O MAIOR INIMIGO DO POVO ANGOLANO ESTÁ IDENTIFICADO

Os nossos políticos demonstram mais respeito por um aperto de mão europeu do que pela vida de um angolano. Enquanto o povo é tratado como inimigo, eles bajulam e imploram aceitação daqueles mesmos países que, com discursos hipócritas, fingem criticar. Essa submissão não é casual, mas reflecte uma mentalidade distorcida que privilegia interesses pessoais acima de tudo.

Por Malundo Kudiqueba

AAssim, é importante deixar claro: os europeus não estão a forçar os políticos angolanos a maltratar o seu próprio povo. Joe Biden, Marcelo Rebelo de Sousa, Emmanuel Macron e outros líderes internacionais não estão a obrigar os políticos angolanos a maltratar o seu povo. Essa crueldade não é uma imposição externa, mas sim uma escolha deliberada, motivada pela indiferença e, muitas vezes, pelo prazer mórbido que sentem em manter o povo angolano em sofrimento.

Não há nenhuma pressão estrangeira que exija que os nossos líderes desviem recursos destinados à educação, à saúde ou a infra-estruturas. O saque sistemático que perpetuam é feito por iniciativa própria, impulsionado por uma ganância desmedida e um desprezo completo pelo bem-estar do povo. Para eles, o sofrimento da população não é apenas um efeito colateral das suas políticas corruptas, mas um instrumento que utilizam para manter o controlo e alimentar o seu ego. Essas acções são fruto de decisões conscientes, feitas por quem deveria proteger, mas prefere explorar.

A responsabilidade pelo estado calamitoso de Angola recai integralmente sobre os nossos políticos. Foram eles que transformaram a política num instrumento de exploração, ignorando o bem-estar colectivo e priorizando os seus interesses mesquinhos. O sofrimento do povo não é um acidente de percurso, mas o resultado directo de escolhas deliberadas, feitas por aqueles que têm o dever de governar para o bem comum.

O povo angolano precisa urgentemente de despertar para esta dura realidade: os seus piores inimigos não estão no exterior, mas dentro do país, escondidos nos corredores do poder. Enquanto continuarmos a aceitar líderes sem princípios, sem valores e sem qualquer compromisso com a nação, Angola permanecerá distante do futuro que tanto merece.

Não é preciso um milagre para transformar Angola; basta vontade política e respeito pela vida humana. Angola não pode continuar a ser refém de quem não a ama.

Se tivéssemos europeus a governar Angola, o povo angolano não seria tratado com tanto desprezo e desumanidade como é por estes ditos “nacionalistas” e “patriotas”. Se ser patriota é maltratar os seus compatriotas, então que se fique com o título; eu prefiro líderes que respeitem o povo, independentemente da sua nacionalidade.

Os políticos angolanos vestem-se de nacionalismo e patriotismo como máscaras para esconderem a sua verdadeira natureza: malfeitores disfarçados de políticos. Eles não governam, saqueiam. Não servem o povo, servem-se do poder. São incapazes de agir com empatia ou compaixão, porque lhes faltam os princípios mais básicos de humanidade.

A Europa, com todas as suas imperfeições, ensina-nos uma lição clara: não é preciso ser perfeito para respeitar o outro. Os europeus, com todas as suas falhas, ainda assim carregam valores que os nossos líderes ignoram por completo. Na Europa, sou respeitado. Na Europa, sou valorizado. Em Angola, sou tratado como inimigo por aqueles que deviam lutar por mim.

Na Europa, o valor de uma pessoa não é medido pelo partido a que pertence, pelo clã que representa ou pelo número de favores que pode conceder. É medido pelo que ela contribui, pelo que faz e pelo que representa como ser humano. Mas em Angola, o povo não é mais que uma ferramenta descartável.

É irónico e revoltante que, como angolano, eu encontre mais dignidade fora do meu país do que dentro dele. Os mesmos políticos que gritam “pátria” são os que nos pisam. Os que levantam bandeiras de nacionalismo são os boicotam e impedem o desenvolvimento do país.

Não digo isto com alegria, mas com profunda tristeza: os europeus, com todas as suas falhas históricas, governariam Angola com mais respeito pelo povo do que estes “nossos”. Não porque sejam santos, mas porque têm valores básicos que os nossos líderes parecem nunca ter aprendido: integridade, responsabilidade e compaixão.

Os que me acusam de fanatismo pelos europeus ignoram ou fingem ignorar quem são os verdadeiros fanáticos de europeus: os nossos próprios políticos. Os nossos líderes são os primeiros a recorrer à Europa para tudo o que consideram essencial para si mesmos: educação dos filhos, cuidados de saúde, investimentos financeiros e até as suas férias de luxo.

O dinheiro que roubam do povo angolano não é reinvestido em Angola; é enviado para os bancos europeus. Os palácios que constroem não são para o povo, mas para impressionar os seus “mestres” estrangeiros, a quem servem como vassalos silenciosos. Os nossos políticos transformaram a política num instrumento de humilhação, exploração, opressão e repressão contra o seu próprio povo.

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