As exportações de bens de Portugal para Angola diminuíram 23,4% entre Janeiro e Setembro, atingindo 753 milhões de euros, levando o país do 9º destino das vendas portuguesas ao exterior para 13º lugar da tabela.
Os dados constam do Barómetro dos Gestores em Angola, realizado pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Angola (CCIPA), em parceria com a consultora PwC e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) hoje apresentado em Luanda.
Angola, que estava classificada como o terceiro mercado de exportações extracomunitário mais importante para Portugal (apenas atrás dos EUA e do Reino Unido) é agora 13º cliente das exportações portuguesas (caindo quatro lugares), revelam as estatísticas dos primeiros nove meses de 2024, citadas no Barómetro.
Em 2023, as exportações de bens e serviços de Portugal para Angola atingiram os 2,2 mil milhões de euros, ultrapassando os valores pré-pandémicos de 2019 (+6,2%), mas, a partir de Maio de 2023, verificou-se um abrandamento de 8,9%, em termos homólogos.
Portugal mantém-se ainda assim como 2º principal fornecedor de Angola, apenas atrás da China, mantendo-se o saldo da balança comercial favorável a Portugal, que exporta principalmente máquinas, fornecimentos industriais e produtos alimentares e bebidas que representam mais de 50% do total exportado, com destaque para medicamentos, vinhos, e partes de máquinas e aparelhos.
No caso de Angola, 95% dos bens vendidos a Portugal dizem respeito a combustíveis.
Em 2023, Angola exportou 271 milhões de euros para Portugal, uma redução de 56,6% face ao ano transacto, reflectindo o decréscimo de quase 61% no petróleo exportado.
Os produtos agrícolas angolanos têm ganhado relevância nas importações portuguesas, atingindo os 21 milhões de euros (+20% face a 2022) e quase 8% do total importado.
Angola assumiu, entre Janeiro e Setembro de 2024, a posição de 48.º fornecedor de Portugal, caindo sete lugares face a 2023.
Entre 2019 e 2023, as trocas comerciais de bens transaccionáveis (excluindo serviços) entre Portugal e Angola totalizaram, em média, 1.149 milhões de euros em exportações e 488 milhões de euros em importações.
Há cerca de cinco mil empresas portuguesas a exportar para Angola e 1.250 empresas com capital português ou misto a operar no mercado angolano.
Quanto ao Investimento Directo de Portugal em Angola, em Junho de 2024, cifrou-se em 1.701 milhões de euros, representando 2,5% do total do investimento directo português no estrangeiro, colocando Portugal na 10.ª posição na tabela dos 62 países que mais investem em Angola (-8,7% face ao período homólogo).
No relatório destaca-se que, “enquanto os esforços públicos e privados para aumentar o investimento português em Angola decorrem, Portugal já está entre os principais países de destino do investimento angolano” e, apesar da descida do IDE em 2020, o investimento em Portugal fixou-se nos 5.704 milhões de euros em 2023 – ultrapassando mesmo o registo do ano anterior à pandemia de Covid-19.
A título comparativo recorde-se que as exportações de bens portugueses para Angola aumentaram 50,8% nos primeiros oito meses de 2022, face ao ano anterior, atingindo aproximadamente 890 milhões de euros, segundo a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
Os dados foram revelados o dia 25 de Outubro de 2022 em Luanda pelo delegado da AICEP, João Falardo, que interveio no 5.º Encontro Angola-Portugal, organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA).
No que diz respeito às importações, o comércio com origem em Angola (essencialmente combustíveis minerais) aumentou 506,4%, entre Janeiro e Agosto, num total de 438 milhões de euros.
Angola era então o nono destino das exportações portuguesas tendo subido uma posição em relação a 2021, sendo o 27.º fornecedor de bens a Portugal (48.º lugar em 2021).
O responsável da AICEP salientou que o relacionamento bilateral entre Portugal e Angola “atravessa nas suas várias dimensões, um excelente momento” e deve ser acompanhado “por uma actividade comercial cada vez mais dinâmica”.
Nesse ano actuavam em Angola 1.300 empresas de capital português ou misto em sectores como a construção civil, o agro-alimentar e agro-industrial, a banca, os seguros metalomecânicos, tecnologias de informação e comunicação, energia, saúde, transporte e logística, afirmou João Falardo.
Para o delegado da AICEP, “a política de diversificação económica do Governo angolano deve ser encarada pelas empresas portuguesas como uma fonte de oportunidades de negócio”, representando “benefícios mútuos e riqueza partilhada” para portugueses e angolanos.
O presidente da CCIPA, João Traça destacou que a “ressaca da Covid” coincidiu também com uma altura em que se inicia “um novo ciclo de crescimento económico” que terá associado a diversificação da economia angolana.
“Compete assim aos empresários e, neste caso particular, aos empresários de Angola e Portugal, serem os atores deste ciclo e estabelecer as parcerias necessárias para agarrar as oportunidades que a diversificação vai trazer”, sublinhou o empresário.
Quanto à CCIPA, que celebrava nesse ano o seu 35.º aniversário, pretendia ser um “acelerador” destas parcerias e oportunidades, contribuindo para a partilha de informação que facilite processos de decisão de investimento, indicou João Traça.
No evento estiveram representantes de algumas das maiores empresas ligadas a Portugal que actuavam no mercado angolano entre as quais a Angonabeiro (subsidiária da Delta), os bancos Caixa Angola e Millennium Atlântico ou a seguradora Fidelidade.
Ainda a título comparativo, recorde-se que Portugal foi ultrapassado pela Bélgica nas exportações para Angola no primeiro trimestre de 2022, mantendo-se a China no lugar cimeiro, segundo o Boletim das Estatísticas de Comércio Externo, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
A China, com 50,9%, foi o principal destino das exportações, seguindo-se a Índia com 12,3%, França com 6,6%, Reino Unido com 4,5% e Emirados Árabes Unidos com 2,8% em relação ao valor total.
A China foi também o principal parceiro a nível de importações, garantindo 13,4% dos produtos importados. Seguiu-se a Bélgica com 12,5%, Portugal com 11,7%, Países Baixos com 6,6%, e Estados Unidos da América com 5,4%.
Entre os países africanos, a África do Sul representou quase 70% das exportações, seguindo-se a larga distância a República do Congo (Brazzaville), com 21%, e a República Democrática do Congo, com 3,3%, enquanto do lado das importações dominaram o Togo (42,3%), África do Sul (37%), Marrocos (5,1%), Namíbia (4,1%) e Egipto (2,8%).
Recorde-se que, de acordo com dados Instituto Nacional de Estatística de Portugal, o saldo da balança comercial passou de 621 milhões de euros, em 2020, para 1.360 milhões de euros em 2021, essencialmente devido à quebras nas compras a Angola, o principal parceiro comercial de Portugal nos PALOP.
As compras de Portugal a Angola caíram 79,3% em 2021, passando de 389 milhões de euros, em 2020, para apenas 80,6 milhões de euros no ano passado.
Pelo contrário, as exportações para Angola aumentaram 9,4%, subindo de 870,3 milhões de euros, em 2020, para 952,1 milhões de euros no ano passado.
Em 11 de Fevereiro de 2022, o ministro da Indústria e Comércio de Angola, Victor Fernandes, disse que Portugal continuava a ser um parceiro relevante, apesar da diminuição das trocas comerciais entre os dois países. Sim, tem razão. A relevância também se mede pelo índice bilateral de bajulação.
“Portugal continua a ser um ‘player’ relevante na troca comercial com Angola e não é só produtos alimentares, são máquinas, é principalmente serviços até. Portugal exporta muitos serviços para Angola, ao contrário Angola importa muitos serviços de Portugal. Houve uma diminuição, mas continua relevante”, referiu Victor Fernandes.
Segundo o ministro, por força da alteração dos últimos anos, nomeadamente a pandemia de Covid-19 e o aumento da produção nacional, muitos dos produtos que serviram o sentido de importação via Portugal diminuíram a sua cadência exportadora.
Por sua vez, o ministro da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, reiterou a parceria entre os dois países, frisando que Portugal aparece em segundo lugar na lista de importações.
“Nós de maneira nenhuma deixamos Portugal de lado, aliás, na importação Portugal é o segundo maior parceiro de Angola, depois de China”, disse o governante angolano, sublinhando que nos últimos 10 anos os dois países têm estado a disputar esta posição.
Mário Caetano João frisou que a China é o maior parceiro, quer nas importações quer nas exportações, domínio onde Portugal ocupa o sexto lugar.
“De maneira nenhuma deixamos Portugal de lado. Portugal de facto é um daqueles parceiros comerciais tradicionais, onde temos estado a averiguar exactamente essas duas componentes primordiais da diplomacia económica, que é investimentos e comércio”, disse.
O titular da pasta da Economia e Planeamento destacou que, com Portugal, o Governo angolano consegue fazer a parceria nestas duas vertentes, ao contrário do que acontece com outros países, nomeadamente os fronteiriços, onde só se incrementa o comércio e pouco investimento.
ANTES DE JOÃO LOURENÇO (TUDO) ERA DIFERENTE
Em 2016, Portugal voltou a ser o país que mais vendeu a Angola, apesar de o volume de negócios ter sofrido uma redução de 12% face a 2015, sendo superior a 1,6 mil milhões de euros, suficiente para destronar a China.
Os dados constam do anuário do comércio externo de 2016, elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola. O documento refere que Portugal atingiu uma quota de 14,89% de todas as importações angolanas, equivalente a 342.517 milhões de kwanzas (1.630 milhões de euros).
Já a China viu as compras angolanas caíram 36% de 2015 para 2016, para uma quota de 12,54%, equivalente a um volume de negócios de 253.884 milhões de kwanzas (1.373 milhões de euros).
Os Estados Unidos da América tornaram-se no terceiro principal país fornecedor de Angola, com um volume de negócios em todo o ano de 2016 superior a 217.719 milhões de kwanzas (1.770 milhões de euros), que correspondeu a uma quota de 10,75%.
No plano inverso, a China reforçou a posição de maior comprador de Angola, com uma quota de 45% das exportações angolanas de 2016 (essencialmente petróleo). Traduz-se em vendas globais 2,187 biliões de kwanzas (11,8 mil milhões de euros), um crescimento superior, em valor, a 28%, face às compras realizadas pela China em 2015.
No segundo lugar, a índia também aumentou as compras (4,92%) a Angola, que em 2016 atingiram os 330.894 milhões de kwanzas (1.789 milhões de euros) e uma quota de 6,89% do total, seguido dos EUA, com uma quota de 5,11% e compraram 245.698 milhões de kwanzas (1.328 milhões de euros) das exportações angolanas, um aumento de 54% face a 2015.
Portugal foi apenas o nono destino das exportações angolanas, representando um volume de negócios de 153.536 milhões de kwanzas (830 milhões de euros), um aumento de 8,28% face a 2015, mas ainda assim uma quota de 3,20%.
Globalmente, as exportações angolanas aumentaram 18,76% em 2016, para um volume de negócios total de 4,803 biliões de kwanzas (25,9 mil milhões de euros), enquanto as importações caíram 22,37%, para 2,024 mil milhões de kwanzas (10,9 mil milhões de euros).
Em 2016 a balança comercial de Angola, incluindo ainda reimportações e reexportações, registou um saldo positivo de 2,779 biliões de kwanzas (15 mil milhões de euros), praticamente o dobro face ao resultado de 2015.
Os resultados definitivos do Comércio Externo (Importação e Exportação) apurados para o ano de 2016, indicavam para uma taxa positiva de variação homóloga, do período em análise, de 18,76% para as Exportações, enquanto que para o mesmo período, as Importações tiveram uma diminuição de 22,37%.
Em 2016 a Balança Comercial de Angola, registou um crescimento do saldo positivo de 2.779 Mil Milhões de Kwanzas.
O grupo de produto que teve a maior participação no valor total das exportações foi fundamentalmente os “Combustíveis” com 92,97%, enquanto que no valor total das importações os grupos de produtos que mais se destacaram foram: “Máquinas e Equipamentos e Aparelhos” com 24,71%, “Agrícolas” com 10,44%, “Metais Comuns” com 9,52%, “Químicos” com 7,62% e “Combustíveis” com 6,02%.
Os principais parceiros das exportações de Angola durante o ano de 2016 foram os seguintes: China com 45,53%, Índia com 6,89%, EUA com 5,11% África do Sul com 4,78%.
Os principais parceiros das Importações para Angola durante o ano de 2016 foram os seguintes: Portugal com 14,89%, China com 12,54%, EUA com 10,75% e África do Sul com 5,25%.
Os principais parceiros africanos nas exportações que mais se destacaram foram os seguintes, África do Sul com 81,70%, República Democrática do Congo com 12,93%, São Tomé e Príncipe com 1,15% e Namíbia com 1,12%.
Para as importações no mesmo período foram os seguintes, África do Sul com 71,87%, Egipto com 4,97%, Mauritânia com 4,32 e Senegal com 4,21%.