PARECER PARA SER OU SER PARA PARECER?

Para incentivar os jovens, sobretudo os incrédulos, é necessário referências locais. Digo locais porque vivem ou viveram os mesmos desafios, dificuldades e estereótipos. Apesar de tudo, superaram. É destas referências a que me refiro. Em que o percurso da pessoa deve-se ao mérito, compromisso com o país, e não pelas conveniências.

Por Tomás Alberto 

Precisamos de apostar em jovens de méritos, comprometidos com o país, e com percurso comprovado que acreditam no potencial de Angola e do seu povo, para motivar outros.

Que sua história não se confunda com a história da carochinha que, segundo ela, depois de vender ovos e cerveja criou o império das telecomunicações (Unitel).

Uma história de i10 que cresceu até se tornar uma frota de camiões em tão pouco tempo; quando na verdade já nasceu Ferrari. Por precaução andava com dois sistemas de combustível, pronta para abastecer a Ferrari em andamento, tão logo o piloto de reserva do combustível acendesse, para não se notar que a Ferrari também ficava sem combustível.

Em Angola ainda só temos referências nacionais de políticos com percurso e méritos, que venceram os seus desafios, dificuldades e estereótipos. Refiro-me aos políticos que lutaram para o alcance da independência nacional.

Os jovens actuais, não inspiram. Você sabe onde ele está, mas não sabe de onde ele começou. Se aprofundarmos um pouco mais, descobriremos que não é por mérito, mas por conveniência do pai, tio, genro, padrinho ou mesmo por afinidade. Igual à história contada pela carochinha, do ovo e cerveja que nasceu a Unitel.

Um dos poucos jovens políticos de mérito que teve um percurso, e soube representar muito bem à juventude, foi o falecido Luther Rescova, um jovem que deixa saudades; soube fazer o equilíbrio entre merecer a confiança dos kotas, e ajudar a juventude.

Se a produção de bens e serviços, e jovens de méritos, como percursos inquestionáveis recebessem a mesma atenção e aposta que se dá nos assuntos políticos, nós economicamente estaríamos muito melhor.

Aqui em Angola dedicamos maior parte do tempo a fazer política; e em contrapartida queremos resultados económicos positivos.

Toda a hora, todo o momento, todos os dias ouvimos sobre questões políticas. Os tempos de antena na TV, rádio e não só, são preenchidos com materiais voltados para políticas. Não é por acaso que o sonho de muitos jovens é ser político para ocupar um cargo público, consequentemente estar bem de vida. Porque aqui acredita-se que para estar bem tens que ter um cargo público.

Por este motivo, todos falam de política! Na rua, no candongueiro, na praça, nos convívios familiares, festas e por aí afora. Não se fala mais de outra coisa a não ser de política.

O excesso de matérias voltadas para a política, dá-nos a entender que a política é quem sustenta a economia. Quando na verdade é o contrário.

Sem referências não se consegue motivar e inspirar ninguém. A experiência de pessoas que triunfaram na vida financeira, mas vivem ou são de outros países, até incentiva; mas não atinge a motivação.

O que temos em Angola são empreendedores de subsistência, empresários de mandatos, em que a empresa deles coincide com a data da nomeação do pai, irmãos, padrinhos, primos e sogros. E termina quando o mesmo é exonerado/a.

Até com a carochinha não foi diferente. Quando o seu pai saiu do poder, todos os seus negócios começaram a desmoronar-se.

Investidores, são muito poucos, querem que os outros façam milagres com os poucos valores que eles investem. Metas que com a quantidade de dinheiro que eles possuem não conseguiram e não conseguem atingir.

Numa de suas músicas o Sebem disse: “Microfone não é para todos, é preciso respeitar e muitos querem confundir”.

Os grandes e melhores artistas do mundo não passaram no crivo dos concursos ou instituições de certificação. Os que passaram na sua maioria foram reprovados. Quem deveria avaliar um produto ou serviço, devia ser o consumidor e não os juízes ou instituições de certificação. Pois por vezes mata-se um talento antes mesmo dele chegar ao palco real das actuações.

Precisamos antes de mais de criar referências, dando valor ao mérito, e emponderar as pessoas capacitadas com percurso comprovado, para pelo menos termos alguns jovens angolanos com negócios sustentáveis em Angola, no qual podemos inspirar-nos…

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