HUMILDADE E TRANSPERÊNCIA, GARANTE O NOVO PRESIDENTE

O Presidente eleito do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, promete lutar contra a corrupção e promover a reconciliação nacional, depois de uma grave crise política que se seguiu ao adiamento da votação.

Bassirou Diomaye Faye declarou na primeira conferência de imprensa, em Dacar: “Comprometo-me a governar com humildade, transparência e a lutar contra a corrupção a todos os níveis”.

Na primeira intervenção pública, Bassirou Diomaye Faye afirmou que ia esforçar-se “para reconstruir as instituições e reforçar as bases da coexistência”, na primeira intervenção pública desde que os resultados provisórios mostraram uma vitória esmagadora do até então candidato da oposição.

“As eleições presidenciais que acabámos de viver são, acima de tudo, uma vitória do povo senegalês na luta pela defesa da soberania e dos valores democráticos. Esta vitória pertence, portanto, a todos os senegaleses aqui e na diáspora”, acrescentou.

Tanto o Presidente cessante, Macky Sall, como o antigo primeiro-ministro e candidato do partido no poder, Amadou Ba, aceitaram a derrota e felicitaram o rival nas urnas.

Opositor anti-sistema, Bassirou Diomaye Faye, que ainda há 10 dias estava na prisão, vai tornar-se no mais jovem Presidente do Senegal, depois de uma histórica vitória alcançada logo à primeira volta nas presidenciais de domingo, e o quinto da história deste país da África Ocidental com 18 milhões de habitantes.

A eleição de Bassirou Diomaye Faye, que completou 44 anos na segunda-feira e nunca antes ocupou qualquer cargo electivo à escala nacional, está a ser descrita como um terramoto político, sendo esta a primeira vez, em 12 eleições presidenciais por sufrágio universal, que um candidato da oposição vence à primeira volta.

As eleições foram acompanhadas com atenção no estrangeiro, uma vez que o Senegal é considerado um dos países mais estáveis de uma África Ocidental abalada por golpes de Estado.

Dacar mantém fortes relações com o Ocidente, enquanto a Rússia está a reforçar as suas posições na região.

Desde 2021, o Senegal assistiu a vários episódios de agitação provocados pelo impasse entre Ousmane Sonko e o Governo, combinado com tensões sociais. Em três anos, a agitação causou dezenas de mortes e centenas de detenções.

O país mergulhou numa das crises mais graves das últimas décadas quando o Presidente Sall decidiu, em 3 de Fevereiro, adiar as presidenciais previstas para três semanas mais tarde.

Recorde-se que no dia 13 de Abril de 2017, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que o Senegal “fala português” e tem “uma porta aberta” para assumir “um papel essencial” na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da qual já é membro observador.

No segundo dia de visita de Estado ao Senegal, em declarações aos jornalistas na ilha de Gorée, em frente a Dacar, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “é impressionante” a presença da língua portuguesa neste país, que tem “46 mil jovens a falar português”.

O chefe de Estado luso referiu que os senegaleses “querem aumentar este número”, e considerou que isso “permite esperar o melhor do papel do Senegal na CPLP no futuro”, e que há “uma porta aberta para um papel essencial do Senegal na CPLP”.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, também “na relação bilateral” entre Portugal e o Senegal existe um “estreitamento das relações” que abre “uma perspectiva totalmente nova”.

O Senegal constitui para Portugal, para além dos países africanos de língua portuguesa, “outro parceiro que fala português, que já está observador na CPLP, e que pode ser tão importante quanto os outros, que são países irmãos de que se fala mais”, acrescentou.

Entretanto, o presidente francês Emmanuel Macron felicitou Bassirou Diomaye Faye pela vitória nas eleições presidenciais e disse, através de uma mensagem na rede social X, estar ansioso por “trabalhar com ele”.

“Parabéns a Bassirou Diomaye Faye pela sua eleição como Presidente da República do Senegal. Envio-lhe os meus melhores votos e estou ansioso por trabalhar com ele”, escreveu Macron.

A França, antiga potência colonial do Senegal e o seu principal parceiro político e económico espera manter sólidas relações com o país, apesar de ter acabado de sofrer sérios contratempos na região, nomeadamente ter de romper toda a cooperação militar com o Mali, o Burkina Faso e o Níger.

Vencedor claro da votação realizada no domingo, Bassirou Diomaye Faye garantiu que o Senegal continuará a ser um “aliado seguro e fiável” de todos os parceiros estrangeiros “respeitadores”.

É a primeira vez, em 12 eleições presidenciais por sufrágio universal, que um candidato da oposição vence à primeira volta.

Desde 2021, o Senegal assistiu a vários episódios de agitação provocados pelo impasse entre Ousmane Sonko e o Governo, combinado com tensões sociais. Em três anos, a agitação causou dezenas de mortes e centenas de detenções.

O país mergulhou numa das crises mais graves das últimas décadas quando o Presidente Sall decidiu, em 3 de Fevereiro, adiar as eleições presidenciais previstas para três semanas mais tarde.

Folha 8 com Lusa

Artigos Relacionados