O reino do MPLA, criado há 50 anos quando o território se chamava Angola, arrecadou 31,4 mil milhões de dólares (28,1 mil milhões de euros) em 2024 com a exportação de 393,4 milhões de barris de petróleo bruto, comercializados ao preço médio de 79,7 dólares, avançou hoje o Governo.
Segundo o secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barroso, em 2024 a China liderou o destino das exportações angolanas, com 51,91%, seguindo-se a Índia, com 10,02%, Espanha, com 6,27%, e Indonésia, com 4,81%.
O volume exportado representou um aumento de 1,80% em relação a 2023, enquanto o valor resultante das exportações decresceu em 0,11%.
No que se refere ao gás natural no ano passado, as exportações atingiram o total de cerca de 4,6 milhões de toneladas métricas e um valor arrecadado de aproximadamente 2,6 mil milhões de dólares (2,3 mil milhões de euros).
José Barroso destacou que o volume de gás exportado em 2024 cresceu em cerca de 2,3% comparativamente a 2023, sendo a Índia o principal destino das exportações de LNG (Gás Natural Liquefeito), com cerca de 53% do total comercializado.
Enquanto isso, Executivo do general João Lourenço continua empenhado na eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis, embora não pretenda eliminá-los por completo em 2025, afirmou, em Davos, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, em entrevista à agência de informação financeira Bloomberg.
“O Governo mantém-se empenhado na eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis, embora não pretenda eliminá-los por completo em 2025, pois isso poderia criar “dificuldades desnecessárias” para os cidadãos do país, acrescentou o governante que representou o Presidente da República, general João Lourenço (bem como o Presidente do MPLA e o Titular do Poder Executivo), na 55ª Reunião Anual do Fórum Económico Mundial.
Na entrevista, o ministro de Estado anunciou ainda que o Governo pretende angariar até dois mil milhões de dólares em Eurobonds (títulos da dívida em moeda estrangeira) este ano, no âmbito dos esforços para alargar os prazos de vencimento e reduzir o custo da dívida.
“Este ano, vamos aos mercados para emitir Eurobonds”, afirmou José de Lima Massano, realçando que “não será diferente do que fizemos antes: mil milhões de dólares, podendo ir até 2 mil milhões de dólares.”
Para o ministro de Estado, os preços e prazos de vencimento da dívida são “críticos, para que não haja pressão adicional sobre a dívida pública. “Espero que a inflação mantenha esta tendência descendente para que tenhamos acesso a fundos em termos cada vez mais favoráveis”.
Angola celebrou recentemente dois acordos de financiamento com o JPMorgan Chase & Co no valor de mil milhões de dólares, fundos que serão utilizados para financiar o orçamento do país para 2025, incluindo projectos de infra-estruturas que visam aumentar o abastecimento de água e de electricidade, e os hospitais, segundo Massano citado pela Bloomberg.
Questionado sobre se o seu Governo estava a preparar novos acordos de financiamento semelhantes aos celebrados com o JPMorgan, Massano disse que Angola “continua à procura de oportunidades”.
“Estamos a tentar, tanto quanto possível, alargar os prazos de vencimento”, frisou o chefe da equipa económica, sublinhando que o país está a seguir as orientações do Fundo Monetário Internacional (FMI) em matéria de gestão de recursos, mas não considera, nesta altura, outro programa de financiamento com o Fundo.
A economia angolana deverá expandir-se cerca de 4% este ano, em comparação com um crescimento de “pouco acima de 4%” em 2024, resultante do desempenho dos sectores fora do petróleo e do programa de privatizações.
“Continuamos a procurar formas de eliminar os estrangulamentos da economia, para que as empresas possam continuar a crescer. Por isso, esperamos que 2025 seja outro bom ano”, sublinhou.
Quanto às privatizações, o ministro de Estado disse que nos próximos meses vão privatizar a empresa de telecomunicações UNITEL, sendo que parte desta operação está a ser feita através da bolsa de valores.
O Governo irá também alienar participações no Banco de Fomento Angola, o seu segundo maior banco, e a unidade local do Standard Bank Ltd.
As três empresas estão entre as maiores das quase 200 empresas e activos estatais que o Governo inicialmente marcou para alienação em 2019, com vista a angariar dinheiro e diversificar a economia para além do petróleo.
De acordo com o ministro de Estado, mais de metade dessas empresas já foram privatizadas. “Decidimos lançar um programa massivo de privatizações de empresas estatais. Está a acontecer”, frisou.
No quadro da sua participação no Fórum Económico de Davos, o ministro de Estado desenvolveu uma intensa actividade de contactos bilaterais com decisores políticos, investidores e gestores empresariais, entre outras entidades, com a finalidade de explorar e promover parcerias público-privadas para a mobilização de recursos para o desenvolvimento económico de Angola.
Durante a sua estada em Davos, José de Lima Massano encontrou-se com CEO’s e representantes de várias empresas, como a Trafigura, Citigroup, De Beers, Standard Chartered Bank, Menzies Aviation, JP Morgan, Africa Finance Corporation (AFC), ministro português da Economia, De Beers, vice presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, presidentes do África Finance Coorporation e do Afriximbank, governador do Banco Central da África do Sul, e com antigo primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair (1997-2007), agora nas vestes de presidente do Instituto para a Mudança Global.
Massano participou também no Fórum dos Amigos da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AFCFTA), que decorreu sob o tema “Transformar o Comércio Digital num Catalisador do Crescimento em África”, com o objectivo de impulsionar a implementação da AFCFTA, através de parcerias público-privadas.
Este Fórum, em que esteve presente o antigo primeiro-ministro do Reino Unido, constitui-se numa plataforma dinâmica para um diálogo visionário sobre comércio digital e o papel crucial do sector privado no avanço da implementação do Protocolo de Comércio Digital da AFCTA, adoptado pelos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, em Janeiro de 2024.
O governante do MPLA também participou num workshop sobre “Investimento em Cadeias de Valor de Minerais Críticos”, onde defendeu a importância da exploração sustentável e inclusiva de recursos minerais estratégicos e das parcerias público-privadas.