O cônsul da República da Gâmbia acreditado em Angola, Hon Haggi Jawara, pediu terça-feira, 20 de Maio, às autoridades que facilitem a entrada de gambianos no país, tal como os angolanos que já não precisam de obtenção de visto para entrar naquele país.
Por Berlantino Dário
Em entrevista concedida a este Jornal Folha 8, na sede do seu consulado em Luanda, Haggi Jawara destacou as boas relações que vigora até ao momento entre os dois países, tendo, no entanto, lançado o apelo às autoridades angolanas para que estes anulem a aquisição de vistos para entrar em Angola que, segundo considera, muito difícil de ser obtido junto à embaixada angolana acreditada na Gâmbia.
“Angola já não precisa de visto para entrar na Gâmbia, não precisa mais de ir ao consulado da Gâmbia. Pode ir directamente à Migração e Estrangeiros da Gambia para ter a autorização e entrar. Angola também deveria fazer isso. Mas, nós quando queremos vir aqui, temos que ter visto da embaixada e aí é muito dificil”, clamou.
Recorrendo à realidade de outras nações, Jawara entende que a unidade entre os africanos deveria ser como a dos americanos e europeus que não precisam de vistos para circular em países do mesmo continente.
“Em minha opinião, para a união de África, tinha que se fazer como os Estados Unidos da América que juntou 51 países. Por que a nossa África também não pode fazer isso? Os europeus, quando têm um visto de Portugal, pode entrar na França, Bélgica, Alemanha, Espanha, todo lado, por que nós também não podemos fazer isso?”, indagou o cônsul que criticou igualmente os mandatos dos líderes africanos que não cumprem com o estipulado na lei, estendendo os mandatos por muito tempo – “Os brancos, quando vão às eleições de cinco anos, quando termina, deixa e entra outro. Por que nós em África também não podemos nos empenhar para seguir esse rumo? Mas quando um africano está no poder – primeira vez, eleição, segunda vez, eleição outra vez eleição, por que isso? Isso não pode!”, repudiou.
Quanto à cultura, Haggi Jawara considera que o que há demais na Gâmbia é o turismo. Segundo conta, até à data presente, o país já recebeu mais de 25 mil turistas com destaque para a população branca de 50, 60 anos que, nalguns casos, chegam mesmo a contrair casamento com jovens gambianos da faixa etária dos 25 aos 30 anos de idade e levam-nos consigo para a Europa na condição de marido em troca de valores monetários.
“O que tem na Gâmbia é turismo. Muitos brancos estão a vir, até agora, 25 mil pessoas já visitaram a Gâmbia. Esses turistas estão a reconhecer casamentos com gambianos para lhes levar lá fora. Vai encontrar um homem de 25 anos a fazer casamento com alguém tipo avó dele e lhe dá dinheiro e vai embora. Assim não está bom, casamento com avó!”, lamentou.
Segundo Hon Haggi Jawara, até ao momento, desde a sua estadia em Angola, tem o controlo de mais de 300 gambianos em todo o país e que a maioria esmagadora se encontra instalada em Luanda praticando a actividade comercial em armazéns localizados nos bairros Hoji-Ya-Henda, Luanda Sul, Gol f 2, Kilamba, Calemba 2, gerando postos de emprego a muitos angolanos que acorrem àquelas unidades comerciais.