MADURO ELOGIA MPLA. PORTUGAL TAMBÉM… MAS PELO SILÊNCIO

A Venezuela (que é, como Angola, apenas uma espécie de Estado) expressou apoio às autoridades do MPLA (no Poder há 50 anos graças a consecutivas fraudes eleitorais, tal como o reino de Nicolás Maduro) depois de o reino do general João Lourenço ter negar a entrada a vários líderes políticos para uma conferência internacional, incluindo o ex-presidente da Colômbia Andrés Pastrana.

Por Orlando Castro (*)

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Yván Gil, relatou no sábado, na plataforma de mensagens Telegram, uma conversa telefónica com o homólogo angolano, Téte António, a quem manifestou “a solidariedade (…) do Presidente Nicolás Maduro com o Presidente João Lourenço e com este povo irmão”.

Yván Gil declarou que o reino do MPLA, também chamado de Angola, tem sido alvo de “ataques da ultra direita internacional”, e, “em particular, de criminosos conhecidos na Venezuela e na América Latina”, entre os quais mencionou Andrés Pastrana.

A Plataforma dos Democratas Africanos (PAD), que integra a Fundação Brenthurst, organizadora de uma conferência internacional sobre democracia, que decorreu em Benguela, condenou as acções do Governo do Presidente do MPLA, que por inerência também é chamado de Presidente da República, e requereu um pedido de desculpas do Presidente aos políticos retidos e deportados. É claro que o general de três estrelas, João Lourenço, pediu imediatas desculpas ao político que também é Presidente em exercício da União Africana (ele próprio), bem como ao Titular do Poder Executivo (ele próprio) e ainda ao Comandante-em-Chefe das Forças Armadas de Angola (ele próprio)…

Num comunicado divulgado no ‘site’ da Brenthurst Foundation, a PAD sublinha que a sua terceira reunião decorreu em Benguela na sexta-feira, “apesar de todos os esforços do regime angolano” para impedir a sua realização, apontando “uma campanha sistemática e cínica para atacar e minar o progresso no sentido da democracia e da responsabilização em África por parte de um regime que se apresenta como uma democracia”.

A PAD, um “consórcio internacional de democratas”, incluindo a Fundação Brenthurst — entidade que co-organizou o evento com a UNITA, maior partido da oposição que a muito custo o MPLA ainda permite que exista em Angola -, recorda que Angola foi escolhida por presidir actualmente à União Africana.

O evento em Benguela, intitulado “O Futuro da Democracia em África”, visava debater formas de promover “uma maior abertura e responsabilidade democrática face ao crescente autoritarismo”, tendo sido convidados vários ex-chefes de Estado e dignitários, membros do governo e líderes da sociedade civil e dos partidos da oposição.

Entre os que se deslocaram a Angola contam-se Ian Khama, antigo Presidente do Botswana, Moeketsi Majoro, antigo primeiro-ministro do Lesoto, Andrés Pastrana, antigo Presidente da Colômbia, e Othman Shariff, primeiro vice-presidente de Zanzibar, bem como o político moçambicano Venâncio Mondlane.

No comunicado, assinado pelos convidados e participantes da reunião de Benguela, a PAD destaca que o regime responde à reunião recusando vistos “por razões técnicas” a vários delegados, incluindo os do Uganda (um dos convidados seria o líder da oposição, Bobi Wine).

Outros 12 que tinham vistos ou eram elegíveis para vistos à chegada foram retidos no aeroporto e deportados antes de serem autorizados a entrar, incluindo convidados do Quénia, Etiópia, Uganda, Tanzânia, Moçambique e Sudão do Sul.

Segundo a PAD, outro grupo, que incluía Khama, Majoro, Pastrana, Othman e 24 outras pessoas, foi detido no aeroporto durante nove horas sem qualquer explicação, tendo os seus passaportes sido devolvidos quando já era demasiado tarde para apanharem o voo previsto para Benguela.

“O Governo alegou que iria compensar estas acções fornecendo transporte para levar os delegados a Benguela no dia seguinte. No entanto, várias viaturas ‘avariaram’ no caminho para o aeroporto, foram dados vários destinos diferentes e, finalmente, não foi disponibilizado qualquer avião”, refere a PAD na mesma nota.

Para a PAD, estas acções “apontam para uma campanha sistemática e cínica para atacar e minar o progresso no sentido da democracia e da responsabilização em África por parte de um regime que se apresenta como uma democracia”, já que em nenhum momento foram dadas explicações sobre a detenção ou deportação dos participantes na conferência.

“A verdadeira natureza do regime angolano foi exposta”, salienta a PAD, considerando que o regime quis “humilhar e embaraçar antigos chefes de governo africanos e aqueles que desejam discutir a democracia”.

Por isso, a plataforma apela “ao Presidente João Lourenço para que apresente um pedido público de desculpas aos chefes de Estado detidos, aos delegados deportados e aos que foram perseguidos pelos esforços do seu regime para impedir a reunião”.

Entretanto, na impossibilidade de parabenizar os camaradas do MPLA por esta democrática forma de ditadura, tanto o Governo demissionário de Luís Montenegro (PSD+CDS) como os principais partidos da Oposição (PS, Chega, IL, Livre, BE, PCP e PAN) continuaram mais preocupados em lavar a roupa suja no prostíbulo (casa onde se pratica a prostituição), e ainda os fazedores de conteúdos encomendados e que querem ser chamados de jornalistas, passaram ao lado do estrondoso atentado às regras de um Estado de Direito que o MPLA, como dono de Angola, protagonizou nos últimos dias. É fartar vilanagem!

(*) Com Lusa

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