SER IGNORANTE É MEIO CAMINHO ANDADO

Bem diz o general João Lourenço que o MPLA fez mais em 50 anos do que os portugueses em 500. Mais pobres, mais escravos, mais ignorante (diplomados). O MPLA usa há 50 anos o método de amansar o Povo dando-lhe fome e impedindo-o de ser (mais) culto. Talvez um dia destes o general venha repetir que se “haver” necessidade…

Veja-se o exemplo da imagem. Na página da Administração Provincial do Huambo discutia-se a falta de iluminação nas ruas da cidade. Então um dos intelectuais formados pelo MPLA (eventualmente com uma licenciatura comprada em Portugal) descobriu – também tem direito – a pólvora. A solução passa pela “eliminação” das ruas da cidade. Estejamos atentos à criatura. Não tardará muito a ser… ministro.

Antes que o Governo decrete a “eliminação” das ruas de todas as cidades, voltamos a perguntar: Para quando a introdução de conteúdos sobre como escrever (mais ou menos) bem a língua portuguesa? Não basta ser general, ou ter um diploma da Universidade Agostinho Neto (ou de uma congénere portuguesa), para saber quando se deve dizer “houver” e não “haver”, ou “cesta básica” e não “sexta básica”…

Em Angola, como mandam as regras do MPLA já que é o único partido que governa o país desde 1975, o regime prefere professores cubanos que nos ensinam a falar da “sexta básica” e não da “cesta básica”, de “marimbondo na cumeia” e não na colmeia ou, como se lê no site da Universidade Agostinho Neto (secção História), de “Repúbica”, “Silvicltura”, “Ectroténica”, “edífico”, “Ogânicas”, “orgãos”, “Senando”.

Segundo o encarregado de Negócios da Embaixada de Angola no Egipto, Francisco Leandro de Almeida, na sessão comemorativa do 14º aniversário da institucionalização do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o ensino da Língua Portuguesa na Faculdade de Al Alsun, na cidade do Cairo, Egipto, constitui uma iniciativa desafiante e de se encorajar, por se tratar de um país cuja língua oficial é o árabe.

Francisco Leandro de Almeida acrescentou não ser possível dissociar o ensino de qualquer língua em instituições superiores sem que se faça um estudo exaustivo da sua literatura e o português não foge à regra.

Por este facto, aconselhou os estudantes presentes a recorrem em consultas obrigatórias a textos de algumas renomadas figuras da literatura da CPLP, como Agostinho Neto, Viriato da Cruz, Pepetela, Raul David, António Jacinto, Alda Lara e Maria Eugénia Neto (angolanos), Luís de Camões e Eça de Queiroz (portugueses), Jorge Amado, do Brasil, José Craveirinha, de Moçambique.

Por sua vez, a embaixadora de Portugal no Egipto, Madalena Fisher, anunciou que a Faculdade de Al Alsun contaria com um Departamento de Língua Portuguesa.

Por cá, até o Presidente em vez de houver diz haver. A aposta continua a ser nos professores cubanos ou em angolanos formados por cubanos, sendo fácil concluir que na sua maioria esses professores e, consequentemente, os alunos têm de se descalçar se quiserem contar até 12.

Em Outubro de 2018 ficou a saber-se que Angola iria contratar expatriados cubanos para instituições de ensino superior públicas, de forma a “suprir a falta de especialistas com conhecimento e experiência necessária”, indicava um despacho presidencial. Boa! Quem melhor do que professores cubanos para diplomar quem quer ter acesso à “sexta básica” ou correr com os marimbondos que estão na “cumeia”?

O despacho assinado pelo Presidente da República, João Lourenço, autorizava o lançamento do procedimento de contratação simplificada para a assinatura “de dois contratos de aquisição de serviço docente de especialistas de nacionalidade cubana”, para ministrarem aulas em universidades públicas.

A 3 de Março de 2017, o então vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, exortou as 65 instituições de ensino superior do país a promoverem a qualidade e valorização do corpo docente como objectivo para o novo ano académico, que arrancou oficialmente nesse dia.

“O ensino superior tem conhecido um crescimento quantitativo notório. É de salientar, no entanto, que o crescimento quantitativo que se verifica deve ser acompanhado de um esforço que promova a qualidade”, exortou Manuel Vicente.

Em 2015 saíram das universidades e institutos superiores angolanos mais de 14.000 licenciados, um crescimento de 18,9% face ao ano académico anterior, com o governante a sublinhar a necessidade de uma aposta na “valorização dos recursos humanos”, nomeadamente ao nível dos professores.

“É essencial dotar cada instituição de ensino superior de um corpo docente forte, engajado e comprometido, técnica e profissionalmente, que se desenvolva com os demais níveis do sistema de educação e ensino”, disse Manuel Vicente.

“Para que os resultados sejam, a breve trecho, cada vez mais evidentes e significativos”, acrescentou.

Num universo em que o país tem 20 milhões de pobres, cerca de 10 milhões de angolanos frequentam actualmente – de acordo com dados oficiais – as escolas e universidades do país, nos vários níveis de ensino.

Na famosíssima entrevista de João Lourenço à RTP, por duas vezes o Presidente cometeu a (sejamos benevolentes) mesma gafe. “Há algum aspecto no dialecto de Luanda em que as pessoas digam Haver quando deveriam dizer Houver?”, perguntaram na altura muitos dos nossos leitores. A resposta foi e é simples. Há de facto um dialecto. Chama-se ignorância pura e dura ou, se preferirmos, analfabetismo crónico e altamente contagioso.

Cabo Verde quer usar portal do professor de português da CPLP como “recurso estratégico”. No reino no MPLA tal não é necessário, desde logo porque os mais ilustres intelectuais de Angola falam (+ ou -) bem o português, se bem que quando têm de escrever o desastre seja catastrófico. Só devemos escrever se não “haver” alternativa, não é sua excelência senhor Presidente João Lourenço?

O uso do portal do professor da língua portuguesa da CPLP como “recurso estratégico” foi uma das recomendações das VIII jornadas sobre ensino do português (2022) que decorreram na Universidade de Cabo Verde.

A ideia foi avançada por Fátima Fernandes, directora da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), numa parceria com o Ministério da Educação e pelo Camões – Centro de Língua Portuguesa na Cidade da Praia.

O Portal do Professor de Português Língua Estrangeira / Língua Não Materna (PPPLE) é uma plataforma online, que oferece aos professores e interessados recursos e materiais para o ensino e a aprendizagem do português como língua estrangeira/língua não materna.

Além de recomendar o uso da plataforma online da CPLP, que considera ser um “instrumento importante”, a também pró-reitora para a Política Estudantil, Acção Social e Extensão da Uni-CV defendeu também a promoção de feiras de livros nas localidades, encontros de escritores, levar os escritores à sala de aula ou criar debates entre os estudantes sobre a língua cabo-verdiana.

O ESPELHO DE UMA ESPÉCIE DE PAÍS

Um jovem angolano de elevado potencial, doutorado, apresentou a sua candidatura espontânea a uma eventual vaga para ser jornalista do Folha 8. Quando lhe foi solicitado o envio de um texto de conteúdo livre para análise, ele afirmou que queria ser jornalista só na televisão, no caso na TV 8…

Só na televisão? Então porquê? A explicação foi assertiva, sincera e paradigmática:

«Tenho uma boa aparência física, falo correctamente português. No entanto, escrevo muito mal. Se tivesse de escrever o que afirmo verbalmente seria um desastre. Se, na televisão, afirmar “a ver vamos”, ninguém sabe se estou a dizer “haver vamos”. Portanto…»

Em Outubro de 2021, o Governo do MPLA disse que o processo de harmonização curricular do ensino superior em Angola poderia entrar em vigor no ano académico 2022-2023 em todas as províncias do país.

Harmonizar significaria aumentar a qualidade, significaria valorizar exclusivamente a competência e banir não só a bajulação como a impunidade?

O anúncio foi feito no dia 5 de Outubro de 2021, pela ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário, no acto solene de abertura do ano académico 2021-2022, presidido pelo Presidente da República, João Lourenço.

De acordo com a ministra, o processo de harmonização curricular estava a ser conduzido por professores e especialistas de ordens profissionais que compõem as comissões curriculares nacionais.

No quadro da melhoria da formação de professores, Maria do Rosário deu a conhecer que se encontrava em fase de conclusão o primeiro ano de três cursos de mestrado em metodologias de educação nos domínios da infância, ensino primário e ensino da língua portuguesa, e estavam a ser capacitados 66 docentes para se tornarem formadores nos institutos superiores de ciências da educação.

Os estudantes destes cursos de mestrado estavam a ser formados numa universidade portuguesa parceira e iriam frequentar estágios pedagógicos em Angola, com apoio de instituições públicas.

Para o ano académico 2021-2022, estiveram disponíveis cerca de 152 mil vagas em todo o território nacional, estando 58 por cento concentradas na província de Luanda.

A ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação disse ser necessário reforçar a oferta formativa nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia, Matemática e Saúde.

“Continua a ser manifesta a preponderância das áreas das ciências sociais e humanas, com 53 por cento no seu todo, excluindo a das ciências da educação que contribuiu com 12 por cento das vagas, o que é insuficiente para os desafios da formação de educadores de infância e dos professores do ensino primário e secundário”, referiu.

Recorde-se, como mero exemplo, que Angola reiterou, em Nova Iorque (EUA), a inclusão do Português como língua de trabalho do Instituto Internacional dos Provedores de Justiça (IOI). A reafirmação foi feita pela provedora de Justiça de Angola, Florbela Araújo, durante a reunião dos directores do IOI, Região África, que decorreu no Fórum Cultural Austríaco, orientado pela presidente regional e provedora de Justiça do Quénia, Florence Kajuju.

Em Portugal, o Governo criou em 2022 um programa específico para os refugiados aprenderem a língua portuguesa. O programa foi considerado “essencial para apoiar” os refugiados na “integração e autonomia, seja na escola, no mercado de trabalho ou no dia-a-dia”, segundo a então ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares de Portugal, Ana Catarina Mendes.

A ministra anunciou a criação de um programa de aprendizagem da língua portuguesa específico para refugiados, particularmente os provenientes da Ucrânia, com o propósito de apoiar a integração na comunidade.

“Estará em auscultação pelos parceiros sociais, a portaria que alargará aos deslocados da Ucrânia e a outros destinatários o acesso a aulas de português. Esta medida insere-se no importante reforço da aprendizagem da língua portuguesa através de um programa específico para refugiados”, disse Ana Catarina Mendes, na audição no parlamento no âmbito da discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado.

A então governante sustentou que este programa vai ser “essencial para apoiar” os refugiados na “integração e autonomia, seja na escola, no mercado de trabalho ou no dia-a-dia”. Ana Catarina Mendes frisou que a medida não é exclusiva para refugiados provenientes da Ucrânia.

Sobre este assunto, registe-se que foi considerada “inconstitucional” a tese do Folha 8 que dizia: “Todos devemos aprender com quem sabe mais e ensinar quem sabe menos”. Isto porque se institucionalizou a regra de que ser ignorante é um acto revolucionário.

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