A inflação em Angola em Janeiro aumentou 1,67% face a Dezembro, mas desceu quando comparada com Janeiro de 2024 para 26,5%, anunciou hoje o Instituto Nacional de Estatística.
Diz o INE que “o Índice de Preços no Consumidor Nacional registou uma variação de 1,67% de Dezembro de 2024 para Janeiro de 2025”, dando conta também de uma ligeira desaceleração de 0,03 pontos percentuais na comparação entre as variações mensais, de Dezembro do ano passado, para Janeiro deste ano.
Comparando os preços de Janeiro deste ano com os preços do primeiro mês do ano passado, o INE diz que “a variação homóloga situa-se em 26,48%, registando um acréscimo de 4,49 pontos percentuais em relação à observada” em Janeiro de 2024.
A redução da inflação homóloga em Janeiro marca a sexta queda consecutiva, depois de 16 meses em que os preços estiveram sempre a subir mais, e representa a taxa mais baixa desde Março de 2024, de acordo com os dados do INE.
Recorde-se que a consultora Oxford Economics prevê que a inflação em Angola abrande para 19,2% em 2025, depois de subir 28,1% em 2024, e uma degradação do valor da moeda nacional, para 927,4 kwanzas por dólar.
“Projectamos que a média da taxa de câmbio da moeda nacional se enfraqueça, de 871,5 kwanzas por dólar em 2024, para 927,4 kwanzas por dólar este ano, o que vai manter a inflação sob pressão”, escrevem os analistas no comentário à evolução da inflação em Angola, que teve uma subida de 28,1% no ano passado.
Na análise, enviada aos clientes, o departamento africano desta consultora britânica aponta para uma previsão de abrandamento da inflação para 19,2% este ano, o que compara com os 28,1% registados, em média, durante o ano passado.
“A nossa visão é que a inflação vai continuar a descer este ano, devido aos efeitos favoráveis de base e à inexistente pressão dos preços das matérias-primas”, escrevem os analistas, vincando que a desvalorização da moeda nacional, para mais de 900 kwanzas por dólar, durante o segundo semestre do ano passado, vai ajudar a abrandar a inflação este ano.
Angola não produz o suficiente para o consumo interno e isso é agravado pela proibição de importações. “Como não há produtos suficientes produzidos em Angola cria-se escassez”, explica o economista Heitor Carvalho, razão pela qual “quando há muita gente à procura de arroz, por exemplo, e não há arroz suficiente o preço sobe, assim acontece com todos os outros produtos”.
“Mesmo com a taxa de câmbio oficial fixa e uma enorme taxa de inflação, esse desequilíbrio entre o que produzimos e o que as pessoas procuram para comer mantém-se. Cortar a importação foi péssimo sob todos os pontos de vista”, diz Heitor Carvalho.
Para o economista, Angola não deve continuar a depender a sua taxa ao sabor do petróleo, mas na produtividade interna em relação à produtividade externa.
Heitor Carvalho rejeita acusações de que os planos do Fundo Monetário Internacional para Angola são responsáveis pela situação, afirmando que o FMI cumpriu o seu papel. “O FMI não tem culpa de nada”, afirmou.
Por seu turno, o economista Alves da Rocha pensa que “a grande razão da desvalorização do Kwanza é que a economia angolana não é forte, não é estruturada, não é diversificada”.
“Quando há um abalo no sector dos petróleos, naturalmente isso repercute-se de imediato nas finanças públicas e na própria economia”, acrescentou o economista para quem “sendo a economia dependente de importação, quando faltam divisas, para suportar estas importações, as dificuldades de funcionamento da economia nacional aumentam e como o kwanza não tem nenhum suporte estrutural, desvaloriza.”
Quanto ao papel do FMI nesta questão cambial, Alves da Rocha pensa que o problema está na fragilidade da nossa estrutura económica.
“O FMI na altura fez o seu papel com os acordos assinados, só que a economia angolana não tem fundamentos, não tem retaguarda, para interiorizar o que de positivo essas medidas tinham, mas é a nossa economia que não tem retaguarda, logo os efeitos perdem-se, não se verificam”, afirmou.