CRISTINA, PRINCESA MILIONÁRIA

“O melhor exemplo de ética, verticalidade e reputação ilibada é quando um político respeita o bem público é avesso a qualquer corrupção e é escravo da sua palavra” (In Chefe Indígena).

Por William Tonet

O país está há oito anos no mapa da fome absoluta. Os cidadãos estão proibidos de comer. Decentemente.

Os contentores de lixo, são, desde 2017, os “News Supermarket MPLA” (supermercados) impostos à maioria discriminada: 20 milhões de “pretos” pobres, para diário abastecimento e posterior repouso em colchões de betão, das esquinas do apartheid (excluídos do regime)…

Nestes (colchões de betão), meninas de oito anos, engravidam precocemente, de meninos de igual ou superior idade. A exclusão a que são votados pelo Executivo e o tesão infantil das madrugadas, se unem em cúmplices afagos. Geram menininhos de meninos-pais.

Os jovens adultos, que o sistema lhes nega a possibilidade de uma carteira escolar, são excluídos da população activa.

Dantescamente, algemados à política económica do Titular do Poder Executivo, assistem o direito à vida (art.º 30.º CRA) ser lançado na pocilga: ”O Estado respeita e protege a vida da pessoa humana, que é inviolável”.

Mas esta é assassinada de forma deslavada pela norma, por os preços da cesta básica, por decisão política de João Lourenço e “FMISTAS”, ser colonialista e discriminatória.

Ao pobre, sem direitos se impõe o pior. Os contentores e monturos de lixo, como único local de sobrevivência. Verdadeiro calvário.

Aos ricos a outorga de todas as mordomias, principalmente se filhinhos de papai. Os únicos a ter as benesses e o enriquecimento ilícito, desde formação académica no ocidente, a ocupação dos mais relevantes cargos e funções, nos mais variados sectores da Função Pública e privados.

Com diplomas do Reino Unido, França, Lisboa, Estados Unidos, destacam-se dos diplomas dos pobres, outorgados por universidades internas, cuja cientificidade e rigor, são proibidos para não ofuscar os herdeiros dos papais.

É o acesso privilegiado na sucessão, ainda em vida dos pais, no aparelho de Estado. Até mesmo no MPLA! Olhar não custa.

NOVA PRINCESA OU NOVA COMPETÊNCIA XXXL

Nos últimos dias muito se tem especulado sobre a nova princesa económica financeira, Cristina Lourenço, filha do Presidente da República. Muitos a consideram milionária, outros bilionária. Certo ou errado, as impressões digitais estão vincadas.

Diferente da anterior, Isabel dos Santos, esta tem secundinas enterradas no sector público. Mas, hoje é CEO de órgão público-privado: BODIVA.

E a bomba é a de auferir entre salário e bónus de produtividade 181 milhões e 666 mil Kwanzas/mês.

Uma exorbitância em tempo de crise. Cerca de 181 mil Euros/mês. Dizem ser pouco… para imortais…

O Presidente da República havia, no 30 de Novembro de 2018, no pedestal da sua autoridade, para criticar José Eduardo dos Santos que havia nomeado os filhos Zenú dos Santos (que prendeu) Fundo Soberano e Isabel dos Santos (que forçou exílio, para não ser presa), SONANGOL, disse: “Se de forma pouco responsável se confiar a um jovem inexperiente a gestão de biliões de dólares americanos do país, o partido não pode ficar indiferente, tem de bater o pé”.

E, mais adiante, para debilitar ainda mais as frágeis células de Eduardo dos Santos asseverou: “O partido deve condenar e impedir que as empreitadas das grandes obras públicas como portos, aeroportos, centrais hidroeléctricas, cimenteiras, ordenamento e gestão de cidades e outros sejam entregues a nossos filhos, familiares ou outros próximos se não obedecerem às regras e normas do concurso público, da contratação e da sã concorrência”.

Hoje, o cenário mudou e João Lourenço tem na BODIVA, que trata da venda da dívida pública e património do Estado, a filha. “Quid juris”?

Se a Isabel dos Santos até hoje era o apogeu da ladroagem do regime do MPLA, por ter gerido por cerca de dois anos a SONANGOL, o que dirão, agora os bajuladores, que hoje circundam o Presidente severo?

A nova princesa tem a função de vender dívida pública e, face à jurisprudência do pai, poderá amanhã ser fustigada. Justa e injustamente! O economista Carlos Rosado tem a seguinte visão: “De acordo com as minhas contas o salário médio mensal dos administradores da BODIVA foi de 10 446 909 (dez milhões quatrocentos e quarenta e seis mil novecentos e nove) kwanzas. A “Lourenço” como CEO deve ganhar 25% acima dos administradores executivos. Sobre ter sido eleita CEO entendo que a Assembleia Geral esteve mal, uma empresa controlada pelo Estado não deve ter como CEO a filha do Presidente da República, independentemente da sua valia profissional. A BODIVA é a empresa gestora da bolsa onde são transaccionados títulos sobretudo da dívida pública”, asseverou.

Diante do germinar desta rosa, Cristina Lourenço poderá enfrentar um quadro mais imprevisível, segundo o economista César Baptista, “Esses salários, a serem reais, constituem uma aberração. O Presidente da República tem estado a provar que há uma incongruência no sentido superlativo, entre o que diz e faz. É tanta safadeza, cara de pau e folgança, que até os grandes actores de filmes de Hollywood, teriam dificuldade em transformar em ficção”.

A ética, em Angola parece não ter nem valores, nem princípios quando o Executivo é o primeiro a não respeitar a Constituição e a lei. O professor Heitor Carvalho assegura “não é totalmente racional, mas a lógica pode ser a de procurar profissionais bem pagos que façam a empresa dar um salto”. Será? A pergunta não obteve resposta.

Ao faltarem poucos quilómetros para o fim da viagem a jurisprudência deste consulado, assente na raiva, ódio, discriminação e injustiça, não tem como não ser avocada, pelo sucessor.

“Os relatórios de Janeiro, Fevereiro e Março de 2025 apresentam como dividendos pagos, zero. Por outro lado, o relatório de execução do Orçamento Geral do Estado do I trimestre deste ano como de hábito, não detalha qual foi o dividendo recebido pelo Estado a partir da BODIVA. É estranho que se saiba quanto o gestor enquanto trabalhador ganha e não quanto o accionista Estado recebeu. Por outro lado, a nomeação da filha do Presidente é a mais acabada prova de falta de integridade, depois do que fez aos filhos do JES. Isto é mais um factor de descrédito de JLO e que estimula a crescente revolta dos angolanos”, assegurou o deputado Faustino Mumbica.

A serem verdadeiros estes dados, inicialmente com estampa do Valor, tem-se como escandalosos, os níveis salariais desta e outras empresas, num país com extrema miséria e desemprego.

Para o economista David Kissadila, “grande parte das empresas públicas são deficitárias, não representam nada nas receitas do Estado, pelo contrário, são recapitalizadas com dinheiro público como o BPC. O stock da dívida governamental à TAAG e à SONANGOL representa USD 2.17 mil milhões de dólares, dados do 1º Trimestre de 2025 do Relatório de Exercício Financeiro do Estado. Portanto, hoje, as empresas públicas transformaram -se em banquetes de repartição do dinheiro público por indivíduos bem seleccionados, filhos, sobrinhos e camaradas de partido”.

Diante deste lamaçal, o economista António Hermenegildo Pangua, ao invés de responder às questões colocadas por F8, endereçou um dito popular, disse inspirado na crítica de João Lourenço aos meninos que ocupam cargos: “quando um porco toma o castelo, não é o porco que vira rei, é o castelo que vira um chiqueiro”.

A metáfora critica a ocupação de posições de liderança por pessoas inadequadas, despreparadas, antiéticas ou autoritárias, que degradam por nepotismo, peculato ou corrupção as instituições.

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