LAGARTA MILITAR VOLTA A ATACAR

Trinta mil e 150 campos agrícolas familiares dos municípios de Ombadja, Cahama e Curoca, na província do Cunene, ficaram afectados pelas pragas da lagarta militar e a Acanthoplus Discoidalis (vulgo matrirididi), durante a campanha agrícola 2023/2024. Não é altura do general Comandante-em-Chefe das Forças Armadas meter a lagarta (militar) na ordem?

Os dados foram avançados pelo Gabinete da Agricultura, Pecuária e Pesca, por ocasião do Dia Internacional da Sanidade Vegetal, que hoje se assinala.

De acordo com o relatório fitossanitário da província, 22 mil e 800 lavras foram atacadas, durante o ano agrícola, nas comunas de Mocupe e Humbe (Ombadja) com prejuízos avaliados em 20 a 30 por cento das culturas.

Já no município do Curoca, foram contabilizadas 7.200 lavras, enquanto Cahama registou 150 campos agrícolas devastados pela lagarta militar, causando prejuízos na ordem dos 40 por cento nos cultivos semeados, nos meses de Novembro e Dezembro, e 90 da cultura de Janeiro a Fevereiro.

A fonte salienta que a lagarta militar é a que mais prejuízo causou às culturas de massango, massambala e milho em toda a extensão da província com maior incidência nos municípios do Curoca e Cahama.

Não obstante a insuficiência de meios, equipamentos e insecticidas, foram pulverizados 962 campos agrícolas, indica a fonte, sublinhando que o ataque massivo destas pragas se deveu ao período prolongado de estiagem registado no intervalo entre os meses de Janeiro e Março.

A par dos campos agrícolas familiares, o sector debate-se, nos últimos quatro anos, com a praga da mosca branca, estimando que estejam afectadas 5.268 ruteiras como mangueiras, citrinas, goiabeiras, amoreiras e mamoeiros, nas cidades de Ondjiva e Xangongo.

Já a praga da tuta absoluta, que actua com maior incidência nas cinturas verdes, tem causado o baixo rendimento nas culturas do tomate e má qualidade de produto a nível dos seis municípios.

Paulo César, técnico do Departamento de Vigilância Epidemiológica Vegetal do gabinete da Agricultura, considerou a província do Cunene como endémica das pragas, facto que requer o redobrar de esforços na aplicação das normas preventivas para evitar a contaminação.

De acordo com o engenheiro agrónomo, a questão da sanidade vegetal pode ser abordada sob diversos aspectos, sendo o primeiro e mais óbvio a protecção do património vegetal, que está intimamente ligada à segurança alimentar.

A introdução de pragas exóticas pode causar um sério desequilíbrio ambiental, alterando o funcionamento dos ecossistemas e, consequentemente, afectando o fornecimento de alimentos e a economia, disse.

Desta feita, apelou para maiores cuidados na aquisição de plantas assim como na importação de sementes agrícolas que devem merecer certificação laboratorial no sentido de detectar se estão em condições sanitárias, uma vez que, as mesmas podem acarretar risco da saúde de plantas com prejuízos elevados na produtividade.

A GUERRA DA “LAGARTA MILITAR”

Em Abril de 2022, segundo o insuspeito Jornal de Angola, uma praga identificada por “lagarta militar” estava a devastar as culturas de massango, massambala e milho na comuna da Môngua, município do Cuanhama, Cunene, comprometendo a colheita de cereais do ano agrícola, de acordo com informações do Gabinete Provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas.

O chefe do Departamento da Agricultura daqueles serviços, Filipe Capitango, disse ao Jornal de Angola que 1.200 lavras estavam dadas como afectadas pela praga, só na Môngua, uma situação que preocupava os camponeses, desprovidos de meios alternativos de irrigação, bem como de pesticidas para o combate à peste, temendo-se pelas suas colheitas.

Filipe Capitango adiantou que técnicos do Gabinete e Administração Municipal do Cuanhama estavam a prestar assistência aos agricultores para se encontrarem soluções para combater a larva, acrescentando que estavam a ser utilizados meios recebidos na altura da praga de gafanhotos, em Maio de 2021, para combater a progressão da peste. “O Gabinete carece de meios para combater esse tipo de praga, mais está à procura de soluções para travar o mal, através de novas técnicas”, afirmou Filipe Capitango.

“Fomos informados pelos camponeses que a praga, com características da ‘lagarta militar’, está a devastar várias lavras na comuna da Môngua, com maior incidência para as culturas de massango, milho e massambala”, disse na altura.

A praga da “lagarta militar” também já estava a afectar lavras de camponeses nos municípios de Ombadja, Cahama e Namacunde, devastando hectares de culturas de cereais, principais produtos da dieta das famílias no Cunene.

Tulipuleni Constâncio, camponês da comuna da Môngua, disse que a praga estava a afectar o caule e o próprio grão dos cereais e já devastara perto de três hectares da sua lavra, com consequências que afectariam a colheita., insistindo em que a “lagarta militar” destrói plantações inteiras.

Clementina Ndanyengwa, outra camponesa , afirmou que se tratava de lagartas e insectos que devastam as culturas. “A praga começou no princípio de Abril e já destruiu uma boa parte das lavras da comuna. Temos receio que se alastre para outras culturas, porque verificamos que a praga devasta tudo que encontra, pelo que apelamos ao Governo da província para agir com celeridade para que os prejuízos não sejam maiores”, disse.

A “lagarta militar” é uma espécie de larva que se alimenta de plantas de milho, preferencialmente, mas também devora outras culturas como de arroz, massango, massambala, trigo e feijão. A denominação “lagarta militar” surgiu porque a espécie, depois de consumir as plantas, adquire uma tonalidade verde, típica de fardamento militar (não se sabe se mais próximo das FAPLA ou das FALA).

Não. A culpa não é do MPLA. É das lagartas (da oposição)

Ao contrário do que o Folha 8 tem escrito, a culpa de Angola ser um dos países mais corruptos do mundo, ter elevados índices de mortalidade infantil e 20 milhões de pobres, não é do MPLA, partido que nos (des)governa desde 1975. Está cientificamente (com)provado que a culpa é das lagartas, seja a do “funil do milho”, ou da “militar”.

Desde que apareceu, a lagarta do funil do milho tem provocado prejuízos económicos consideráveis nas culturas em alguns países da região e ameaça agora a segurança alimentar no continente.

A lagarta do funil do milho, comum nos países da América do Sul, foi diagnosticada no continente africano em 2016. A Nigéria foi o primeiro país da África Ocidental a detectar a praga, seguindo-se a África Central e a África Austral nos finais de 2017, com Moçambique e Angola a serem fortemente fustigados.

A União Africana tem estado a realizar várias iniciativas com vista à consciencialização dos países e controlo desta ameaça, alertou na altura, em declarações à RFI, Josefa Sacko, comissária da União Africana para a Economia Rural e Agricultura.

Dois anos após uma seca intensa provocada pelo El Niño que afectou mais de 40 milhões de pessoas e causou um défice de cereais de 9 milhões de toneladas, a região austral de África deparou-se com uma nova praga que ameaça devastar as culturas dos agricultores da região.

Trata-se de uma espécie de lagarta invasora (talvez ao estilo dos velhos colonizadores europeus) comum nos países da América do Sul que foi diagnosticada recentemente no continente africano.

Depois de ter sido detectada em países como Zâmbia, Zimbabwe, África do Sul, Malawi, Botswana, Swazilândia e Tanzânia, foi confirmada a sua presença em Moçambique nas províncias de Maputo, Gaza, Manica, Tete, Niassa e Zambézia.

O milho, que é a cultura alimentar mais importante na região, é a mais afectada por ser a principal cultura hospedeira comprometendo assim a segurança alimentar das famílias mas, esta também pode afectar um grande número de culturas incluindo a mapira (sorgo) e o trigo.

A fim de conter a propagação desta praga a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) disponibilizou fundos para apoiar no rastreio da praga nas zonas suspeitas.

A nível regional e internacional, foram realizadas reuniões técnicas entre as autoridades nacionais de controlo de pragas e doenças transfronteiriças e as instituições técnicas internacionais com vista a desenhar-se uma estratégia global de intervenção e a identificação das necessidades de apoio dos países.

Paralelamente, a FAO apoiou os países na avaliação da situação destinada a compreender a extensão e a intensidade da ameaça da lagarta do funil do milho, bem como na identificação de soluções sustentáveis para o controlo da propagação da praga.

Para a técnica de responsável pela área Produção e Protecção de Plantas dos escritórios regionais da FAO em Harare – Zimbabwe, Joyce MulilaMitti, “nenhum país está a salvo, todos os países estão em risco e é importante que estejam preparados e tenham uma resposta imediata e, a constante monitoria é fundamental para se manter a praga controlada”.

MulilaMitti disse ainda que para além destas acções a FAO previa:

– Apoiar a realização de avaliações em cada país sobre o impacto da praga (distribuição/mapeamento, níveis de infestação, danos, perda de rendimento, necessidades da população);
– Reforçar a coordenação regional através de sistemas de alerta precoce;
– Criação e/ou reforço de sistemas nacionais de vigilância com o envolvimento de parceiros através da prestação de assistência técnica e de aconselhamento;
– Distribuição aos países de guias técnicos com protocolos para auxiliar nas medidas de identificação e controle.

A Zâmbia, por exemplo, registou a maior área afectada na região da África Austral, com cerca de 223 000 hectares afectados, dos quais 90 000 de campos de milho, o que levou os agricultores a replantar as suas culturas e, no Zimbabwe, foram afectados cerca de 130 000 hectares.

Recorde-se que em 1974, no período colonial português, as exportações dos 15 principais produtos não petrolíferos representaram cerca de 44% do total das exportações angolanas. Somaram, à data, 554,1 milhões de dólares, o que “representaria hoje 27 vezes o total das exportações em 2016”, que foram de 142 milhões de dólares (retirando petróleo e diamantes).

Em Angola, depois do milho o arroz é o segundo cereal mais consumido, mas a sua produção interna, apesar dos esforços para o seu incremento, ainda não satisfaz as necessidades, obrigando a reforçar a sua importação.

Folha 8 com Angop

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