QUEDA DE 6,7% NAS EXPORTAÇÕES DE ANGOLA PARA A CHINA

As exportações dos países de língua portuguesa para a China caíram 5,3% em 2024, para 139,7 mil milhões de dólares (134,4 mil milhões de euros), de acordo com dados oficiais divulgados hoje. As exportações de Angola decrescerem 6,7% para 17,6 mil milhões de dólares (17 mil milhões de euros) em 2024.

Segundo informação do Serviços de Alfândega da China, a descida deveu-se sobretudo ao maior fornecedor lusófono do mercado chinês, o Brasil, cujas vendas caíram 5,2% para 116,1 mil milhões de dólares (111,7 mil milhões de euros).

Além disso, também o segundo maior parceiro comercial chinês no bloco lusófono, Angola, viu as exportações decrescerem 6,7% para 17,6 mil milhões de dólares (17 mil milhões de euros) em 2024.

Pelo contrário, as vendas de mercadorias de Portugal para a China aumentaram 8,9% para 3,17 mil milhões de dólares (3,05 mil milhões de euros), enquanto as exportações de Moçambique subiram 1% para 1,81 mil milhões de dólares (1,74 mil milhões de euros).

Já as exportações da Guiné Equatorial para o mercado chinês desceram 28%, para 981,7 milhões de dólares (944,3 milhões de euros), enquanto as vendas de Timor-Leste (menos 98,8%), Cabo Verde (menos 80,9%) e São Tomé e Príncipe (menos 74,8%) também caíram em comparação com 2023.

As exportações da Guiné-Bissau para a China caíram 43,4% em 2024, embora o país não tenha vendido mais de mil dólares (cerca de 962 euros) em mercadorias.

Na direcção oposta, as exportações chinesas para os países de língua portuguesa aumentaram 16,5% no ano passado e atingiram um novo recorde, 85,5 mil milhões de dólares (82,2 mil milhões de euros).

Este é o valor mais elevado desde que o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) começou a apresentar estes dados, em 2013.

Os dados revelam que o Brasil foi o maior comprador no bloco lusófono, com importações vindas da China a atingirem 72,1 mil milhões de dólares (69,3 mil milhões de euros), uma subida de 21,9% em termos anuais.

Em segundo na lista vem Portugal, que comprou à China mercadorias no valor de 6,11 mil milhões de dólares (5,88 mil milhões de euros), mais 5,5% do que em 2023.

Apesar do novo recorde das exportações chinesas e da queda no lado dos países de língua portuguesa, a China registou um défice comercial de 54,2 mil milhões de dólares (52,1 mil milhões de euros) com o bloco lusófono em 2024.

Ao todo, as trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 225,2 mil milhões de dólares (216,6 mil milhões de euros) no ano passado, mais 2% do que em 2023.

Apesar de ainda ser o maior parceiro do continente africano, o financiamento chinês aos países africanos caiu para menos de mil milhões de dólares (904,6 milhões de euros) em 2022, o último ano para o qual há dados compilados, representando o valor mais baixo em quase duas décadas.

Desde o pico de 28,5 mil milhões de dólares atingido em 2016, em 2021 a China fez apenas sete empréstimos no valor de 1,22 mil milhões de dólares, e em 2022 o valor caiu para 994 milhões de dólares, com apenas nove financiamentos, o nível mais baixo desde 2004.

“A pandemia de covid-19 influenciou estes números, mas muita da descida explica-se com a redução do nível de exposição” à evolução das finanças públicas africanas, comentou o investigador deste Centro e um dos gestores da bases de dados do Centro sobre este tema, referindo-se à degradação da situação económica dos países africanos no seguimento da pandemia, que aprofundou dificuldades já existentes e obrigou vários países a renegociarem os termos dos empréstimos chineses, com alguns, como a Zâmbia e o Chade, a entrarem em Incumprimento Financeiro (“default”).

No caso particular de Angola, a China ofereceu, em 2021, uma moratória sobre o pagamento dos empréstimos durante dois anos, e já este ano aceitou que parte das verbas depositadas numa conta de garantia de pagamento dos empréstimos pudesse ser usada para ajudar o país a cumprir com as suas obrigações financeiras.

Para além dos investimentos feitos pela China, a dívida do segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana ao ‘gigante asiático’ equivale a cerca de 40% de toda a dívida externa, num montante a rondar os 17 mil milhões de dólares, disse a ministra das Finanças angolana, Vera Daves..

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