 milhões de dólares, a unidade para uma empresa como a TAAG, que carece de organização, gestão e rotas capazes de gerarem o retorno do investimento…
Na fase inicial foram investidos 150 milhões de dólares, através de um consórcio de bancos e uma garantia de Estado assinada por João Lourenço de 110 milhões de dólares para pagamentos antecipados a favor da TAAG…
E, quando se julgava desistir, na primeira esquina é cancelado o barco de fuba, arroz, peixe e feijão, para dar lugar a nova importação de Jeeps, para os membros do Conselho da República, que nada mais fazem, do que não aconselhar…
Mas, para não ficar mal, na fita, a vice-presidente, aos 02 de Maio de 2024, valida a aquisição de jeeps top de gama, para o seu gabinete (blindados) e 20 (com kit especial) para o Conselho Nacional de Viação, na ordem de mais de 2,5 milhões de dólares, quando milhões de autóctones, comem diariamente, nos contentores e monturos de lixo.
Estes exemplos de insensibilidade, para com a maioria dos pobres, vindos do andar de cima, estimulam os ladrões de colarinho branco-mirins. Por isso o executivo rejeita a meritocracia de quadros competentes da sociedade civil, para exclusivamente ficar com gente obtusa, que faz dos órgãos e instituições do Estado, sua pertença.
Daí não estranhar a ousadia inspiradora destes meninos roubaram milhões? Porque aprendem desde cedo ser este o “modus operandi” da governação.
Os 100% dos imóveis onde estão as sedes do MPLA, foram surripiados ao Estado, sem nenhuma contrapartida financeira. Igualmente, as reparações, formações e eventos partidários, são realizados com dinheiro, solicitado a empresas públicas, sem direito a retorno. A SONANGOL, ENDIAMA e afins estão com dificuldades financeiras e na pré falência, muito por culpa da lógica de rapina do MPLA.
Os meninos da AGT na primeira fase, roubaram 7,8 biliões (mil milhões) de dólares. Na segunda foram 18,9 e na terceira 35 mil milhões de kwanzas, vista pela cúpula, uma gota num oceano viciado, pelos mais velhos, que os jovens marinheiros formados na sede do Kremlin do 1.º de Maio, dão sequência.
E tanto assim é que, a acção pirotécnica, colhe o silêncio e aparente cumplicidade do Presidente da República, da ministra das Finanças e da vice-presidente e bureau político do MPLA. As prisões filmatográficas diárias fabricando factos novos, não aportam o mérito da engenharia da ladroagem empregue…
Vergonhosamente, o monopólio partidocrata criado na comunicação social pública, na vigência de JLO, tendo a TPA e arredores, na liderança da disseminação de mentiras, condenações na imprensa, através de reportagens de ficção, cujo objecto final é esconder o aumento da corrupção que não para de crescer, quando prometeram combater.
Como quem cala consente, este “modus operandi” é a demonstração do ADN do partido do regime, que opta por recrutar quadros sem ética e moral, privilegiando os analfabetos administrativos e delinquentes financeiros.
Ao longo de 50 anos de poder exclusivo, o MPLA vem assassinando a ética, a moral e os valores na Administração Pública, através da construção de auto-estradas partidocratas que endeusam os ladrões, os corruptos e os assassinos.