O surto de cólera que afecta a Zâmbia e República Democrática do Congo (RDC) está a preocupar o Governo Provincial da Lunda-Norte, gestores hospitalares e a população que temem pela propagação da doença na província nos próximos dias.
Por Geraldo José Letras
A província da Lunda-Norte partilha uma vasta fronteira com a República Democrática do Congo (RDC) e a Zâmbia, países que a par de Moçambique estão a lutar para travar o crescimento acelerado do surto de cólera.
Apesar da existência da doença, as populações da província da Lunda-Norte e República Democrática do Congo (RDC) e a Zâmbia intensificam as trocas comerciais.
Esses pressupostos estão na base da preocupação da governadora Provincial, Deolinda Satula Vilarinho, que continua envolvida em encontros com gestores hospitalares da Lunda-Norte para orientar a tomada de medidas preventivas face aos possíveis casos de cólera.
No encontro mantido com gestores hospitalares a governadora, Deolinda Satula Vilarinho, garantiu que “as trocas comerciais estão a decorrer sem qualquer restrição até ao momento”, mas recomendou “tomada de medidas preventivas”.
Na ocasião, a médica do Departamento de Saúde Pública, Yarslava Cango, garantiu que “medidas estão a ser tomadas para se evitarem constrangimentos caso surjam cidadãos com sintomas de cólera”.
A médica em exercício assegurou que o Hospital de Campanha está preparado para “responder a casos do género”.
O Folha 8 que acompanha a evolução do surto de cólera ao nível dos países vizinhos de Angola pela província da Lunda-Norte continua a estreitar contactos com o Governo Provincial para apurar medidas concretas encontradas a fim de prevenir a população da doença, ao que só nos foi adiantado que “as unidades hospitalares da província estão preparados para qualquer confirmação de caso de cólera”.
ANGOLA EM ALERTA DE NÍVEL DOIS
O surto de cólera que afecta os países vizinhos, República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia, este último com uma média diária de 400 novos casos, levou o Ministério da Saúde a decretar hoje, terça-feira, “Alerta Máximo de Nível 2”, anunciou a Directora Nacional de Saúde Pública.
Elga Freitas garantiu que “Angola não registou até ao momento casos suspeitos de cólera”.
“Nesse momento o país regista o nível dois de alerta máximo devido aos casos de cólera na Zâmbia e na República Democrática do Congo, o nível máximo é o nível três, que só é activado quando os países confirmem casos de cóleras”, explicou a directora Nacional de Saúde Pública, Elga Freitas, que sem especificar falou de uma série de acções que constam do plano de contingência para a cólera, algumas das quais já em implementação ao longo das fronteiras-comum, como por exemplo o reforço em termos de vigilância, formação de técnicos.
MINISTÉRIO DA SAÚDE FORMA PROFISSIONAIS
Entre as medidas de prevenção do surto da cólera no país, o Ministério da Saúde desenvolve um plano de capacitação de quadros dos sectores nas províncias fronteiriças de Angola.
O referido plano de formação de quadros, tem a duração de dois dias, e abrange profissionais dos sectores da saúde, do ambiente, forças de defesa e segurança.
O plano de formação foi anunciado pela chefe de secção de Higiene e Vigilância da Direcção Nacional da Saúde Pública, Angelina Fila, que se mostrou preocupada com a facilidade de transmissão e propagação da doença, ao justificar que o Ministério da Saúde “desenvolveu este programa para que os profissionais estejam a altura de dar resposta e controlo da doença”.
Alertou que “a cólera tem a particularidade de se disseminar rapidamente, sendo que desde Outubro passado até a presente data, já foram diagnosticados 10.413 casos na República da Zâmbia, causando 412 mortes entre adultos e crianças naquele país”.
Angola registou o último surto da cólera eentre Dezembro de 2017 e Maio de 2018, na província do Uíge, com 895 casos, que resultaram em 13 óbitos.
A cólera existe desde o século XIX, e em África foi notificado o primeiro caso em 1970.