O Executivo (do MPLA há 49 anos) vai apoiar o sector avícola e agro-pecuário com 20 mil toneladas de milho e soja, através da reserva do Entreposto Aduaneiro de Angola (EAA), até ao final do corrente ano, para salvaguardar a produção de carne de frango em Angola. Viva, gritaram bem alto os 20 milhões de pobres.
A garantia é do ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, em declarações à imprensa no final da reunião com a Associação dos Avicultores de Angola (ANAVI) e representantes da Associação Agro-Pecuária de Angola (AAPA), realizada na Fazenda Filomena, localizada no Panguila, província do Bengo.
Segundo o governante, o encontro visou aproximar os produtores, depois de identificada, na primeira reunião, realizada recentemente em Luanda, que a produção de milho e de soja tinha um impacto muito grande sobre o custo da ração animal. Quem diria? Não fosse o ministro Massano e todos ficaríamos a pensar que o custo da ração animal estava dependente da produção de loengos e maracujás…
Devido ao défice que se regista na produção desses grãos, acrescentou, o entreposto passará a reservar estes produtos, para que quando ocorrer uma quebra na oferta poder intervir e garantir a estabilidade dos preços, sem pôr em causa o que os produtores podem fazer. A erudição do ministro aproxima-se muito da do general João Lourenço.
A este propósito, o ministro de Estado anunciou a criação de um observatório para acompanhar a implementação desta e outras medidas, em que os ministérios da Agricultura e Florestas, Indústria e Comércio e as duas associações teriam um espaço regular, para o devido acompanhamento dessas medidas, medir o seu impacto e fazer-se as correcções em tempo útil.
As associações de avicultores e de produtores agro-pecuários chegaram a um entendimento, e será criada uma parceria para que, com os preços estabilizados, se garanta uma oferta regular e previsibilidade da produção de ração e segurança aos produtores de carne de frango.
Na reunião foi acordado também que, com os mecanismos de apoio ao financiamento à produção nacional, serão disponibilizadas linhas de crédito específicas para a produção de frango em Angola.
O ministro de Estado manifestou, por outro lado, a sua satisfação por constatar que existem pessoas “muito interessadas, dedicadas, conhecedoras e motivadas para fazer acontecer” (que, provavelmente, são todas do MPLA), tendo reconhecido o trabalho que a Fazenda Filomena tem estado a desenvolver, assim como todos os produtores do país.
José de Lima Massano realçou que, depois de visitar a fazenda, sai convencido de que o país está a dar os passos no caminho certo. É assim há 49 anos. Quando será que o ministro visita uma fazenda onde as couves sejam (como faziam os portugueses) plantadas com a raiz para baixo?
Por sua vez, o presidente da Associação Agro-Pecuária de Angola (AAPA), Vanderlei Ribeiro, destacou o facto de a reunião entre as associações e o Governo “unir esforços por uma causa comum”.
Vanderlei Ribeiro frisou que as dificuldades sentidas a nível do sector avícola para a produção de carne de frango estão relacionadas com a produção de matéria-prima para avicultura, nomeadamente o milho e a soja, e que era preciso as duas associações olharem para o problema de forma mais clara.
Neste sentido, disse, a AAPA, em particular, enquanto representante dos produtores de média e larga escala de grãos, apresentou propostas de como se pode tornar mais barato o acesso à matéria-prima, porque a dificuldade de ração a bom preço prende-se com o custo de produção.
MANGUEIRA PRODUZ… TOMATES
O governo do Namibe pretende nos próximos dois anos aumentar a sua influência na produção e comercialização do tomate, que actualmente corresponde a 60 por cento da safra nacional, prometeu no passado dia 19 de Maio, o governador Archer Mangueira. Como se sabe, tomates é algo (ao contrário de nabos) quase inexistente na sociedade angolana.
Ao apresentar o memorando sobre o desenvolvimento económico e social da província ao Presidente João Lourenço, o governador afirmou, em português, que actualmente o Namibe já abastece o país com 60 por cento do tomate produzido nos vales locais.
“Actualmente já garantimos o fornecimento de tomate a nível nacional, mas precisamos que esta produção e comercialização sejam a preços competitivos. Para o efeito, necessitamos de fazer com que os insumos também tenham preços muito mais competitivos”, afirmou.
No Namibe, a produção do tomate é feita em grande escala no município de Moçâmedes, mais precisamente na comuna da Lucira, nos vales do rio Carajumba e Inamangando, rio Bero, assim como no Tômbwa.
Semanalmente, mais de 50 camiões carregados com 200 caixas de tomate são transportados para vários pontos comerciais como Luanda, Huíla, Benguela, Uíge, Moxico, Malange e Cunene.
Neste encontro, o governador apontou ainda alguns desafios para o sector agro-pecuário, por forma a prevenir os efeitos da seca a nível da província, com a execução de projectos de âmbito central, consubstanciados na concepção e construção de barragens de Carujamba, do Giraul e de Inamangando.
Outra aposta, segundo o governador, vai para a construção de barragens de retenção de água no vale do rio Bero e do Curoca, a recuperação e desassoreamento de 43 pequenos açudes nos municípios da Bibala e Camucuio e Virei.
Em 2017, um cidadão da Eritreia pretendeu investir 230 mil euros para criar na província de Benguela uma fazenda com 80 hectares e capacidade de produção anual de quase 2.400 toneladas de tomate, batata e feijão.
Em causa estava o projecto para a criação da empresa Himbol Agroindústria, a instalar na Canjala, município do Lobito, já aprovado pelo Ministério da Agricultura e cuja primeira fase, com uma área de 50 hectares de cultivo, deveria estar em produção no início de 2018.
O objectivo passava por produzir localmente, na província de Benguela, hortícolas e leguminosas, nomeadamente feijão, tomate e batata, criando inicialmente 16 postos de trabalho directos.
Na primeira fase, de acordo com o contrato de investimento, estava prevista uma produção total de 1.480 toneladas, que praticamente duplicaria no prazo de três anos, distribuindo-se então por 16 hectares de cultura de tomate, 32 hectares de batata e 32 de feijão.
Em Agosto do ano passado, os camponeses e pequenos agricultores no município de Icolo e Bengo, província de Luanda, passaram a contar com um programa denominado “Sexta-feira na Lavra”, de apoio e incentivo à produção agrícola, anunciou na altura o administrador local, Nelson Funete.
O programa de iniciativa da administração local, centraliza-se na visita dos campos agrícolas e contacto directo com os camponeses, para melhor compreender as suas dificuldades e canalizar as ajudas necessárias.
Segundo o responsável, após visitar um agricultor nos arredores de Catete, o objectivo do programa é incentivar os camponeses a continuarem a trabalhar e aumentar os níveis de produção no município de Icolo e Bengo.
Na ocasião, Nelson Funete participou da colheita de 300 caixas de tomates, 150 caixas de beringela e igual número de cebola.
“O esforço destes agricultores nos anima e fazem jus à nossa pretensão de transformar o Icolo e Bengo no principal celeiro da província de Luanda”, referiu.
Lembrou que para tal, a administração local deverá continuar a apoiar os agricultores, razão pela qual, entregou kits agrícolas compostos por adubo, semente, pesticida, pulverizadores, motobomba e duas motas de três rodas.
Por seu turno, o agricultor, Bartolomeu Augusto, mostrou-se feliz com a visita e pela recepção dos kits, que para ajudar na sua actividade agrícola.
O fazendeiro produz num espaço de 47 hectares e actualmente está a plantar cebola, tomate, beringela e milho, tendo como local de escoamento os mercados informais de Luanda.
O município de Icolo e Bengo, a 62 quilómetros da cidade Luanda, controla 46 cooperativas agro-pecuárias, integradas por três mil e 800 camponeses.
Por seu turno, o director do Gabinete da Agricultura, Pecuária e Pescas do Cunene, Carlos Ndanyengondunge, explicou que o período do cultivo do tomate inicia-se no mês de Abril, porque em tempo da chuva não são todas as variedades que se adaptam.
Os produtos que mais aparecem no mercado informal do Oshomukuio são a cebola e batata-doce, praticados a um preço mais acessível.
O tomate é um fruto rico em vitamina C, vitamina A, vitamina K e licopeno, que é um potente antioxidante, ajudando a manter a saúde da pele, fortalecer o sistema imunológico e evitar doenças cardiovasculares, como infarto e aterosclerose.
Actualmente o Cunene conta com 100 cooperativas e associações agrícolas, que produzem o tomate, cebola e couve, entre outras verduras, sobretudo nas localidades de Calueque, Ondjiva e ao longo do canal do Cafu.