EM PORTUGAL HÁ MAIS JOVENS A COMPRAR LIVROS

O mercado livreiro português representou 187 milhões de euros em 2023, com um aumento de 7% nas vendas face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado hoje pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). O estudo, feito pela Nielsen/GFK para a APEL é sobre o mercado do livro e sobre os hábitos de compra e de leitura dos portugueses.

Segundo os destaques da APEL, houve uma ligeira subida na percentagem de portugueses que compraram livros em 2023, passando de 62% para 65%.

A maior mudança registada foi “no perfil dos compradores, tendo em conta que a faixa etária dos 25 aos 34 anos passou a ser a que mais compra (76%) e que a faixa etária dos 15 aos 24 foi a que respondeu ter comprado mais livros do que em 2022, com 41% do total dos inquiridos”, refere a APEL, em comunicado.

Há ainda a ter em conta que sete em cada 10 portugueses (73%) disseram ter hábitos de leitura e que lêem, em média, 5,6 livros por ano.

“O papel continua a ser o formato preferido de 93% dos portugueses para ler, mas 17% refere que lê livros em formato digital”, indica a APEL.

Sem especificar o total de respostas, o estudo refere que a maioria dos inquiridos (61%) prefere comprar romances, seguindo-se o policial, romance histórico e infanto-juvenil.

“Parece que finalmente estamos a adquirir hábitos de leitura e que mais pessoas estão a abrir portas a novos mundos e ideias, em especial nos mais novos, e isso advém da preocupação dos pais e cuidadores em envolvê-los na experiência da leitura e da compra do livro”, afirmou o presidente da APEL, Pedro Sobral, em nota de imprensa.

O encontro internacional Book 2.0, em Lisboa, que pretende pôr editores, empresários e psicólogos a debater o futuro dos livros, cumpre a segunda edição entre hoje e sexta-feira no Museu do Oriente, em Lisboa.

De acordo com o programa ‘online’, os protagonistas destes debates serão escritores, sobretudo autores ‘best-sellers’, mas principalmente directores e presidentes de empresas, psicólogos, oradores e editores, nacionais e internacionais.

O Book 2.0 vai decorrer em complementaridade com a Festa do Livro de Belém e com o alto patrocínio da Presidência da República, pelo que Marcelo Rebelo de Sousa fará hoje o discurso de encerramento do primeiro dia.

Hoje haverá, por exemplo, um debate sobre a importância das bibliotecas públicas municipais, com responsáveis da área editorial, da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e da rede das bibliotecas municipais de Lisboa.

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, e o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Alexandre Homem Cristo, vão debater a “intersecção entre a cultura e a educação”, está prevista ainda a gravação ao vivo do ‘podcast’ “Porque Sim Não é Resposta”, com Eduardo Sá e Judite França, e uma conversa entre o escritor brasileiro vencedor do Prémio Saramago Rafael Gallo e a escritora especialista em biblioterapia, Sandra Barão Nobre.

O segundo dia do evento, na sexta-feira, começa com psicólogos, analistas, jornalistas e empresários a debater temas como as emoções, a felicidade e a educação.

UNS DIZEM QUE FAZEM, OUTROS FAZEM

A título de exemplo, em Portugal existe um projecto editorial independente com uma editora, Perfil Criativo – Edições, vocacionada para o mercado europeu, e em Angola a Alende – Edições, em instalação.

Vejamos alguns dos autores da Perfil Criativo que representam o melhor de Angola, Cabo Verde, Portugal e São Tomé e Príncipe:

Álvaro Henriques do Vale | André Novais de Paula | André Zeferino | António Feijó Júnior | António Santos Gomes | Armindo Laureano | Bernardino Luacute | Carlos Mariano Manuel | Clément Mulewu Munuma Yôk | Eugénio Inocêncio (Dududa) | Fernando da Glória Dias | Fenando Kawendimba | Filipe Zau | Filomena Barata | Filomeno Pascoal | Fragata de Morais | Francisco Van-Dúnem “Vadiago” | Frederico Carvalho | Gemma Almagro | Gociante Patissa | Hélder Simbad | Hugo Henriques | Igor de Jesus | Jaime de Sousa Araújo | J.A.S. Lopito Feijóo K. | João Ngola Trindade | João Rodrigues | Job Sipitali | Jonuel Gonçalves | José Bento Duarte | José Paquete d’Alva Teixeira | JRicardo Rodrigues | Kalunga | Karen Pacheco | Kiavanda Felix | Lina Paula Pinto | Lívio Honório | Lobitino Almeida N’gola | Luis Philippe Jorge | Mafrano | Márcio Roberto | Maria Manuela Rocha | Marco Gouveia | Marcolino Moco | Mário de Carvalho | Miguel Neto (Nível) | Milanda | Nazário Muhongo | Orlando Castro | Paulino Maria Baiona | Patrício Wanderley Quingongo | Paulo Faustino | Sandra Poulson | Sebastião Ló | Sedrick de Carvalho | Shafu Duchaque | Tomás Lima Coelho | Tony João | Ventura de Azevedo | Victor Torres | Virgínia Coutinho | Wilton Fonseca | Wylsony dos Santos | Xavier de Figueiredo.

A este propósito é relevante, obrigatório, recordar a Obra de Tomás Lima Coelho e Sedrick de Carvalho “Autores e Escritores de Angola (1642-2022)”, um trabalho exemplar que colocou Angola como o primeiro dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa a possuir um acervo desta natureza.

“Quando em 2016, ano em que foi apresentado pela primeira vez o meu livro “Autores e Escritores de Angola (1642-2015)”, queria dar o trabalho por concluído, houve alguma insistência por parte da editora e de alguns amigos para continuar e acedi prolongar as pesquisas e recolha por mais dois anos”, recorda o escritor angolano Tomás Lima Coelho, explicando que, “assim, recolhidos em 2016 e 2017, irão juntar-se à nova edição do livro mais 445 novos nomes e respectivas obras, e mais algumas centenas de livros publicados neste período por autores e escritores já referenciados na primeira edição: ficarão assim listados 2.225 autores e escritores”.

Tomás Lima Coelho salientou que “obviamente também aproveitei para limar e corrigir alguns erros e imprecisões que constam da primeira edição, ao que se junta o facto de ter conseguido ainda obter bastantes fotografias e outros dados bio-bibliográficos que nela faltavam”.

Com a modéstia típica dos que fazem História, Tomás Lima Coelho diz esperar “ter contribuído, ainda que de forma modesta, para a preservação da memória de tudo o que foi produzido em livro por angolanos desde o longínquo ano de 1642 até ao final de 2022” (na mais actual versão, reconhecendo, todavia, que poderá dar-se o caso de haver nomes e obras que possam ter escapado à minha pesquisa”.

Em matéria de agradecimentos, Tomás Lima Coelho fá-los a “Manuel Secca Ruivo, o primeiro amigo a acompanhar os meus passos e a quem muito devo, à Editora Perfil Criativo, na pessoa do João Ricardo, que acreditou em mim e no meu trabalho, ao Armindo Laureano pelo inexcedível acompanhamento que fez e que permitiu que o meu trabalho chegasse a Angola, à família que aturou as minhas ausências diárias, e aos muitos amigos e amigas que, generosamente, me foram ajudando a completar a obra fornecendo títulos, fotografias, datas e locais de nascimento dos autores e outros detalhes. Um agradecimento muito especial à Maria Vieira, por tudo”.

“Este trabalho é obra de quase uma década de pesquisas diárias, feitas com muita paciência e persistência, muitas vezes incomodando amigos para chegar a outros”, recorda Tomás Lima Coelho a propósito desta obra.

Foto: Feira do Livro do Porto. Orlando Castro, Armindo Laureano, Sedrick de Carvalho, Tomás Lima Coelho e João Ricardo.

Folha 8 com Lusa

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