JOVENS DEVEM SER ENCORAJADOS A LIDERAR…

Os jovens não estão contra os mais velhos. Estão contra o que foi feito de errado e o que deveria ter sido feito, mas não foi. A experiência que os mais velhos tanto exaltam não pode continuar a ser vista como um troféu de mérito, quando é, na verdade, um símbolo de retrocesso.

Por Malundo Kudiqueba

Que jovem, com sonhos de um futuro melhor, gostaria de herdar a experiência de destruir o país? De mergulhá-lo na corrupção, no subdesenvolvimento e na estagnação? Não se pode culpar os jovens por falta de experiência quando a experiência dos mais velhos foi a de perpetuar falhas históricas e abrir feridas que o tempo ainda não curou.

Cada coisa tem o seu tempo, e tudo na vida tem uma data de validade. Reconhecer isso não é fraqueza – é sabedoria. Insistir em pessoas presas a métodos obsoletos, é condenar o país a um ciclo sem fim de pobreza, desigualdade e frustração colectiva. Quem persiste no erro durante décadas não apenas demonstra incapacidade de mudança, mas coloca em risco o futuro das gerações que ainda nem tiveram a oportunidade de provar o que podem fazer.

Não há maior erro do que insistir que o futuro seja construído pelas mãos de quem só conhece o passado. Quem não tem a capacidade de sonhar não tem o direito de liderar. Um país que não confia nos seus jovens está a enterrar as suas próprias possibilidades de progresso. Aqueles que insistem em liderar sem resultados são como um barco à deriva, que não chega a nenhum porto seguro. As novas ideias só surgem quando se tem a humildade de reconhecer que o velho modelo fracassou. Esse século exige inovação, criatividade e agilidade – qualidades que não se encontram em quem está agarrado ao passado e se recusa a abrir espaço para novas ideias.

O que os jovens pedem não é uma passagem de poder sem mérito, mas uma oportunidade de mostrar que podem fazer diferente. Eles não podem ser julgados por crimes que ainda não cometeram, nem condenados pela inércia de um sistema que nunca lhes deu voz. Se a experiência dos mais velhos é sinónimo de fracasso, então, talvez seja hora de dar uma chance à “inexperiência” dos jovens. Porque, nesta inexperiência, há sonhos, há energia e há esperança.

A renovação é a única saída. Continuar a apostar nas mesmas pessoas e nos mesmos métodos é um caminho certo para o abismo. É hora de discutirmos o futuro do país olhos nos olhos, com serenidade e seriedade, mas também com firmeza. O futuro não pertence a quem insiste em viver do passado; pertence a quem tem coragem de construir algo novo.

A liderança do século XXI precisa de gente que saiba falar a linguagem do progresso, que compreenda os desafios globais e que esteja disposta a sacrificar privilégios pessoais pelo bem colectivo. Aos mais velhos, deixem que os jovens tentem. Reconheçam que a verdadeira grandeza está em preparar a próxima geração para ser melhor do que a actual. E, aos jovens, assumam o compromisso de não repetir os erros do passado. O futuro do país depende disso.

Obs. Continuo a nutrir respeito pelos nossos mais velhos.

Foto: Nelito Ekuikui e Luvualu de Carvalho

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