Não há “fair-play” político e os melhores nem sempre vencem. A política angolana é marcada por uma complexa teia de influências e interesses internacionais. O apoio do povo angolano é fundamental, mas não é suficiente para a UNITA alcançar o poder.
Por Malundo Kudiqueba
A UNITA deve trabalhar diligentemente para conquistar aliados internacionais que possam oferecer suporte político, financeiro e logístico. A actual conjuntura internacional, com as potências ocidentais a demonstrar interesse renovado em África, apresenta uma oportunidade que a UNITA não pode ignorar. O Ocidente passará a olhar para UNITA como alternativa viável em Angola no dia em ela começar a fazer promessas concretas que vão além do que o MPLA já lhes ofereceu.
O MPLA está no poder e não tem o apoio do povo. A UNITA tem o apoio do povo mas não está no poder. Por aqui podemos observar que o apoio interno não é suficiente para se chegar ao poder. A UNITA vai ter que abrir a mão e fazer promessas ao Ocidente para que os dois partidos possam estar em igualdade de circunstâncias. Na política não existem favores muito menos apoios gratuitos.
Para a UNITA, o caminho para o poder passa pela construção de alianças robustas tanto dentro quanto fora do país. A habilidade de navegar estas águas complexas determinará se a UNITA pode desafiar eficazmente o domínio do MPLA e oferecer uma nova esperança para Angola. A história mostra-nos que, em Angola, o jogo político é tão global quanto local, e qualquer movimento significativo deve reflectir essa realidade.
É importante salientar que sem a assistência estrangeira, é improvável que o MPLA tivesse conseguido estabelecer e manter a sua hegemonia. Este precedente histórico sugere que qualquer partido que aspire a governar Angola precisa de considerar seriamente a construção de alianças internacionais fortes.
Para competir efectivamente com o MPLA, a UNITA precisa desenvolver estratégias criativas e eficazes para maximizar o impacto dos seus limitados recursos.
Para se tornar uma alternativa viável ao MPLA, a UNITA deve considerar as seguintes estratégias:
“Lobby” Internacional: Desenvolver uma presença forte em capitais ocidentais como Washington, Bruxelas e Londres pode ajudar a UNITA a influenciar políticas externas que impactem Angola. Isso requer investimentos em actividades de “lobby” trabalhando com firmas especializadas para promover seus interesses.
Reconhecimento Diplomático: A UNITA deve intensificar os seus esforços para obter reconhecimento diplomático e apoio de governos estrangeiros. Isso pode incluir visitas diplomáticas, participação em fóruns internacionais e construção de relacionamentos com embaixadas e missões estrangeiras.
Engajamento com Organizações Internacionais: Alianças com organizações como as Nações Unidas, a União Africana e ONGs internacionais podem fornecer uma plataforma para destacar questões de direitos humanos e governança em Angola.
Mobilização da Diáspora: A diáspora angolana, espalhada por vários países, pode ser uma fonte valiosa de apoio. A UNITA deve envolver-se activamente com estas comunidades para mobilizar apoio financeiro e político.
Embora o MPLA tenha uma vantagem estabelecida devido aos seus recursos e redes de influência, a UNITA pode capitalizar sobre a crescente insatisfação interna e a mudança nas prioridades internacionais. A crescente atenção global para a transparência, direitos humanos e boa governança oferece uma oportunidade para a UNITA posicionar-se como uma alternativa viável e comprometida com a reforma.
O MPLA dizia de forma abusiva que o MPLA era o povo mas o seu principal aliado era o governo português que lhe entregou o poder de bandeja. No actual contexto a frase “O povo é o MPLA e o MPLA é o povo” soa cada vez mais vazia à luz das últimas eleições de 2022. O povo angolano enviou um recado ao MPLA: a legitimidade e o apoio popular não podem ser tomados como garantidos.
É necessário um esforço contínuo e genuíno para se estabelecer o laço com o povo, atendendo às suas preocupações e exigências e promovendo um governo que seja verdadeiramente do povo e para o povo. A frase o MPLA é o povo e o povo é o MPLA é o último slogan do partido que perdeu a sua data de validade. Se o MPLA fosse realmente o partido do povo teriam tido maioria absoluta nas últimas eleições de 2022.
Estou receptivo às vossas críticas.