CONDECORAR CRIMINOSOS É CUSPIR NAS VÍTIMAS

Quando o Presidente da República, João Lourenço, condecora criminosos, está a fazer mais do que um acto político — está a cometer uma ofensa moral irreparável. Está a cuspir na cara dos familiares das vítimas. Está a transformar o Palácio Presidencial num altar da impunidade. Está a rasgar o pouco que resta de dignidade institucional.

Por Malundo Kudiqueba

Medalhas deviam ser atribuídas a quem salvou vidas, não a quem as tirou. As homenagens deviam servir para elevar heróis, não para ressuscitar carrascos.

João Lourenço escolheu homenagear homens cuja biografia está manchada de sangue. E ao fazê-lo, não premiou o patriotismo — premiou o crime.

Que país é este onde se honra quem matou, torturou, perseguiu e silenciou? Que República é esta onde as vítimas são ignoradas e os algozes condecorados? Quando se coloca a medalha no peito de um criminoso, está-se a dizer ao país que a justiça é um ornamento, não um princípio.

A memória das vítimas não pode ser trocada por alianças políticas. O sangue derramado não pode ser coberto com ouro.

Condecorar criminosos é mais do que um erro — é um insulto ao sofrimento. É olhar nos olhos de uma mãe que perdeu o filho e dizer-lhe: “O assassino do teu filho é um herói do Estado.” É passar por cima dos ossos dos mortos para garantir alianças de conveniência. É confundir Estado com máfia, patriotismo com oportunismo.

Um país que honra os seus criminosos está a dizer ao mundo que o crime não só compensa — como é celebrado.

João Lourenço falhou com o Povo. Falhou com a história. E falhou com os princípios que um dia jurou defender. A condecoração de certos nomes não é apenas controversa — é uma declaração de guerra à memória colectiva de um povo que sofreu demais e que continua a viver na sombra da injustiça.

Quando o assassino é homenageado e a vítima esquecida, o país não está a construir paz — está a oficializar a amnésia.

E que lição tiram os jovens deste país? Que o caminho para o reconhecimento é pela violência, pela fidelidade cega ao regime, pelo silêncio cúmplice? Que vale mais ser leal ao sistema do que ser justo com o povo?

Não há reconciliação possível com mentiras. Não há futuro com cadáveres escondidos em gabinetes de luxo. Não há honra quando se distribuem medalhas como prémios de silêncio.

A dignidade de um país mede-se pela forma como trata as suas vítimas — não pela forma como exalta os seus carrascos.

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