COMO A MÃE, HARRY NÃO ESQUECE OS ANGOLANOS

Ainda existem cerca de 975 campos minados em Angola, dos quais 192 situam-se ao longo do Corredor do Lobito, e estima-se que conclusão da limpeza poderá custar em torno de 240 milhões de dólares.

O Presidente de Angola, João Lourenço, recebeu o Príncipe Harry, Duque de Sussex, com o objectivo de reforçar as acções de desminagem da organização britânica HALO Trust, a quem manifestou intenção de financiar as operações por mais três anos.

O anúncio foi feito pelo director executivo da organização não governamental, James Cowan, que comunicou o novo compromisso de Angola com o financiamento das operações por mais três anos.

Em comunicado, o responsável agradeceu ao chefe de Estado angolano a “extraordinária dedicação e investimento na visão de um país livre de minas”, acrescentando que João Lourenço manifestou a intenção de apoiar a continuidade do trabalho com “um novo contrato significativo para os próximos três anos”, sem detalhar valores.

De acordo com uma nota da Presidência da República, que não menciona o novo financiamento, o Príncipe Harry foi a Angola com o objectivo de “fortalecer o trabalho desempenhado pela sua instituição, ligado fundamentalmente a tarefas de desminagem”.

Angola tem ainda milhares de campos minados, vestígios do longo conflito armado que terminou em 2002, e que continuam a representar uma ameaça directa à vida das populações e um entrave ao desenvolvimento.

A HALO Trust opera em Angola desde 1994, tendo já removido milhares de minas e dispositivos explosivos e considera Angola um parceiro estratégico.

Apesar dos progressos, ainda existem aproximadamente 975 campos minados em Angola, 192 dos quais situam-se ao longo do estratégico Corredor do Lobito. Estima-se que sejam necessários cerca de 240 milhões de dólares para concluir completamente a limpeza, incluindo obstáculos que condicionam infra-estruturas como o caminho-de-ferro e o porto do Lobito.

A visita do Príncipe Harry, de regresso ao país depois de, em 2019 ter percorrido um antigo campo de minas em Huambo — o mesmo que a sua mãe, a Princesa Diana, visitou em 1997 (foto) — assinala um esforço diplomático para renovar o compromisso do governo angolano e dar um novo impulso político e financeiro para desminar o país.

Angola anunciou em Junho que vai pedir, pela terceira vez, por mais cinco anos, a prorrogação do prazo para se livrar de minas antipessoal, como obriga o artigo 5.º da Convenção de Otawa, anunciou o Governo angolano.

De acordo com uma nota do Ministério das Relações Exteriores de Angola, a Agência Nacional de Acção contra Minas (ANAM) vai apresentar o pedido formal durante a 22.ª reunião dos Estados-parte da Convenção, entre 1 e 5 de Dezembro, em Genebra, Suíça.

Angola projectou o alargamento de 2026 a 2030, tendo em conta que o prazo vigente prescreve a 31 de Dezembro deste ano.

Segundo o director-geral da ANAM, brigadeiro Leonardo Sapalo, o pedido está justificado com base num programa preestabelecido, que já foi apresentado em 28 de Março deste ano e contou com a colaboração dos parceiros de Angola na luta contra as minas, designadamente a direcção de engenharia e infra-estruturas das Forças Armadas Angolanas (FAA), o centro nacional de desminagem, as Organizações Não-Governamentais APACOminas, Ajuda Popular da Noruega, APOPO, The HALO Trust, MAG, bem como a direção dos assuntos multilaterais do Ministério das Relações Exteriores.

Leonardo Sapalo realçou que no país existem 975 áreas minadas identificadas, o correspondente a 57.905.679 metros quadrados, com predominância para as províncias do Bié, Cuando, Cubango, Cuanza Sul, Moxico e Moxico Leste.

O responsável observou que as províncias de Luanda, Icolo e Bengo, Benguela, Huambo, Zaire, Namibe, Cuanza Norte, Uíje e Malanje têm contaminação reduzida, e estão perto de serem declaradas livres de áreas minadas conhecidas.

O Presidente angolano, João Lourenço, quer o país livre de minas até 2027 e anunciou em Outubro de 2024 que vão ser investidos nos próximos dois anos cerca de 240 milhões de dólares (220 milhões de euros) no programa de desminagem.

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