FALTA QUASE PARA POUCO…

O ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, apontou, esta quinta-feira, em Luanda, a realização do Fórum Internacional sobre Tecnologias de Angola (ANGOTIC-2024) como factor de apoio à diversificação económica nacional. Os nossos 20 milhões de pobres perguntam: “A incompetência também ajuda à diversificação económica”?

Ao discursar no acto de lançamento da 3ª edição do ANGOTIC-2024, a decorrer de 13 a 15 de Junho deste ano, em Luanda, o governante disse que, com a promoção desse evento, o sector pretende ser a locomotiva do desenvolvimento socioeconómico do país e do bem-estar de todos angolanos.

Na ocasião, o ministro referiu que o fórum vai permitir partilhar experiências e conhecimentos que potenciem a criação de um ambiente favorável e atractivo ao investimento privado, bem como promover as parcerias público-privadas, com vista à disponibilização de serviços que facilite a vida dos cidadãos e dos negócios.

À semelhança das edições anteriores, afirmou que o ANGOTIC-2024 pretende ser um evento de tecnologia internacional de referência, tendo em conta o conteúdo inigualável do fórum que será acompanhado com uma grande exposição e network.

O ministro reiterou que o ANGOTIC-2024 serve como um catalisador para colaboração e competição entre empresas de tecnologias de nacionais e internacionais.

Por isso, apelou aos participantes para aproveitarem a oportunidade para se reflectir em torno do potencial e desenvolvimento das telecomunicações para novas soluções de negócio é dar visibilidade à competência do mercado nacional e internacional.

O ANGOTIC é um evento global de tecnologias de informação e comunicação, realizado e promovido pelo Governo de Angola, através do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.

O evento visa promover o debate em torno de temas actuais, globais e futuros das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), a partilha de conhecimentos e facilitar o networking para entidades governamentais, expositores, especialistas, apresentar as inovações, bem como as tendências do sector.

Em Fevereiro de 2023 ficou a saber-se que o Governo iria investir 89 milhões de dólares (83,2 milhões de euros) para construir a infra-estrutura da Nuvem Nacional de Angola, formar técnicos e armazenar e unificar serviços governamentais. É uma “exigência” do MPLA para abrir o paraíso…
O projecto, que resultou da assinatura, em Dezembro de 2021, de um memorando de entendimento entre o Governo de Angola e a multinacional Presight, foi apresentado no dia 16 de Fevereiro do ano passado, em Luanda, numa cerimónia que contou com a presença do ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário de Oliveira.

O ministro referiu que, com a concretização do projecto, o Governo pretende promover o desenvolvimento digital da economia nacional, uma melhor percepção do cidadão sobre a governação e eficiência governativa, aproximando mais os cidadãos das acções governativas, cultivar talentos locais no uso das TIC (tecnologias da informação e comunicação) e serviços de nuvem, bem como estabelecer uma base para a transformação digital em toda a indústria angolana.

“Trata-se de uma nuvem governamental unificada, construída sobre ‘data centers’ [centro de dados] do Governo para fornecer mais de 80 serviços”, referiu Mário de Oliveira, salientando que o projecto prevê a migração das aplicações existentes e implementação de novas aplicações para a nuvem (‘cloud’) unificada governamental.

Em declarações à imprensa, o director-geral do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade de Informação (INFOSI), André Mpumba Pedro, referiu que o projecto será criado num prazo de 15 meses, devendo ser concluído entre Fevereiro e Março de 2024.

André Pedro disse que será construído de raiz o principal ‘data center’ (no Camama), e reabilitado o actual ‘data center’ secundário, o ‘backup’ junto do Instituto de Telecomunicações.

Os centros de dados, que vão ocupar uma área de 5.320 metros quadrados, vão albergar 204 armários de servidores, promovendo uma redução de custos na máquina funcional das comunicações electrónicas do Governo de Angola.

“Aquilo que queremos fazer com a construção dessa infra-estrutura é reduzir a quantidade das filas na obtenção de serviços electrónicos do Governo de Angola, eliminar as limitações que têm existido na obtenção de serviços nas inscrições de concursos públicos, por exemplo”, explicou o responsável.

O director-geral do INFOSI sublinhou que a previsão do Governo é a satisfação do cidadão, na busca dos serviços electrónicos do Governo de Angola, nomeadamente facilitar a população na obtenção de certos serviços públicos, como inscrições em concursos públicos, obtenção do bilhete de identidade, emissão de passaportes, entre outros.

André Mpumba Pedro realçou que, com a nuvem governamental, o Estado pretende reduzir ao máximo um problema que os cidadãos registam quando se deslocam a algumas instituições do Estado e até privadas, da falta de sistema, para o fornecimento de serviços.

“Queremos reduzi-la ao máximo, retirando quase que a completa dependência de um sinal de Internet para que haja o fornecimento do serviço público electrónico. Aquilo que se pressupõe é criar essa rede privativa do Estado, interligar departamentos ministeriais ao ‘data center’ do Governo e por esta via ter essa rede privativa completamente separada do serviço de Internet”, frisou.

O projecto, prosseguiu o responsável, visa igualmente a redução de custos e sobreposição de investimentos na construção de centros de dados, exemplificando que actualmente, para manter a licença para que os dados electrónicos estejam invioláveis, o ministério tem o custo anual que ronda os 15 milhões de kwanzas (27.815 euros).

O INFOSI foi criado a 20 de Abril de 2016, através do Decreto Presidencial nº 86/16, como resultado da fusão do Centro Nacional das Tecnologias de Informação (CNTI) e do Instituto de Telecomunicações Administrativas (INATEL). Esta fusão resultou da necessidade de se racionalizar os recursos humanos e materiais adstritos ao CNTI e ao INATEL, no âmbito da prossecução das respectivas atribuições.

O INFOSI tem por missão a execução e distribuição dos serviços públicos de tecnologias de informação e de telecomunicações administrativas definidas pelo Executivo no âmbito das políticas e estratégias de desenvolvimento, conhecimento e a promoção da inclusão digital.

Internet… potável! Políticos (in)imputáveis

Em Julho de 2020, o então ministro das Telecomunicações Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, defendeu, em Luanda, a promoção do acesso à Internet em todos os estratos sociais e em todo o país. Embora dê jeito haver electricidade, crê-se que o Governo a vá tornar “potável” através de ligação a candeeiros a petróleo ou a velas de cera…

Tal como hoje com “a primeira nuvem nacional” por todos os cantos e esquinas do país multiplicaram-se as manifestações de júbilo e elogios à tese de Manuel Homem. A população dos Gambos, por exemplo, e daquelas localidades do Cuando Cubango, onde morreram crianças devido à fome, receberam a notícia com muita alegria. Foram imediatamente comprar computadores para os filhos e velas para fornecer energia para os computadores poderem funcionar.

Alguns pais, pouco informados sobre e ciclópica capacidade do governo, perguntam se as crianças, para terem acesso a electricidade, irão ligar os computadores no tronco ou nos ramos das árvores. Esquecem-se, lamentavelmente, que a os computadores podem funcionar ligados a candeeiros ou a velas de cera.

Manuel Homem, que falava à imprensa no termo de uma visita de constatação ao INFOSI, considerou que a expansão do sinal da Internet deve permitir e facilitar o acesso a todos. “Temos de continuar a trabalhar na promoção do acesso à Internet em todos os estratos sociais por via dos programas de massificação e inclusão digital em curso um pouco por todo o país”, frisou o então ministro sem que alguém lhe lembrasse que não fica bem falar de coisas como electricidade (mesmo que na versão “potável”) a um povo que tem 20 milhões de pobres. Isto se é que esses pobres são gente, se é que são… angolanos.

Na altura, Manuel Homem manifestou-se, igualmente, satisfeito com o nível de organização do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade de Informação do ponto de vista técnico e administrativo, o que vai facilitar o processo de apoio à modernização dos sistemas da administração pública em curso no país, no âmbito dos programas e projectos de massificação digital.

Com a implementação dos Programas e Inclusão Digitais, o Governo tem vindo a desenvolver o Projecto “Angola Online”, que na altura já permitira montar 111 pontos públicos de acesso à Internet, em todo o território nacional.

Acresce que, com esse acesso à Internet, os nossos pobres podem mostrar ao mundo que são dos melhores na disciplina basilar implementada pelo MPLA há 49 anos e que, por isso, constitui o seu ADN: Aprender a viver sem comer. É claro que o resultado não é 100 por cento positivo. Isto porque muitos quando estavam quase, quase mesmo, a saber viver sem comer… morreram.

Manuel Homem disse ainda que, além do Projecto “Angola Online”, existem outros, com destaque para “Andando com as TIC”, que permitiu, igualmente, melhorar os índices de acesso às tecnologias de informação e comunicação nas zonas mais recônditas do país.

O então ministro garantiu, igualmente, estarem criados os programas e plataformas tecnológicas em todos os departamentos ministeriais e instituições públicas para a realização de reuniões e outros encontros de trabalho.

“Estão criadas as condições para assegurar que os serviços públicos continuem a funcionar de forma normal”, disse.

Por outro, reconheceu a necessidade de se continuar a imprimir esforços para garantir que mais serviços possam surgir com o ambiente digital, de maneira a garantir que os cidadãos, em casa, com ou sem Covid-19, continuem a realizar contacto com a administração pública de forma mais célere e segura.

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