Durante a sua visita a França, o Presidente da República, Presidente do MPLA (partido no Poder há 50 anos) e Titular do Poder Executivo, general João Lourenço, visitou pela segunda vez (a primeira foi em 2018) a sede do MEDEF – Movimento das Empresas de França, a maior organização patronal do país que agrupa acima de 200 mil membros.
E foi na sede do MEDEF que se realizou o Fórum de Negócios França-Angola, no qual o general João Lourenço deu uma aula sobre a economia em Angola a dezenas de empresários dos dois países.
Salientando que os empresários, investidores e líderes de negócios de Angola e França estão ligados por uma história rica e por um compromisso renovado de cooperação e desenvolvimento mútuo, o general João Lourenço, assumiu que estava em França “para explorar oportunidades de parceria que transcendem fronteiras, num mundo cada vez mais globalizado, unindo o potencial e a experiência dos sectores empresariais.”
“As relações entre Angola e França têm raízes históricas profundas, cultivadas ao longo de décadas de intercâmbio cultural, económico e diplomático”, referiu o general João Lourenço sem se alongar em análises históricas que, se o fizesse, poderiam até provar (quem sabe?) que os primeiros europeus a chegar ao território que hoje constituem Angola eram franceses.
Diz o perito dos peritos do MPLA, general João Lourenço, que “ao longo dos anos, os nossos países têm partilhado uma visão comum de fortalecer a cooperação bilateral, temos vindo a explorar sinergias em áreas prioritárias como energia, infra-estruturas, agricultura, tecnologia e inovação, um compromisso que se reflecte não apenas nas iniciativas conjuntas que promovemos, mas também na determinação de fomentar o investimento directo e o comércio, criando oportunidades para as nossas empresas”.
Assim, valorizando a tese de que para o MPLA, enquanto dono do país há 50 anos, é vital os franceses entrarem com a experiência e os angolanos com as riquezas, sendo certo que no fim do ciclo os angolanos ficam com e experiência e os gauleses com as riquezas. O general João Lourenço, para que não restem dúvidas, garantiu que “temos a oportunidade de reafirmar o nosso compromisso com parcerias robustas e mutuamente benéficas, num encontro que simboliza a nossa determinação em aprofundar os laços históricos que nos unem e em construir um futuro de prosperidade partilhada, através da concretização de negócios em Angola e em França”.
Entrando, com rara erudição técnica, histórica e intelectual, o general João Lourenço explicou aos empresários franceses que “o mundo vive hoje um momento determinante para redefinir os paradigmas de crescimento económico e de cooperação internacional”, em que “os países são chamados a estabelecer parcerias estratégicas com vista a garantir um futuro mais integrado, sustentável e inclusivo, que se têm revelado cada vez mais essenciais para enfrentar os desafios globais e aproveitar as oportunidades económicas que se apresentam”.
De boca aberta de espanto perante esta emblemática aula, os empresários registaram que “a França, como uma das maiores economias mundiais, é um parceiro estratégico crucial para apoiar Angola no percurso de diversificação económica”, potenciando “a experiência, a tecnologia e o capital francês podem ser valiosos para desenvolver projectos de alto impacto nos sectores agrícola, energético, industrial e de infra-estrutura.
O general João Lourenço disse também que “Angola oferece oportunidades únicas de investimento, com recursos naturais abundantes e uma localização estratégica para acesso aos mercados regionais e globais”, sendo (na interpretação dos mais atentos) que o facto de Angola ter mais de 20 milhões de pobres se deve ao facto de os portugueses terem colonizado o país.
“As empresas angolanas e francesas têm um papel vital a desempenhar como agentes de inovação, investimento e modernização. O fortalecimento de parcerias público-privadas, aliado a um ambiente de negócios favorável, será essencial para que sejam alcançados resultados concretos”, referiu o general João Lourenço que, devido à sua modéstia, se inibiu de dizer em “on” que o MPLA tinha já feito mais em 50 anos do que os portugueses em 500.
O general João Lourenço explicou que “temos apostado na criação das condições que promovam a competitividade, o empreendedorismo e a inovação, processo que tem passado também por uma redução constante do papel do Estado na economia, atribuindo cada vez mais protagonismo ao sector privado”.
“O nosso país encontra-se actualmente numa fase crucial de transformação económica, impulsionada por um conjunto de reformas estruturais que visam reconfigurar o perfil produtivo do país, criando uma economia mais diversificada, robusta e sustentável, onde o sector privado é o principal actor económico, tendo como objectivo central consolidar um caminho de crescimento contínuo e inclusivo”, disse o general João Lourenço, certamente citando o seu ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano.
É claro que teria de ser feita uma referência ao facto de que “as reformas têm sido guiadas por estratégias devidamente definidas, como a Estratégia de Longo Prazo ‘Angola 2050’ e o Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027, que apresentam uma agenda clara para fortalecer o sector privado e criar um ambiente mais favorável ao investimento”, pelo que o MPLA tem “investido de forma estratégica na modernização e expansão das redes de transporte e logística, através de um Programa de Investimento Público que prevê melhorias na infra-estrutura rodoviária, aeroportuária e ferroviária, além do fortalecimento da capacidade portuária, esforço que tem como objectivo estimular a mobilidade interna e a integração regional, abrindo novas possibilidades para a actividade económica em diversos sectores”.
E, como não poderia deixar de ser, a memória descritiva apresentada pelo general João Lourenço, destacou “o Corredor do Lobito, que tem merecido cada vez mais destaque nas discussões internacionais, sendo um projecto emblemático de integração regional, envolvendo Angola, a República Democrática do Congo e a Zâmbia”, bem como milhares de outros investimentos “em infra-estruturas que terão um impacto directo em sectores estratégicos como a agro-indústria, a mineração e a energia, áreas nas quais Angola possui vantagens comparativas substanciais”, bem como a descoberta de que em matéria agrícola as couves devem ser plantadas com a raiz para baixo.
Os empresários franceses ficaram aliás, a saber que o MPLA ordenara que as couves fossem plantadas com a raiz para cima e demoraram décadas a perceber que, dessa forma, as couves morriam. Só recentemente perceberam que o livro de instruções deixado pelos portugueses, em 1975, estava a ser lido de pernas para o ar…
“A parceria com a França e, no geral, com a União Europeia assume uma relevância cada vez maior, não apenas pelas vantagens económicas que proporcionam, mas também pelas iniciativas globais que temos vindo a acompanhar. O Global Gateway constitui uma oportunidade estratégica para garantir investimentos substanciais em áreas-chave do nosso desenvolvimento, uma vez que este programa da União Europeia visa não apenas melhorar a conectividade e a infra-estrutura, mas também apoiar a transição digital, energética e climática”, recordou, com uma nobre pedagogia, o general João Lourenço, referindo mesmo que “temos noção de que com o Global Gateway podemos atrair investimentos europeus que são fundamentais para modernizar as nossas infra-estruturas e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida da nossa população, garantindo uma economia mais sustentável e inclusiva”.
O general João Lourenço referiu que “é também com este propósito que assinámos o Acordo de Facilitação de Investimentos Sustentáveis com a União Europeia, o primeiro acordo desta natureza assinado pela União Europeia, representando uma alavanca importante para a promoção de investimentos sustentáveis, que permitirão à nossa economia diversificar-se de forma eficaz”, o que perspectiva que os agricultores angolanos irão deixar, em breve, de alugar enxadas para tratar das suas lavras..
O general João Lourenço destacou igualmente o importante trabalho desempenhado pela Agência Francesa de Desenvolvimento no financiamento de projectos em Angola, especialmente em áreas como infra-estrutura, energias renováveis e desenvolvimento rural: “A experiência da Agência Francesa de Desenvolvimento em implementar projectos de grande escala em várias regiões do mundo é um recurso valioso que tem contribuído para o fortalecimento das nossas capacidades locais e para a melhoria das condições de vida da nossa população”, disse o general João Lourenço.
“Acreditamos que a interacção entre os nossos empresários, gestores e investidores é fundamental para promover a inovação, aumentar a competitividade e melhorar o acesso a novos mercados, tecnologias e recursos. Ao fortalecer esses laços, podemos criar um ambiente empresarial dinâmico e integrado, impulsionando a diversificação económica e garantindo uma prosperidade mútua”, disse o general João Lourenço.
Assim, mesmo sem abordar a vital descoberta do caminho marítimo para Huambo, o general João Lourenço convidou os empresários franceses “para que explorem as oportunidades que Angola tem a oferecer e conhecer de perto a nossa realidade, onde vos aguardamos de portas abertas”.