PARA O MPLA VALE TUDO

A UNITA, o maior partido da oposição que a muito custo o MPLA ainda permite que exista em Angola, denunciou o que considera ser tentativas do regime angolano de criar instabilidade inventando um alegado golpe de Estado para se perpetuar no poder, sendo que já lá está há 50 anos.

As autoridades angolanas anunciaram no passado fim-de-semana que tinham desmantelado um grupo subversivo que visava atacar alvos estratégicos durante a visita do ex-Presidente norte-americano Joe Biden ao país e derrubar o regime.

Num comunicado de imprensa divulgado após uma reunião extraordinária do Comité Permanente da Comissão Política, a UNITA denuncia “com veemência” todos os esforços tendentes a mergulhar o país na instabilidade e condena os que são capazes de “fabricar golpes de Estado” na sua “permanente ânsia de perpetuar-se no poder”.

O partido do “Galo Negro” alude às peças jornalísticas apresentadas recentemente na Televisão Publica de Angola (órgão oficial do MPLA), incluindo entrevistas ao alegado líder do grupo, que classifica como “encenações” que desrespeitam a presunção de inocência e violam direitos de cidadania “com o objectivo de manipular as mentes”.

Referindo “velhos fantasmas de expor e combater as lideranças da oposição usando o terrorismo do Estado”, o comunicado da UNITA aponta outros casos em que considera que o regime angolano inventou cenários de golpes de Estado para atingir os seus objectivos, como o 27 de maio de 1977, que teve como consequência a morte de dezenas de milhares de cidadãos angolanos por ordem de Agostinho Neto; as centenas de mortes ocorridas no Monte Sumi, contra uma seita religiosa e o caso dos 15+2.

A UNITA critica ainda “o regime de censura instalado no seio dos órgãos de comunicação social do Estado”, exigindo que as actividades das forças políticas na oposição e as opiniões dos seus líderes “façam parte da pauta informativa”.

Por outro lado, o partido elogia as lideranças da sociedade civil, igrejas e instituições socioprofissionais “pela maturidade evidenciada na denúncia da instrumentalidade e no grosseirismo com que agentes do partido de regime infiltrados nas instituições têm pretendido manipular a opinião pública com vista a eternizar a actual governação” do MPLA, partido no poder desde 1975.

A UNITA faz também referência aos acontecimento na República Democrática do Congo (RDCongo), advertindo o Presidente angolano que caso seja necessário enviar um contingente das Forças Armadas Angolanas, “o faça no estrito respeito da Constituição da República de Angola”.

Exorta, por fim, a Organização das Nações Unidas, a União Africana e a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos “a trabalharem no sentido de restabelecer a paz naquela região conturbada por décadas de conflitos cíclicos mal resolvidos e acudir ao drama humanitário”.

Eis, na íntegra, o comunicado da UNITA:

«A Comissão Política da UNITA reunido na sua XIV Sessão Extraordinária, no dia 29 de Janeiro de 2025, no Complexo Sovsmo, em Viana-Luanda sob orientação do Presidente do Partido, Senhor Adalberto Costa Júnior, para analisar os últimos desenvolvimentos ocorridos no país e no estrangeiro, torna público o seguinte:

1 – Denunciar com veemência todos os esforços tendentes a mergulhar o nosso país na instabilidade, seja em nome de que interesse for.

2 – Condenar os que na sua permanente ânsia de perpetuar-se no poder são capazes de fabricar golpes de Estado como as encenações apresentadas recentemente nos órgãos de comunicação social do Estado com desrespeito ao principio do contraditório, a presunção de inocência, com violação dos mais básicos direitos de cidadania com o objectivo de manipular as mentes e condicionar o comportamento colectivo dos membros da sociedade que se pretende plural. Sempre com os velhos fantasmas de expor e combater as lideranças da oposição usando o terrorismo do Estado.

3 – Recordar aos angolanos que para atingir os seus objectivos, o regime angolano habituou-nos à invenção de cenários de golpes de estado, a exemplo: do 27 de Maio de 1977 que teve como consequência a morte de dezenas de milhares de cidadãos angolanos; os massacres de 1992 e a sexta-feira sangrenta de 1993, também com morte de outros milhares de angolanos, a prisão do então chefe dos serviços de informação externa, em 2007, as centenas de mortes ocorridas no Monte Sumi, contra uma Seita religiosa, a não ida à Assembleia Nacional do então Presidente da República, em 2015, e do caso dos quinze mais duas (15+2).

4 – Saudar as lideranças da sociedade civil, igrejas e instituições sócio-profissionais e demais actores pela maturidade evidenciada na denúncia da instrumentalidade e no grosseirismo com que agentes do partido de regime infiltrados nas instituições têm pretendido manipular a opinião pública com vista a eternizar a actual governação e os privilégios pessoais e de grupo decorrentes deste exercício.

5 – Denunciar, mais uma vez, o regime de censura instalado no seio dos órgãos de comunicação social do Estado e nos jornalistas que neles trabalham. Outrossim, exigir que as actividades realizadas pelas forças políticas na oposição e as opiniões dos seus líderes façam parte da pauta informativa.

6 – Exortar a Organização das Nações Unidas, a União Africana e a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos a trabalharem no sentido de restabelecer a paz naquela região conturbada, por décadas de conflitos cíclicos mal resolvidos e acudir o drama humanitário.

7 – Advertir, especialmente, o titular do poder Executivo no sentido de que na eventualidade da necessidade de envio de um contingente das Forças Armadas Angolanas – FAA, à República Democrática do Congo, o mesmo se faça no estrito respeito da Constituição da República de Angola.»

Folha 8 com Lusa

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