ACJ DÁ NOTA NEGATIVA À TPA E DENUNCIA PARTIDARIZAÇÃO DO ÓRGÃO

O presidente da União Nacional para Independência Total de Angola – UNITA, maior partido na oposição, Adalberto da Costa Júnior, instou aos jornalistas angolanos, aquando da sua visita à província do Bengo, no 15 de Maio, a serem verdadeiros patriotas e que coloquem os interesses públicos no centro e não os particulares para o bem comum. Costa Júnior voltou a dar nota negativa à Televisão Pública de Angola – TPA, que no seu entender, presta um “péssimo” trabalho à nação.

Por Berlantino Dário

O líder do Galo Negro, que na última semana falava em acto público em visita de trabalho à sede provincial do Bengo, frisou não haver ainda liberdade de imprensa no país, e considerou que a liberdade de expressão é também desrepeitada. Costa Júnior voltou a sua atenção ao serviço prestado pela TPA que, para si, é péssimo para um país que se quer desenvolver.

Fazendo menção sobre a presença do Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República ao órgão de comunicação social público para explicar as iniciativas do governo sobre a Proposta de Lei para as próximas eleições, Adalberto da Costa Júnior criticou igualmente a TPA pelo facto de não ter dado oportunidade à UNITA que também remeteu à Assembleia Nacional outra Proposta de Lei para o pleito eleitoral em 2027.

“Nós acompanhamos o ministro ir à semana passada à TPA explicar as iniciativas do governo nas suas propostas para as eleições. Não seria normal, já que entraram duas propostas que tivessem convidado também o outro lado que meteu as suas propostas. Não seria normal?”, questionou Costa Júnior reafirmando que entraram duas propostas na Assembleia, mas que a televisão que é paga com o dinheiro público e que “é nossa, de todos nós e só ouve um?! Está correcto isto?”, indagou Costa afirmando que a propriedade pública é utilizada de forma partidária e exclusiva.

Adalberto da Costa Júnior atribuiu a culpa, pelos sucessivos erros que a estação televisiva pública angolana tem vindo a cometer, aos responsáveis que lideram a gestão do órgão e exortou aos jornalistas angolanos a serem verdadeiros patriotas, livrando-se de orientações que não se ajustam com a promoção do bem do país, face aos problemas que não são reportados – “é um péssimo serviço público que a TPA presta! É um péssimo serviço público!”.

“Mas a culpa é do topo. É de quem orienta a partir de cima e não corrige estes erros. Mas eu não excluo o jornalista. O jornalista deve ser um cidadão patriota. O jornalista que é chefe, que tem responsabilidades deve dizer, não. Não deve só ficar encolhido para defender o seu emprego e o seu pão. Vocês que foram alvo da violência, se estivessem só preocupados com o seu pão iam enfrentar os tiros e a violência? Enfrentaram os tiros e a violência para defenderem só dos seus e dos vossos interesses sozinhos?”, questionou.

Por outro lado, o presidente da maior força política na oposição em Angola, que a muito custo o partido-Estado ainda permite para que se mantenha activo na arena política, fez saber que o encontro que manteve recentemente com o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, não serviu para pedir favores. O político reconheceu que, no actual contexto, pedir uma audiência ao Chefe de Estado é, também, um “risco” perante o sofrimento que muitos angolanos enfrentam no dia a dia.

“Eu quero dizer que todas as audiências que tive com o senhor Presidente, foram da minha iniciativa. Nunca fui chamado por ele para conversar. E eu sei que hoje, pedir uma audiência é também um risco perante o grande sofrimento que muitos angolanos têm. Já não gostam de nos ver passar por esses lugares”, aflorou.

“Quando vamos lá, pensam que fazemos aquilo que, infelizmente, muitos angolanos fazem – vão lá pedir envelopes embaixo da mesa. Vão lá pedir favores. Vão lá pedir tratamento especial, nós nunca pedimos, nunca pediremos! Nunca!”, esclareceu que a sua presença ao Palácio da República, deveu-se para dialogar sobre a necessidade de melhorar este péssimo ambiente que vivemos na Angola de hoje. Nós fomos lá para encontrar soluções para a “cólera, para a fome, para a exclusão, para termos processos eleitorais transparentes, liberdade de imprensa e, processos eleitorais transparentes livres e democráticos”, por considerar que o MPLA mandou para a Assembleia Nacional, uma lei que é “criminosa”.

Segundo Costa Júnior, o partido dos Camaradas quer transformar em lei os aspectos da falta de transparência – “estão a tirar os aspectos democráticos da lei a que nós nos habituamos a chamar aspectos fraudulentos. E isto acontece por quê? Na minha leitura, acontece porque têm medo. Sim, têm medo!”, atirou.

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